No último sábado (11), Otto lançou em BH seu disco "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos". Conversei com o cantor sobre o show nesta matéria para o Pampulha e, logo abaixo, reproduzo a entrevista na íntegra, na qual tratamos de outros assuntos, relacionados à repercussão de seu último disco. Como vocês vão ver, Otto é puro otimismo e felicidade com sua condição de artista independente que consegue circular por ambientes mais atrelados ao mainstream.
Seu último disco, "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos", foi apontado como sendo mais dramático, mais triste, em comparação com outros trabalhos seus. Você concorda com essas avaliações?
Ele é um disco bem melancólico, bem forte, mas é um disco pra frente, é uma coisa bem pura do ser humano. É muito mais uma esperança do que essa coisa da tristeza.
Você está com duas músicas em trilhas de novelas. "Crua", em "Passione", da Globo, e "Naquela Mesa" [Regravação de Sérgio Bittencourt], na Record. Você percebe alguma diferença na recepção do seu trabalho tendo músicas nas novelas?
Essa coisa do cabeça, do cult, do alternativo, do underground, está mudando. Eu achava, Desde o primeiro disco, eu achava que ninguém ia cantar e hoje todo mundo canta desde a primeira música do show. É uma vitória, porque é uma música inovadora, contemporânea e o resultado é que hoje, com 42, estou mais forte. Eu consigo ter um público forte, a música está mudando e eu venho evoluindo. Sou um comunicador, nasci para o palco, para o público.
Você concorre no VMB aos prêmios de Artista do Ano, Show do Ano e MPB. Que nível de importância você dá para essas premiações?
Todo mundo que é indicado por um veículo de comunicação é sempre bom. No meu caso, já ganhei revelação com o primeiro disco e agora estou nuns prêmios cascudos. Pra mim, que fiz esse disco independente, estar nessas categorias de gravadoras é uma vitória. Eu sou um azarão, o sonho americano. Americano, não, o sonho brasileiro! (risos). Eu sou um cara que vê contemporaneidade na minha cultura, que trabalha com a língua portuguesa. Quando você vê que uma pessoa dessas pode, é uma vitória. É bom até pro pego. Eu gosto de estar presente, não fiquei naquela de alternativo. Os prêmios estão mudando, a política está mudando. Não fiz política para participar de novela porque nem tinha gravadora. Foi a música que venceu.
Como vê esse seu enquadramento na categoria MPB?
Quando fui revelação na MTV [Otto ganhou o prêmio de artista revelação no VMB 1999], concorri com Maurício Manieri, Vinny e Pepê e Nenem. Eles eram muito rádio e eu ganhei. Ali já começou a mudar alguma coisa. Estava mostrando que é possível eu estar entre grandes artistas. Era tudo gravadora e eu vim com um disco louco, uma música louca e fiquei. O Samba pra Burro é um divisor de águas. Hoje, eu vejo que na MPB eu estou concorrendo com o Lucas Santana, o Diogo Nogueira, a Céu. Todo mundo novo, uma geração nova. Já competi com o Frejat e agora, quando olho para o lado, tem todos os meus amigos sendo premiados. É uma mudança e a MTV é boa como casa de música, foi um lugar que sempre abrigou a minha música. É uma alegria melhor ainda tocar ao vivo lá, que era meu sonho [Otto faz show no Vídeo Music Brasil, na próxima quinta, 16].
Você levou seis anos entre um disco de inéditas ("Sem Gravidade", 2003) e outro ("Certa Manhã"...). Já faz um ano desde o lançamento do “Certa noite...”. Acha que vai levar tanto tempo para lançar o próximo?
No final do ano quero começar a preparar. Ele vai sair no dia 11/11/2011 e vai se chamar "The Moon 1111". A data é porque tem um portal que se abre no dia 11/11. Tem a ver com os dígitos, eu não sei bem explicar, mas eu vejo esse disco como se fosse um portal meu, como se eu fosse abrir. Ele tem a ver com Truffaut, é espacial, tem que ir pro espaço.
Já tem algum material?
Tem umas burilações, umas coisas pequenas, mas eu vou fazer na hora. Tem a ver com Fahrenheit 451, do Truffaut. Tem que fazer na hora porque já queimaram a escrita. Está tudo na memória, como em Fahrenheit.
Pretende lançar esse novo disco indepente, como aconteceu com o trabalho atual?
Eu não espero que ninguém me compre. Quero fazer o meu trabalho e mostrá-lo, seja na internet ou onde for. De qualquer forma, há de existir público, independente de eu participar de uma gravadora. Se tiver alguém para acreditar na ideia, eu quero muito também, mas o que eu quero é fazer o meu trabalho. Construir sua máquina, trazer suas ferramentas, conceituar e fazer isso virar música. Isso é que é difícil.
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