28 de mai. de 2009
A picaretagem é pop
Já está virando clichê no mundo da música o retorno de bandas com atividades encerradas. Considerando só este ano, a lista da "volta dos que não foram" é longa e variada. Vejamos: começando lá atrás, na década de 60, temos os Kinks representado os tempos áureos do rock. Dos anos 80 volta o Roxette e suas baladas de FM. Faith no More, Blur e Sugar Ray formam o time dos anos 90. Da virada da década, voltam Blink 182, Limp Bizkit, Creed e Jenifer Love Hewit, cantora-atriz de verões passados. Até o Libertines, cria dos anos 2000 e que mal teve tempo de terminar - pelo menos comparando com as outras bandas citadas - diz também que vai voltar.
Mas se fosse só clichê ainda estava bom. O problema é que a prática já está tomando o caminho da picaretagem também. É feito o maior alarde em cima do retorno de um determinado grupo, ele faz uns showzinhos básicos, coloca um dinheirinho no bolso para garantir a aposentadoria e ponto final. Fogo de palha puro. Relembre alguns casos e veja se essas bandas não poderiam fazer parte do catálogo da gravadora fictícia da imagem acima (se elas gravassem discos, claro):
Spice Girls
Terminou em: 2001
Voltou em: 2007
Resultado: depois de pouco mais de dois meses em turnê, o grupo cancelou o restante dos shows alegando motivos familiares. Fãs da Argentina, China, Austrália e África do Sul - países onde as Spice Girls tinham shows previstos - ficaram chupando dedo.
The Police
Terminou em: 1985
Voltou em: 2007
Resultado: fez turnê mundial que durou pouco mais de um ano, entre 2007 e 2008 e nada mais. Os shows de 2007 garantiram à banda a turnê mais rentável naquele ano, com o faturamento de U$131,9 milhões, quase o dobro do segundo colocado, o cantor country Kenny Chesney.
Led Zeppelin
Terminou em: 1980
Voltou em: 2007
Resultado: fez apresentação única em dezembro de 2007. Em janeiro deste ano, o empresário de Jimmy Page disse à rádio BBC que a banda voltaria pra valer, com disco novo e tudo. Dois dias depois, desmentiu tudo.
Smashing Pumpkins
Terminou em: 2000
Voltou em: 2007
Resultado: fez shows e lançou um disco, Zeitgeist. No momento, procura um novo baterista e não tem datas de shows marcadas.
Saldo: de quatro bandas que retornaram, três "acabaram de novo" e uma está, digamos, mais ou menos na ativa. Maravilha! Se é possível aprender alguma coisa com o passado, temos uma lição.
Para terminar e refletir
Em 1996, quando essa história de voltar à ativa não era um fenômeno, os Sex Pistols fizeram uma turnê de reunião. Batizaram-na de "Filthy Lucre" - Lucro Imundo. Foram achincalhados, acusados de trair o movimento punk. Só esqueceram de dizer que eles foram sinceros.
20 de mai. de 2009
Encurralada
Nos últimos meses, a indústria fonográfica e as "forças" que atuam a favor dela conseguiram uma série de vitórias significativas na batalha contra o seu inimigo número 1, o fã de música que compartilha música na rede. Relembrando:
16/03 - A comunidade do Orkut "Discografias" é fechada por pressões da APCM, a Associação Antipiratria de Cinema e Música
17/03 - A justiça Sueca condena os responsáveis pelo Pirate Bay a um ano de prisão.
13/05 - A França aprova lei que vai suspender o acesso à internet de quem fizer download ilegal
Enquanto isso - na verdade, num espaço de tempo muito menor - o "proletariado" dessa indústria, os músicos, dão continuidade a uma revolta cujo ápice foi o lançamento de In Rainbows, do Radiohead, em outubro de 2007 (a banda disponibilizou o disco para download na internet e deixou que os fãs definissem o preço a pagar pelo trabalho). Veja só as notícias com as quais me deparei nos últimos dias:
28/04 - The Gossip libera single na internet
01/05 - Dinossaur Jr. dá música na internet
01/05 - Coldplay distribuirá disco gratuito na internet e em concertos de 2009
07/05 - Green Day disponibiliza faixas do novo álbum na internet
09/05 - Novo disco do Móveis Coloniais de Acaju tem download gratuito
17/05 - Paul Banks, do Interpol, dá faixa na internet
18/05 - Modest Mouse libera duas faixas novas na rede
Conclusão: além de comprar briga com quem mais deveria agradar (o fã), a indústria ainda é desafiada pela atitude de artistas que entendem a nova forma de acesso à música. Em outras palavras, ela anda mal das pernas na relação com os empregados e com os clientes. Não há negócio que sobreviva desse jeito. Mesmo assim, ela ainda insiste em remar contra a maré. Quero ver até quando.
PS 1 - O Orkut já registra três comunidades com o nome "Discografias - O Retorno" que somam quase 250 mil usuários.
PS 2 - O Partido Pirata sueco, que defende a legalização da troca de arquivos pela internet, dobrou de tamanho depois da decisão judicial contra os donos do Pirate Bay e tem chances de conseguir uma cadeira no Parlamento Europeu.
PS 3 - A oposição francesa entrou com recurso no Conselho Constitucional contra a lei que pune internautas por baixarem arquivos alegando inconstitucionalidade.
PS 4 - Para quem gosta da polêmica que envolve o assunto, vale a pena acompanhar a série de entrevistas que o repórter e sub-editor da Carta Capital, Pedro Alexandre Sanches, publicou em seu blog com gente que defende cada um dos vários pontos da questão.
Nota: Pedro Alexandre anunciou em seu blog na última sexta (22) que não faz mais parte da equipe da Carta Capital desde quarta-feira (20). Uma pena. Seus textos vão fazer falta à revista. Que ele não demore a dar as caras no jornalismo.
16/03 - A comunidade do Orkut "Discografias" é fechada por pressões da APCM, a Associação Antipiratria de Cinema e Música
17/03 - A justiça Sueca condena os responsáveis pelo Pirate Bay a um ano de prisão.
13/05 - A França aprova lei que vai suspender o acesso à internet de quem fizer download ilegal
Enquanto isso - na verdade, num espaço de tempo muito menor - o "proletariado" dessa indústria, os músicos, dão continuidade a uma revolta cujo ápice foi o lançamento de In Rainbows, do Radiohead, em outubro de 2007 (a banda disponibilizou o disco para download na internet e deixou que os fãs definissem o preço a pagar pelo trabalho). Veja só as notícias com as quais me deparei nos últimos dias:
28/04 - The Gossip libera single na internet
01/05 - Dinossaur Jr. dá música na internet
01/05 - Coldplay distribuirá disco gratuito na internet e em concertos de 2009
07/05 - Green Day disponibiliza faixas do novo álbum na internet
09/05 - Novo disco do Móveis Coloniais de Acaju tem download gratuito
17/05 - Paul Banks, do Interpol, dá faixa na internet
18/05 - Modest Mouse libera duas faixas novas na rede
Conclusão: além de comprar briga com quem mais deveria agradar (o fã), a indústria ainda é desafiada pela atitude de artistas que entendem a nova forma de acesso à música. Em outras palavras, ela anda mal das pernas na relação com os empregados e com os clientes. Não há negócio que sobreviva desse jeito. Mesmo assim, ela ainda insiste em remar contra a maré. Quero ver até quando.
PS 1 - O Orkut já registra três comunidades com o nome "Discografias - O Retorno" que somam quase 250 mil usuários.
PS 2 - O Partido Pirata sueco, que defende a legalização da troca de arquivos pela internet, dobrou de tamanho depois da decisão judicial contra os donos do Pirate Bay e tem chances de conseguir uma cadeira no Parlamento Europeu.
PS 3 - A oposição francesa entrou com recurso no Conselho Constitucional contra a lei que pune internautas por baixarem arquivos alegando inconstitucionalidade.
PS 4 - Para quem gosta da polêmica que envolve o assunto, vale a pena acompanhar a série de entrevistas que o repórter e sub-editor da Carta Capital, Pedro Alexandre Sanches, publicou em seu blog com gente que defende cada um dos vários pontos da questão.
Nota: Pedro Alexandre anunciou em seu blog na última sexta (22) que não faz mais parte da equipe da Carta Capital desde quarta-feira (20). Uma pena. Seus textos vão fazer falta à revista. Que ele não demore a dar as caras no jornalismo.
18 de mai. de 2009
18 de maio: Ian Curtis
Em 18 de maio de 1980, o rock acumulava mais uma tragédia para a sua história. Ian Curtis, vocalista dos ingleses do Joy Division, se enforcou em sua própria casa, meses antes de completar 24 anos. Ian não deixou nada que explicasse o motivo do suicídio, mas especula-se que ele tenha sido motivado por uma depressão, desencadeada pelo uso de drogas, epilepsia e o rompimento com sua esposa. Um paradoxo, para quem integrava uma banda que trazia "alegria" no nome. Diga-se de passgem, o paradoxo serve para o próprio grupo, cuja sonoridade era introspectiva e sombria. No vídeo abaixo, uma amostra disso, já na primeira apresentação da banda na TV, em 1978, com "Shadowplay".
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