13 de set. de 2010

O que tem que ser, será

Crédito: Gualter Naves
"Everything is Everything
Everything is everything
What is meant to be, will be
After winter, must come spring
Change, it comes eventually


O que tornou Lauryn interessante, lá em meados dos anos 90, foi combinar a beleza e o poder vocal historicamente característico de grandes cantoras negras da música americana com a postura de palco e a capacidade rítmica dos MCs, em um universo predominantemente masculino e sexista. Com a voz bem menos encorpada que quando jovem, como muita gente já havia destacado a respeito das outras apresentações que fez no Brasil, no show aqui em BH, na última sexta (10), a cantora não conseguiu manter o nível do primeiro elemento da combinação de seu sucesso, cujo auge foi em 1998, com o seu único disco de estúdio "The Miseducation of Lauryn Hill". Mas não deixou nada a dever no segundo quesito.

Movimentando-se muito no pouco espaço que lhe sobrava no palco (dois guitarristas, baixista, baterista, DJ e duas backing vocals e tecladista, a "crew" da cantora, lotaram o palco), interpelando a banda e o público, e improvisando, Lauryn, ausente dos palcos e do showbiz há anos, lembrou quem estava no Chevrolet Hall porque ela saiu tão facilmente do papel de coadjuvante nos Fugges e se revelou como uma das grandes promessas do hip hop.

Como sabemos, sua condição feminina, que tornava tudo isso ainda mais singular e significativo, foi, ao mesmo tempo, o que impediu que essa promessa se concretizasse. Lauryn abdicou do trabalho para se dedicar ao filho Zion (hoje ele tem mais quatro irmãos), numa atitude que, provavelmente, muitas mulheres na mesma situação já se sentiram impelidas a tomar - ou culpadas por não tomar ou por não poder fazê-lo.

O quanto Lauryn se sente artística e pessoalmente satisfeita com essa decisão, só ela sabe. Quanto ao público, acho que deixamos de ganhar muito nesses anos todos em que Lauryn não produziu nada. Mas, ao mesmo, a julgar pelo show, não perdemos o que ela já tinha nos dado quando mais jovem, apesar das mudanças na voz e na imagem - da mocinha estilosa para a mãezona vestida em uma bata. Num universo como o do hip hop americano, que ainda insiste em colocar as mulheres apenas como objeto dos "pimps", já é muita coisa.

Curtas

O baixista tocou o show inteiro com uma mochila nas costas. Oi?

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O público presente era uma fauna humana: gente do hip hop, do reggae, cults, patricinhas, playboys. Lauryn agrada, mesmo.

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Os engenheiros de som vacilaram no início do show e permitiram que a microfonia desse as caras nas primeiras músicas.

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As primeiras músicas do show ganharam uma roupagem mais rock 'n' roll, com direito até a solo de guitarra em X-Factor. Não ficou ruim, mas o que Lauryn sabe fazer é hip hop.

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Assim como nas outras apresentações pelo pais, Lauryn demorou para subir no palco. Aqui, mais precisamente, ela atrasou 1h20min. Conforme apurou a colega de redação Soraya Belusi, o atraso se deveu à dificuldade na hora de escolher o figurino. Ok, Lauryn. Te entendo!

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No YouTube há trechos do show da cantora aqui em BH.

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