Lá pelos idos dos anos 90 a Índia não contava com garotos-propaganda de peso como o Oscar e novela das oito (ou seria das nove?) da Globo, que hoje a mostram para o Brasil e o mundo como um lugar, no mínimo, insitigante. Mesmo assim, o país asiático já podia ser visto através de manifestações culturais disponíveis para os interessados.
Falo especificamente de duas bandas surgidas naquela década que me vieram à memória em razão dessa avalanche indiana dos últimos meses: Asian Dub Foundation e Cornershop. Os integrantes de ambos os grupos nasceram e cresceram em Londres, mas são todos filhos de imigrantes de origem indiana, característica determinante para a construção de sua identidade musical.
O Asian Dub Foundation foi formado em 1993. A banda alia sonoridade que mescla eletrônica, rap e música indiana a letras que chamam atenção para as tensões religiosas e políticas existentes na Índia e o preconceito sofrido pelos imigrantes deste país na Europa. Veio ao Brasil em 2001, quando tocou no festival recifense Abril Pro Rock. Lançou o último disco, "Punkara", no ano passado, e atualmente está em turnê.
O Cornershop nasceu em 1992 e já traz no nome uma referência (não tão confortável) sobre sua origem: corner shop é como as lojas dos imigrantes indianos são pejorativamente conhecidas em Londres. Assim como o ADF, a banda também combina instrumentos e sons da música indiana às canções, mas com ritmos mais próximos do pop britânico. Atualmente, o grupo prepara o lançamento de um novo single, "The Roll Off Characteristsics (Of History In The Making)".
Nem só pobre, como em "Quem quer ser um milionário", nem só secular como em "Caminho das Índias", nem só política como mostra o Asian Dub Foundation e nem só globalizada como indica o Cornershop. Não é de hoje, a Índia é isso tudo ao mesmo tempo e muito mais do que a gente "do lado de cá" do mundo consegue enxergar.
12 de abr. de 2009
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