3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

31 de jan. de 2011

Donavon fala

Crédito: Noah

Longe do mar, o californiano Donavon Frankenreiter apresenta sua surf music na próxima sexta (4), no Mix Garden, em Nova Lima. E surf music, neste caso, não se refere só ao gênero musical. O músico é praticamente uma simbiose entre a música e o surfe. "O surfe ajuda a minha música e a música ajuda o meu surfe. Quando não estou surfando, estou tocando, e quando estou tocando, mal posso esperar para voltar a pegar onda. Sempre quando estou surfando, fico cantarolando melodias", diz Donavon, mais conhecido como parceiro de composição de outro músico-surfista, o havaiano Jack Johnson.

Por aqui, ele apresenta as músicas de seu quarto disco, "Glow", que, curiosamente, apresenta doses mais sutis de surf music. "O álbum tem a batida acústica do surf music. Mas acho que cada novo disco mostra um amadurecimento do meu trabalho", avalia.

No intervalo de uma sessão de gravação em um estúdio na Califórnia, por e-mail, Donavon deu mais algumas respostas-relâmpago às perguntas desta humilde jornalista.

As músicas de “Glow” soam mais introspectivas, se comparadas com seus outros discos. Acha que esse disco tem alguma diferença em relação aos seus outros álbuns?
O álbum tem a batida acústica do surf music. Mas acho que cada novo disco mostra um amadurecimento do meu trabalho

“Glow" foi lançado no Japão dois meses antes que em todo o resto do mundo. Você tem uma relação especial com o público japonês?
O show ocorreu no The Greenroom Festival na cidade de Yokohama, importante evento de surfe. Foi maravilhoso. Foi impressionante perceber a receptividade do público do Japão com minha música.

Seu trabalho é, normalmente, associado à surf music. Você considera que faz, de fato, surf music?

O surfe e a música são duas obsessões minhas. O surfe ajuda a minha música e a música ajuda o meu surfe. Quando não estou surfando, estou tocando, e quando estou tocando, mal posso esperar para voltar a pegar onda. Sempre quando estou surfando, fico cantarolando melodias. O surfe dá vida à minha música! O surfe inspira tudo o que faço na minha vida.

O que acha de tocar numa cidade que não tem praia?
O importante é a sintonia com o público. Espero que o público da cidade esteja bem animado. Espero que todos entrem no clima e cantem comigo. A surfe music ganhou a preferência do público. Independentemente de o local ter praia ou não, é um gênero musical. E o gosto pela música não está relacionado ao local.

Você é um dos principais parceiros do Jack Johnson. Está produzindo alguma coisa com ele no momento?
Jack é um grande amigo de longas datas. É uma pessoa muito importante na minha vida. Fizemos muitas coisas juntos e eu adoro tocar com ele. Vamos sempre ter projetos juntos.

Donavon Frankenreiter
Sexta-feira (4), 22h
Mix Garden – Rua Projetada, 65, Jardim Canadá, Nova Lima
R$70 a R$140 (feminino) e R$100 a R$190 (masculino)
Informações 3011-9503

27 de jan. de 2011

Veja o filme e ouça a trilha

O site da Amazon disponibiliza trechos de todas as faixas das cinco trilhas sonoras que concorrem ao Oscar. É muito bom "sentir" o filme através da música que foi criada especialmente para ele. Clique no nome do filme para ouvir.

"Como treinar seu dragão" - John Powell

"A origem" - Hans Zimmer


"O discurso do rei" - Alexandre Desplat

"127 horas" - A.R. Rahman

"A rede social" - Trent Reznor e Atticus Ross

24 de jan. de 2011

A conta-gotas

Desde dezembro, o R.E.M está fazendo uma imensa camaradagem com os fãs, liberando com o intervalo de alguns dias, as faixas novas de seu novo disco, "Collapse Into Now". Depois de começar a boa ação com "Discoverer", no fim do ano passado, e engatar uma série de "pré-lançamentos" nas semanas seguintes, a banda engrossou a lista hoje (24) ao liberar "Überlin", acompanhada de um belo vídeo. Fazendo as contas, quase metade do disco (cinco das 12 faixas) já foi "lançado" extra-oficialmente nessa brincadeira. Se mantiverem o ritmo, Michael Stipe e companhia já terão revelado quase todo o novo trabalho quando chegar o dia 7 de março, data marcada para o lançamento do álbum.

De certa forma, é bom lembrar, o disco já teve uma espécie de lançamento: no fim de novembro, a banda divulgou um teaser com trechos de todas as faixas, condensadas em pouco mais de dois minutos. O suficente pra deixar a certeza de que o R.E.M continua com a dignidade de sempre (que o diga os poucos segundos de "Alligator Aviator Autopilot Antimatter". Será que a ouvirei por inteiro antes do dia 7/3?)

Veja a relação de faixas de "Collapse Into Now" e ouça as músicas já divulgadas:

1. Discoverer
2. All The Best
3. Uberlin
4. Oh My Heart
5. It Happened Today
6. Every Day Is Yours To Win
7. Alligator Aviator Autopilot Antimatter
8. Walk It Back
9. Mine Smell Like Honey
10. That Someone Is You
11. Me, Marlon Brando, Marlon Brando and I
12. Blue



Rem-oh-my-heart by ellora

REM - Discoverer by statemagazine

R.E.M. - It Happened Today by dinopoli

R.E.M. - Mine Smell Like Honey by MMMusic

21 de jan. de 2011

Summertime

Celebrar o verão é sempre bom. Celebrar o verão ao som de Cazuza catando "Summertime", do Gershwin, numa jam preciosa, é irresistível.



Tem também esta versão, beeem descolada, beeem Cazuza.

20 de jan. de 2011

Vivinho da Silva



A jam que os Doors gravaram em 1969 sugere que a morte do rock não é um assunto tão novo assim. De tempos em tempos, surge um burburinho decretando a morte do gênero ou clamando pela sua salvação. Decadência de determinadas vertentes, ausência de bandas mais expressivas ou inovações sonoras costumam ser a causa mortis identificada por esse tipo de discurso.

A mais recente onda de luto roqueiro, porém, segue outra teoria. Bastou a MusicWeek, revista especializada no mercado musical, divulgar relatório que mostra que em 2010 apenas 3 dos 100 singles mais vendidos eram de rock para que pipocassem artigos proclamando, mais uma vez, a morte do rock. O jornal britânico The Guardian passou a semana inteira publicando textos que discutem a passagem do rock dessa para melhor (leia aqui, aqui e aqui).

Imagino que esse pessoal passou os últimos dez anos hibernando. Perderam todo esse papo de Napster, mp3, torrent e YouTube. O fato de as pessoas não comprarem discos não significa que elas deixaram de gostar ou pararam de ouvir música - o último CD que eu comprei foi no ano 2000 (Blood Sugar Sex Magik, do Red Hot Chili Peppers, só pra constar) e, desde então, o leque de músicas e artistas só faz crescer e o rock sempre esteve incluído nisso.

Considerando que das 25 turnês mais lucrativas do ano passado, 9 delas (inclusive os três primeiros lugares) são de artistas ligados a alguma vertente do rock, o argumento de que as pessoas continuam ouvindo e gostando do gênero faz ainda mais sentido.

Talvez o rock só não seja, no momento, tão mainstream quanto já foi há algum tempo. De fato, nos últimos dois ou três anos, rádios, canais musicais e "mídia", de um modo geral, estão dominados pelo pop e pelo R&B. Mas, num mundo de distâncias encurtadas, compartilhamento, banda larga, downloads e afins, é insensato pensar que aquilo que está fora do mainstream e dos modos tradicionais de circulação de música não tem representatividade. Talvez até melhor assim. Com um pezinho meio fora do mainstream, o rock, produto da contracultura, ganha a chance de voltar o olhar para o seu lugar de origem.

Se, ainda assim , persistir a lenda que diz que o rock morreu, lembre-se de que há também a lenda que diz que Elvis não morreu, Jim Morrison também não. E se eles ainda estão vivos, inevitavelmente o rock também está.

19 de jan. de 2011

Босса нова


Tomando emprestado o alfabeto cirílico, o título deste post significa "bossa nova" em russo. É que nas minhas andanças pela internet, acabei descobrindo, via El País, que os russos, no auge da Guerra Fria e na defesa do comunismo, se aventuraram pela burguesa música de apartamento gestada no ensolarado Rio de Janeiro.

Parte desse trabalho, produzido nas décadas de 60 e 70, está nas coletâneas intituladas "Bossa Nova - A música mais maravilhosa da URSS", cujo um dos quatro discos (na imagem acima, a quarta capa, abaixo, à direita) pode ser baixado aqui. Em sua maior parte instrumentais, as faixas, em seu cojunto, acabam pendendo mais para o jazz, um dos pais do gênero de João Gilberto e Tom Jobim (presente no disco por intermédio de uma regravação de "Insensatez). A exceção fica por conta das faixas que abrem o disco, que conservam um pouco do balanço que dá o toque de brasilidade que permite nacionalizar o estilo. Quando há vocal, a interpretação passa longe do sussurro minimalista pregado pelos bossanovistas, ficando, às vezes, mais próxima dos excessos da música romântica.

A bossa nova à moda russa também troca o clima de "dia de luz/festa de sol/macio azul do mar" por "Outono chuvoso", "Triste chuva" e "Neva", títulos de algumas faixas, segundo me informa o tradutor do Google. Ainda de acordo com o tradutor, os russos classificam a bossa nova como "easy listening", música para entreter e relaxar, bem diferente da aura de erudição com a qual o gênero é revestido por aqui.

Para comparar ou só conhecer, baixe aqui.

12 de jan. de 2011

Qual o seu nível de musicalidade?

O quanto você é entusiasmado com música? E de que forma ela afeta seu humor e seus sentimentos? A quantas anda sua percepção musical? E qual o seu potencial criativo quando o assunto é música? O divertidíssimo teste How musical are you, do Lab UK, um site de pesquisas científicas da BBC, te ajuda a descobrir.

Depois de algumas (muitas) perguntas e umas brincadeiras ótimas, como identificar diferenças em melodias de variados gêneros musicais, tive a prova científica de algumas certezas que já havia construído no que diz respeito à minha relação com a música. Não me surpreendeu, por exemplo, a constatação de que meu entusiasmo por música atinge 100% (!!!), e que chega a 99% a capacidade que uma composição tem de influenciar o que eu sinto. Já os meus 50% de percepção musical e de criatividade reforçaram um desejo que sempre tive: compreender, ainda que minimamente, um pouco de teoria musical.

Faça o teste (em inglês): www.bbc.co.uk/labuk/experiments/musicality

11 de jan. de 2011

Mais uma na lista

A Globo estreia hoje, logo após o BBB, a microssérie "Amor em 4 atos", que transforma em teledramaturgia cinco composições de Chico Buarque: "Mil perdões", "Folhetim", "As Vitrines", "Ela faz cinema" e "Construção" (essas duas últimas combinadas em um mesmo episódio).

Eu, se tivesse a capacidade necessária, roteirizava "Você vai me seguir". Com uma atmosfera bem Nelson Rodrigues, a letra narra um amor doentio com desfecho trágico, o que daria um ótimo episódio "primo" da série "A vida como ela é", exibida pela mesma Globo nos anos 90, que adaptava textos de Nelson.



Você vai me seguir aonde quer que eu vá

Você vai me servir, você vai se curvar

Você vai resistir, mas vai se acostumar
Você vai me agredir, você vai me adorar

Você vai me sorrir, você vai se enfeitar
E vem me seduzir, me possuir, me infernizar
Você vai me trair, você vem me beijar
Você vai me cegar e eu vou consentir
Você vai conseguir enfim me apunhalar
Você vai me velar, chorar, vai me cobrir

E me ninar

7 de jan. de 2011

Original, retrô e melhor

Que tal trocar aquela que toca no rádio toda hora por essa aqui?

5 de jan. de 2011

Ver x Registrar

Cartum do caderno Ilustríssima, da Folha, de 19/12/10

Não me esqueço de um senhor que estava na minha frente no show do Paul. Em um setor do estádio cujo ingresso custou R$600, lá estava ele, durante as três horas de apresentação: braços esticados, câmera apoiada entre as mãos, gravando tudo. Mas, tenho certeza, ele não viu nada. E não viveu nada.

Ficou o registro tremido e o áudio abafado do show, igual a tantos outros que abundam no YouTube, e passou em branco a oportunidade de viver a experiência única de estar lá e ver, literalmente, com os próprios olhos (e não através do pequeno visor da câmera, com o olhar preocupado em acertar o enquadramento), o que se passava no palco. Afinal, em um show que é idêntico em todo e qualquer canto do mundo, o que faz ele ser diferente e especial é justamente sua presença e envolvimento.

Junto com este senhor, são milhares que, show após show, se deixam acometer por essa síndrome da fotografia-mania e da filmagem-mania. Cuidado. No afã de fazer o registro, você congela o momento, mas perde o calor do instante.

3 de jan. de 2011

Doc

A MTV exibe durante toda esta semana, sempre às 23h30, documentários musicais, com temas que vão do retorno do Pixies aos palcos em 2004 ao improviso em gêneros populares da música brasileira, como a embolada.

Que esta programação especial, logo na primeira semana do ano, seja o indício de que, em 2011, a MTV vai tratar a música de uma forma mais cuidadosa, não se limitando a passar clipes a esmo ao longo do dia.

Veja a sinopse dos documentários:

03/01 (segunda) – Pixies: Loud Quiet Loud
O filme mostra como foi a volta dos Pixies em 2004. Uma visão interna sobre a banda, a relação deles com a família, fãs, entre eles próprios e o resultado disso tudo quando a banda sobe ao palco.

04/01 (terça) – Favela No Ar
Favela no Ar retrata, na lata, o despertar do jovem pobre paulistano para a consciência social. É o capítulo paulistano da história cultural do respeitado rap nacional na voz de seus principais expoentes: Dexter, Afro-X, Sabotage, KL Jay, Xis, Helião, Sandrão, Negra Li, DJ CIA.

05/01 (quarta) – Kinks: You Really Got Me
O programa mostra cenas históricas e depoimentos marcantes dessa banda, um dos principais nomes da música inglesa na década de 60. É uma retrospectiva de toda a carreira da banda com muitas músicas para conhecer ou relembrar.

06/01 (quinta) – Midnight Cowboys: Database nos EUA
Quem nunca pensou em montar um projeto musical e ter a chance de rodar os Estados Unidos para fazer música? O Database, indicado nos dois últimos VMBs na categoria de Música Eletrônica teve essa chance. A audiência confere como foi essa turnê nesse documentário com 1 hora de duração.

07/01 (sexta) - Versificando
O documentário Versificando busca captar as origens, formas e sentidos do verso improvisado na música brasileira. Um convite para um passeio que percorre gêneros mais antigos do improviso poético no Brasil, como o Repente, a Embolada, o Jongo e o Cururu, até chegar nos mais recentes, como o Samba de Partido – Alto e o Hip Hop Freestyle.
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