Entrou no ar ontem (6), com direito a teaser no caro intervalo do horário nobre da Globo, o Escute, portal de streaming e download de músicas da Som Livre. Com acesso pago (exceto até o próximo dia 20, período em que o público poderá usar o serviço gratuitamente), o site é mais uma tentativa da indústria fonográfica de criar uma cultura de compra de música digital, prática que representa, atualmente, 12% do faturamento do mercado musical brasileiro.
Bem ao estilo daquelas propagandas da Polishop, o Escute tenta de convencer que o negócio em questão é o melhor do mundo, negativizando de maneira exagerada aquilo que você consome normalmente:
"Mesmo depois de uma década de experiência, o consumo de música digital ainda é muito mais difícil do que deveria ser. Músicas faltando em um disco, muitas vezes sem nome, risco de infectar seu computador com vírus e pior de tudo com uma qualidade terrível. Isso não te faz perder a paciência? São complicações típicas do consumo desenfreado de conteúdo digital", argumenta o post de apresentação do site.
Oh! Como é horrível ter acesso gratuito a toda a música do mundo via internet, não é mesmo?
"Isso começa a mudar agora. O Escute veio para acabar com esses problemas e mostrar que uma nova maneira de ouvir música é possível", continua o texto, com o tradicional jeitão Tabajara de "seus problemas acabaram".
Resolvi dar um voto de confiança no serviço quando descobri que o valor da assinatura mensal varia de R$4,99 R$14,99, conforme o plano escolhido. Convenhamos, cobrar R$14,99 para fazer download ilimitado num site cujo acervo, segundo o próprio Escute, é de cerca de 1 milhão de músicas está longe de ser um abuso financeiro. Mas parou por aí minha boa vontade com o Escute.
No mesmo texto de apresentação, me deparo com o seguinte trecho: "Nesse começo problemas irão aparecer. Nossa base de música é atualizada a cada momento, ainda não temos tudo, e estamos atentos para modificações na estrutura do site".
Outro post detalha o problema: "Não achou seu artista favorito no Escute? Calma que ele vai chegar. Quando você vai dar uma festa nem todo mundo chega na hora, digitalizar catálogos inteiros de gravadoras é parecido", explica o texto, com uma desculpa constrangedora.
Com o pé atrás, resolvi testar o sistema. Digitei "Madonna" na caixa de busca. Depois de 34 segundos aguardando, o site me retornou 96 resultados. Na primeira página, dez músicas do Marilyn Manson. Sim, Marilyn Manson. WTF? Nas páginas seguintes, que também demoraram muito para carregar, algumas faixas de um CD de música católica. Somente na sexta página de resultados encontrei algo satisfatório para a busca: "Me Against the Music", parceria de Madonna com Britney Spears.
É muito amadorismo pra quem pretende reverter a onda irrefreável (acredito eu) de acesso gratuito à música na internet. Com lentidão, busca capenga e acervo incompleto, um serviço desses não vale nem R$1,99.
Quem tiver paciência, que visite: www.escute.com
7 de fev. de 2011
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