20 de jan. de 2011

Vivinho da Silva



A jam que os Doors gravaram em 1969 sugere que a morte do rock não é um assunto tão novo assim. De tempos em tempos, surge um burburinho decretando a morte do gênero ou clamando pela sua salvação. Decadência de determinadas vertentes, ausência de bandas mais expressivas ou inovações sonoras costumam ser a causa mortis identificada por esse tipo de discurso.

A mais recente onda de luto roqueiro, porém, segue outra teoria. Bastou a MusicWeek, revista especializada no mercado musical, divulgar relatório que mostra que em 2010 apenas 3 dos 100 singles mais vendidos eram de rock para que pipocassem artigos proclamando, mais uma vez, a morte do rock. O jornal britânico The Guardian passou a semana inteira publicando textos que discutem a passagem do rock dessa para melhor (leia aqui, aqui e aqui).

Imagino que esse pessoal passou os últimos dez anos hibernando. Perderam todo esse papo de Napster, mp3, torrent e YouTube. O fato de as pessoas não comprarem discos não significa que elas deixaram de gostar ou pararam de ouvir música - o último CD que eu comprei foi no ano 2000 (Blood Sugar Sex Magik, do Red Hot Chili Peppers, só pra constar) e, desde então, o leque de músicas e artistas só faz crescer e o rock sempre esteve incluído nisso.

Considerando que das 25 turnês mais lucrativas do ano passado, 9 delas (inclusive os três primeiros lugares) são de artistas ligados a alguma vertente do rock, o argumento de que as pessoas continuam ouvindo e gostando do gênero faz ainda mais sentido.

Talvez o rock só não seja, no momento, tão mainstream quanto já foi há algum tempo. De fato, nos últimos dois ou três anos, rádios, canais musicais e "mídia", de um modo geral, estão dominados pelo pop e pelo R&B. Mas, num mundo de distâncias encurtadas, compartilhamento, banda larga, downloads e afins, é insensato pensar que aquilo que está fora do mainstream e dos modos tradicionais de circulação de música não tem representatividade. Talvez até melhor assim. Com um pezinho meio fora do mainstream, o rock, produto da contracultura, ganha a chance de voltar o olhar para o seu lugar de origem.

Se, ainda assim , persistir a lenda que diz que o rock morreu, lembre-se de que há também a lenda que diz que Elvis não morreu, Jim Morrison também não. E se eles ainda estão vivos, inevitavelmente o rock também está.

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