3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

28 de abr. de 2011

"Let England Shake", mais recente disco de PJ Harvey, vem acompanhado de um clipe para cada faixa. A cantora já havia anunciado a ideia quando lançou o álbum, em fevereiro, mas só agora todas as faixas ganharam seus devidos vídeos. É só clicar aqui para ver e ouvir cada uma das dez composições.



No Brasil
Só pra constar, o Pato Fu já havia feito a mesma coisa em 2005, com o álbum "Toda Cura para Todo Mal". Abaixo, a lista das músicas com o link para seus respectivos clipes.

Anormal
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Sorte e Azar
Amendoim
Simplicidade
Agridoce
No Aeroporto
Estudar pra Quê?
Vida Diet
O Que É Isso?
!
Tudo
Boa Noite Brasil

25 de abr. de 2011

Enquanto a gente se desligava do mundo (real e virtual) por conta do feriado, os Beastie Boys fizeram, no último sábado (23) um live stream de seu novo disco, "Hot Sauce Committe Pt. 2", com previsão de lançamento para o próximo dia 3. Para quem, assim como eu, está voltando às atividades normais hoje e perdeu a audição, ainda há uma segunda chance. É só apertar o play, logo abaixo.

Os raps estão com uma pegada menos acelerada, mas com aquele padrão Beastie Boys de qualidade que a gente já conhece. O disco ainda guarda espaço para faixas instrumentais e o peso de guitarra-baixo-bateria, só para lembrar que o trio de MC's carrega também uma formação roqueira.

Watch live streaming video from beastieboys at livestream.com

19 de abr. de 2011

Roberto, hoje, e seu grande companheiro Erasmo, em junho, completam 70 anos. Quem passa por aqui deve ter visto que adiantei esta efeméride neste texto que tenta compreender o sucesso dessa parceria. Postei ainda uma lista das grandes músicas feitas pelos dois segundo fãs anônimos e famosos da dupla.

Para não deixar a data passar em branco, mas também para não repetir assunto, passo hoje por um caminho diferente e me volto para as músicas que, apesar de popularizadas pela voz de Roberto, não foram compostas por ele e Erasmo, como acontece com a maioria de seus clássicos, muitos dos quais se cristalizaram no repertório nacional.

Roberto também se valeu muito de versões de músicas estrangeiras no início de sua carreira, assim como muita gente da turma da Jovem Guarda. Algumas dessas versões por Roberto, inclusive, são de responsabilidade, adivinhe, de Erasmo, o que me leva a concluir que os deuses de fato queriam que os dois se unissem - até com música dos outros eles dão certo.

Atendo às versões, senti falta, na versão original de O Calhambeque (Road Hog), do tom de malandragem que Roberto dá para sua interpretação, assim como estranhei o clima de "roquinho" em "Forget Him" (Esqueça). Cadê o amor, gente?

O calhambeque
(Road Hog - John Loudermilk/Gwen Loudermilk)



Esqueça
(Forget him - Mark Anthony)



Splish splash
(Bob Darian - Jean Murray)

18 de abr. de 2011

Bem timidamente, comemorou-se neste fim de semana (sábado, 16) o Dia da Loja de Discos, movimento que tenta resgatar aquele velho hábito de comprar o objeto redondinho com registros musicais. Pra quem é da causa, está no ar o site Loja de Discos, dedicado à compra e troca de vinis entre lojistas e colecionadores de todo o país. Dá pra achar um Miles Davis por R$180, um Dead Kennendys por R$155 ou a trilha de "2001: Uma Odisseia no Espaço" por R$20.

Vá lá: www.lojadediscos.com.br

15 de abr. de 2011

Joey Ramone morreu há dez anos deixando em mim uma imagem de ternura. As últimas lembranças que tenho dele são de um punk desengoçado que, vitimado pelo linfoma, pedia para que ninguém ficasse preocupado (seu único disco solo foi batizado de "Dont' Worry About Me") e cantava sobre a beleza das coisas simples desse mundo. Coincidentemente, procurando algo sobre o vocalista para postar no aniversário de sua morte, achei este vídeo em que Joey aparece ao lado da mãe, em um programa de TV. Fofo.

14 de abr. de 2011

Ontem (13), o Foo Fighters esteve no "Live on Letterman". Por mais de duas horas, a banda tocou todas as faixas de seu novo disco, "Wasting Light", e hits da carreira, revestidos por uma charmosa referência à estreia dos Beatles na TV norte-americana, ocorrida em 1964, no Ed Sullivan Show. O resultado está aí embaixo, na íntegra.

13 de abr. de 2011

Em estúdio preparando o sucessor de "Fome de Tudo" (2007), e seguindo a tendência, no mundo da música, de liberar teaser para tudo que é novidade, a Nação Zumbi divulgou trechos dos bastidores da gravação do novo trabalho, previsto para ser lançado ainda este ano. Agora é esperar.



11 de abr. de 2011



Era uma noite dedicada a mais uma das megalomanias do U2 - e não estou falando aqui da tão alardeada estrutura que a banda criou para a turnê 360º. A "garra", como foi batizada a engenhoca, teve que dividir sua grandiosidade no 10 de abril de 2011 com mais uma marca na carreira de Bono e cia.: a de turnê mais lucrativa da história. Com o show deste domingo, a banda superou a marca dos Rolling Stones, que até então conseguiram abocanhar a maior bilheteria de todos os tempos em uma turnê: U$550 milhões em A Bigger Band, de 2007.

Mas, num dia de tantos superlativos, o que me pegou de jeito foi o minimalismo do palco circular onde a banda se apresenta. Contrastando com o exagero da garra que o cobre (que, sim, é surpreendente, se estica, sobe, desce), ele é enxuto, pequeno até. O resultado é que a banda não fica perdida e dispersa naquela imensidão dos tradicionais palcos de shows em estádio, cuja extensão vai de uma extremidade a outra da linha onde ficam as traves. Parece o palco de um clube transportado para dentro de um estádio. Acho que é o efeito da tal intimidade que a banda disse querer trazer para essa turnê. Talvez, por ter ficado muito perto do palco, tenha saído com essa percepção - deve ser mais fácil se distrair com os jogos de luz e as imagens frenéticas do telão a metros de distância do palco

Não foi só nesse aspecto, porém, que achei o show "enxuto". Bono maneirou no uso do palco como espaço para comício e nos elogios ao público, que normalmente carregam na demagogia. Quando Bono começou a falar com o público sobre a relação da banda com o Brasil (questionou se, dentre tantas bandas - Radiohead, Killers - o Brasil amaria de verdade o U2), senti um certo gracejo que, lá no fundo, me fez lembrar do irônico MacPhisto, personagem que o cantor encarnou na turnê Zoo TV.

Nada de pieguismo romântico também. No lugar de uma encenação melosa com a fã retirada da plateia (ato fixo nos shows da banda há várias turnês), Bono, desta vez, escolheu uma garota para que ela lesse versos traduzidos de "Beautiful Day", música que a banda tocaria logo em seguida. Houve selinho, sim, mas tão logo houve o beijo, Bono, educadamente, despachou a menina.

Ah, claro. Numa noite comemorativa para a banda, o setlist veio no estilo "a festa é nossa, mas quem ganha o presente são vocês". Foram incluídas raridades no repertório: "Out of Control", do primeiro EP da banda, anterior à estreia em "Boy", e "Zooropa", faixa que abre o disco de mesmo nome, uma cria que a banda ainda não aprendeu a amar da maneira que deveria, mas que, como fã, adoro.

Moral da história: vi ontem um U2 com grandiosidade na medida certa. Não tenho do que reclamar.

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Solidariedade
Matt Bellamy, vocalista do Muse, banda de abertura, subiu ao palco usando uma capa de chuva, quando já não caía mais água no Morumbi. Ok, não é a primeira vez que ele faz isso em uma apresentação da banda, mas fiquei tocada com o ato do cantor, depois de eu ter suportado duas horas debaixo da chuva que lavou o palco antes dos dois shows.

***

Mais chuva
Atento ao clima, Bono mudou os versos de "Where the Streets Have no Name". No lugar de "I see the dust cloud disappear without a trace", cantou "I see the rain cloud...". Também emendou "Singing in the Rain" ao final de alguma música que já não me lembro mais qual foi.

***

Boa sacada

Em praticamente todos os momentos em que Bono conversou com o público, o telão exibia a tradução simultânea de sua fala. Como ninguém havia pensado nisso antes?

9 de abr. de 2011


Para Ozzy Osbourne vale a máxima a "primeira impressão é a que fica". Aos 62 anos de idade, mais de quarenta de carreira, ele ainda é apresentado como o "Príncipe das Trevas" e lembrado como o cara que experimentou todas as substâncias tóxicas possíveis e mordeu um morcego em pleno palco, pensando ser o animal uma réplica de borracha. A herança vem dos tempos de Black Sabbath, banda considerada uma das precursoras do heavy metal, que se cercou de ícones, para alguns, satânicos em letras, capas de disco e visual. Mas o Ozzy dos dias atuais mantém um pé no mito e avança com o outro para uma nova realidade.

"Hoje eu não bebo álcool, não uso drogas, não fumo, estou totalmente limpo", ressaltou o cantor em entrevista coletiva concedida a jornalistas em São Paulo. "Eu sou um cara normal, sem nada especial, só tenho uma boa vida", completou.

À recuperação do vício, soma-se o inusitado cargo de colunista de saúde do jornal britânico The Sunday Times. No espaço, o cantor dá conselhos para os leitores. A uma fã preocupada com o irmão que começou a usar drogas, por exemplo, Ozzy responde: "Não importa o quanto seu irmão esteja se divertindo, Susan. Preciso dar a ele o mesmo conselho que meu médico me deu: pare de usar essas coisas já". No clipe de "Life Won't Wait", primeiro de seu atual disco solo, "Scream", ainda estão lá elementos do universo que construiu o mito do príncipe das trevas, como o cemitério e caixões, mas, no lugar do culto a toda essa simbologia, o cantor parece repensar a vida, intercalado por cenas de brigas, farras e bebedeiras.

Por outro lado, ainda há muito também do Ozzy que entrou para a história do rock. Mantém os cabelos longos, o figurino sempre preto e as unhas pintadas da mesma cor. No palco, sua performance continua agradando os milhares de fãs que lotam seus shows e distante de críticas. "De uns tempos pra cá, o Ozzy fala embolado e gagueja, por causa dos abusos que ele cometeu, mas, quando sobe no palco, ele se transforma. Isso é fenomenal. O cara dá um show, com 62 anos está com o vigor de um garoto de 25", garante Adriano Falabella, radialista e músico que descreve Ozzy com simpático e educado, com base em um breve encontro que teve com o cantor em uma de suas passagens pelo Brasil.

O resto, segundo ele, é lenda. "Vários artistas, começando principalmente pelo Alice Cooper, criaram essas lendas. Teve o Kiss também, que diziam que matavam pintinhos. Essa coisa dele comer morcego, dele ser o príncipe das trevas, isso tudo é uma grande jogada de marketing, é rock teatral", avalia. Pelo visto, desse teatro o vocalista também não abre mão totalmente. Talvez para não fugir demais das expectativas e garantir que tudo está dentro do "padrão Ozzy de normalidade", solta durante a entrevista em São Paulo, misturando português e inglês: "I'm louco!".

Ozzy Osbourne
9 de abril, às 21h30
Mineirinho - Av Antônio Abrahão Caram, 1001 - Pampulha
Classificação etária: 16 anos
Ingressos:
Arquibancada – R$ 140,00 (inteira) / R$ 70,00 (meia)
Pista – R$ 180,00 (inteira) / R$ 90,00 (meia)
Pista Premium – R$ 500,00 (inteira) / R$ 250,00 (meia)
Informações: 4003-0848

8 de abr. de 2011

O U2 está chegando. Amanhã (9), a banda começa a série de três shows da turnê 360º pelo Brasil. Vou para São Paulo conferir a apresentação motivada por histórias pessoais com a banda, pela vontade de ver ao vivo toda essa parafernália tecnológica e visual e, ainda, para ouvir clássicos da banda, alguns deles brilhantemente reconstruídos, como "Even Better Than Real Thing", que soa muito melhor que a original (do então renovador "Achtung Baby") nesta turnê. Na segunda, dou minhas impressões.

7 de abr. de 2011

Os Beatis Boys divulgaram hoje o trailer de "Fight for Your Right - Revisited", curta-metragem baseado no clipe e música quase homônimos (o nome original da faixa é "Fight for Your Right to Party"), clássico dos anos 1980. Espertinho, o trio casou a novidade com a divulgação do primeiro single de seu próximo álbum, "Make Some Noise", disponibilizada ontem pelos rappers. O filme, de 22 minutos, também deve sair junto com o disco, batizado de "Hot Sauce Committee Pt. 2".



Abaixo, o clipe histórico (não tanto quanto o de "Sabotage", reconheço) de "Fight for Your Right to Party".

5 de abr. de 2011

Tão vasta quanto a produção de Roberto e Erasmo Carlos - são cerca de 500 composições juntos - parece ser a predileção dos fãs da dupla por sua obra. Foram 20 músicas diferentes citadas pelos dez entrevistados do Pampulha. Entre as apontadas, hits da Jovem Guarda, sucessos românticos e exemplares religiosos, que resumem a diversidade da produção da dupla.

No primeiro lugar, com quatro votos, a influência clara da soul music nos anos 1970, com "As Curvas da Estrada de Santos", divide a preferência com "Detalhes".

"Por causa de ‘As Curvas...’, fiz até uma viagem para Santos, só para conhecer a estrada. Fiz questão de pegar o carro e ir dirigindo", revela Ivo Faria, chef do restaurante Vecchio Sogno. "Detalhes" também ganha o topo, na condição de um dos marcos da fase romântica de Roberto. "É como `Carinhoso´ (Pixinguinha), você ouve os acordes e já reconhece, não precisa nem cantar", justifica o historiador Paulo César de Araújo, autor da biografia "Roberto Carlos em Detalhes".

Na sequência, com três votos, "Quero que Vá Tudo pro Inferno". "Se tem uma música que consolidou Roberto, Rei da Juventude e nome principal da Jovem Guarda, é esta. É de modernidade e rebeldia na dose exata. Naquele ano (1965), a dupla Roberto e Erasmo fez tanto sucesso no Brasil quanto Beatles (‘Help’) e Rolling Stones (‘Satisfaction’)", observa Milton Luiz, subeditor do Pampulha.

A fase religiosa garantiu, com dois votos, o terceiro lugar, com "Nossa Senhora", oração em formato de canção. "Apesar de não seguir a religião católica, me sinto muito bem escutando esta música. Se colocar um desses padres cantores e o Roberto, acho que ele canta com mais sentimento", garante Ana Lúcia Damasceno, designer de jóias.

Ainda que em seus discos Erasmo também tenha gravado músicas assinadas com Roberto, a preferência do público aponta para as canções popularizadas pela voz do amigo. Para Paulo César de Araújo, Roberto é rei, mas sua história não se separa da de Erasmo. "O Roberto é o cantor mais popular da música brasileira e o Erasmo não pode acompanhar isso. Mas, como parceiro e amigo, ele é fundamental por causa do equilíbrio que traz. Talvez a obra do Roberto seria muito mais melosa e não teria tantas nuances se não fosse Erasmo", conclui.

Clique na imagem para ampliar

*Texto publicado na edição de 2/04 do Jornal Pampulha.

4 de abr. de 2011

Era 1958. Roberto, 17, precisava aprender a letra de "Hound Dog", da então sensação Elvis Presley para fazer o número de abertura do show que Bill Haley, outro sucesso do rock nascente, faria no Rio de Janeiro. Numa época em que os LPs ainda não traziam encarte com as letras de músicas - isso só viraria padrão nove anos depois, com os Beatles - e que usar a internet e o Google para encontrar qualquer informação era uma realidade que não se sustentava nem na imaginação, sugeriram ao cantor em início de carreira que procurasse Erasmo, também 17, carioca da Tijuca e colecionador de toda sorte de material sobre o rapaz americano que escandalizava com o movimento dos quadris.

Por pouco, o encontro não foi em vão. Roberto conseguiu a letra, mas não apresentou a música: menor de idade, foi proibido de subir ao palco. Bill Haley viu sua carreira esfriar. Elvis morreu (há quem diga que não). Mas Roberto e Erasmo deram ali o primeiro passo para uma amizade que se desdobraria em uma parceria musical que especialistas não hesitam em caracterizar como a mais bem-sucedida da música brasileira, comparável à da dupla Lennon/McCartney. Foram 500 composições assinadas em conjunto desde a inaugural "Parei na Contramão", muitas das quais escaparam ilesas do teste do esquecimento para se tornarem sucessos definitivos, como não se cansam de repetir por aí.

No ano em que os dois Carlos chegam aos 70 anos (Roberto no próximo dia 19 e Erasmo em 5 de junho) e anunciam a retomada dessa parceria - desde 2003 não há uma música inédita escrita pela dupla - o Pampulha foi buscar em fãs e estudiosos pistas que expliquem a parceria bem-sucedida da dupla.

Não é tão simples. A longevidade e a força da parceria resulta de uma fórmula que se sustenta na harmonia das afinidades e, ao mesmo tempo, no equilíbrio das oposições de cada um deles. "Eles têm uma química perfeita. O Roberto tem uma formação e uma sensibilidade bem mais romântica, diferentemente do Erasmo, que tem sensibilidade mais roqueira. Isso acabou resultando no que é conhecido como balada romântica. Se os dois fossem só roqueiros ou só românticos, talvez não funcionasse bem", argumenta Paulo César de Araújo, historiador e autor de "Roberto Carlos em Detalhes", biografia de Roberto lançada em 2006, mas recolhida das livrarias a mando do Rei.

A diferença na formação encontra paralelo nas personalidades distintas, evidenciadas em suas obras individuais. Enquanto, no correr dos anos 1970, Roberto deixava transparecer na música sua faceta religiosa, para muitos sinônimo de conservadorismo, Erasmo escrevia, sozinho, canções de teor mais libertário, como emancipação feminina a questões de sexualidade. "Erasmo nunca levou sua música para esse lado (religioso). No entanto, tocou em temas jamais abordados por Roberto, talvez pela polêmica que suscitavam, como na ótima ‘Close’, onde fala da modelo Roberta Close, a mais famosa transexual brasileira", observa o mestre em sociologia pela UFMG Daniel Martins.

Por outro lado, ambos cresceram fãs de Elvis e admiradores de João Gilberto, torcedores do Vasco e leitores das mesmas revistas em quadrinhos, e desenvolveram aptidões semelhantes. "Ambos fazem música e letra, diferente de Tom e Vinícius, por exemplo. Vinícius fazia a letra e Tom, a música. Roberto e Erasmo têm habilidades próximas, isso contribuiu para a longa produção da dupla", pontua Paulo César.

Nem por isso essas habilidades tenham sempre sido usadas em conjunto. "As músicas são assinadas pelos dois, mas quando é no disco do Erasmo, tem cara de Erasmo, e quando é no disco do Roberto, tem cara de Roberto. Existem boatos de que muitas músicas foram feitas ou por um ou por outro, mas é evidente que, provavelmente, as melhores foram feitas pelos dois juntos", diz o autor de "Como Dois e Dois São Cinco" (Ed. Boitempo), o jornalista e crítico de música Pedro Alexandre Sanches, ressaltando um mistério propício a mitos da música do porte da dupla.

Não chega a ser, no entanto, um método atípico. É bem semelhante ao que fizeram John Lennon e Paul McCartney, outra parceria sem precedentes na história da música. Apesar de terem assinado juntos a imensa maioria das canções dos Beatles, muitas das vezes os ingleses compuseram sozinhos, imprimindo suas personalidades às músicas. Mas o paralelo não para por aí, dando mais pistas da representatividade da parceria. Nos dois casos, ambos conheceram-se na adolescência e, juntos, criaram clássicos. Ao menos na América Latina, a dobradinha Roberto-Erasmo vendeu mais discos que Lennon-McCartney. Como observa Paulo César em seu livro, o Brasil talvez tenha sido o único país no qual, nos anos 1960, os Beatles não foram os principais ídolos e vendedores de discos. Tiveram que dividir o mercado com os sucessos de Roberto e Erasmo.

"Não existe outra dupla de compositores tão fortes e conhecidos como eles. A obra é enorme, com fases distintas. Tem uma discografia respeitável e sucesso pelo mundo", afirma Fernanda Takai, do Pato Fu, que, na sua história com a obra da dupla, guarda na memória os filmes que via na "Sessão da Tarde" estrelados por Roberto, nos moldes do que também fizeram os Beatles.

China, da banda Del Rey, que faz releituras da dupla, corrobora com a comparação. "Eles são nossos garotos de Liverpool. Um completa a obra do outro, do mesmo modo que Lennon completava McCartney, e vice-versa. O Roberto completa a obra do Erasmo por ser o intérprete que é, e o Erasmo completa Roberto com as letras e as belas sacadas poéticas".

Parceria é retomada aos 70

No ano em que completam 70 anos, Roberto e Erasmo devem voltar a escrever juntos. As possíveis novas composições em dupla devem constar no repertório do disco de inéditas que Roberto espera lançar até o fim do ano. Prometido pelo Rei desde 2008, o álbum de inéditas será o primeiro de Roberto em oito anos. Antes, chegam às lojas o CD e o DVD que registram o show feito em 2009 no Maracanã, em comemoração aos seus 50 anos de carreira. O lançamento está previsto para o Dia das Mães, ainda que produtos pirata da apresentação circulem na internet e nos camelôs desde sua realização.

Os 70 anos de Roberto devem ser comemorados no palco, com show no próximo dia 19, data de seu aniversário, em Vitória, no Espírito Santo. Belo Horizonte também deve assistir o Rei ao vivo ainda este ano. Segundo o produtor Lúcio Oliveira, da ArteBHZ, Roberto se apresentará na cidade no segundo semestre, no Mineirinho.

Erasmo finaliza a produção do disco sucessor de “Rock´n´Roll”, de 2009. O novo trabalho, que será lançado em maio, tem produção de Liminha e duas parcerias com Nelson Motta (“Vênus e Marte” e “Sem Dizer Adeus”). O Tremendão também deve se apresentar ao lado de convidados em um show em comemoração aos seus 70 anos, ainda sem data definida.

Leia mais aqui.

*Texto publicado na edição de 2/04 do Jornal Pampulha.

1 de abr. de 2011



O LCD Soundsystem faz amanhã (2), no Madison Square Garden, em Nova York, às 20h30 (horário de Brasília) o último show de seus nove anos de existência e o Pitchfork transmite a apresentação, ao vivo, pra te dar a honra de ter James Murphy e companhia tocando na sua casa.

A promessa é de três horas de show, com supresas e convidados. Seu ingresso para o show: pitchfork.com
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