Até que um dia, assistindo ao Hits MTV, finalmente ouvi e vi o Nirvana. O clipe era "Lithium". Devo ter criado muita expectativa por causa do excesso de mitificação da banda porque lembro que não achei a música aqueeeela Brastemp. Mas bastou conhecer o Nevermind mais a fundo, juntar com o Bleach e arrematar com o In Utero para o Nirvana se tornar uma das minhas bandas preferidas da adolescência e assim permanecer até hoje. Impossível ficar indiferente e não ser contaminada pela música da banda. Era rock dos barulhentos com uma linha pop muito bem costurada. Kurt, Krist e Dave pareciam tão normais. Com o all star, a calça jeans surrada e o casaco de lã, eram praticamente os mesmos meninos da escola com as camisetas de bandas de rock. Não tinha pose de rock star, tipo de roqueiro malvado, espetacularização ao vivo. Era tudo muito simples, direto e fácil de gostar.
Anos depois, continua sendo assim. Ouvir hoje o Nevermind é como andar de bicicleta depois de deixá-la encostada por um tempo. A coisa simplesmente flui. Houve mudanças também. "Breed" é trilha sonora de encerramento do Domingão do Faustão. A camisa de flanela virou peça do guarda-roupa de uma nova espécie urbana chamada hipster. Dave Grohl deixou de ser o cara escondido atrás da bateria para atingir o status de roqueiro cool. O rock viu uma infinidade de (muitas boas) bandas se proliferarem, principalmente na "era pós-Strokes", está mais para indie que mainstream, afastado das paradas de sucesso e da MTV, mas ao alcance de um clique na internet.
Talvez, por isso, muita gente esteja se queixando e esperando por um novo Nevermind, como espera por um novo messias. Mas não adianta forçar. A coisa vai acontecer sem querer, assim como aconteceu com o Nirvana. Enquanto isso, relaxa e põe o disco pra tocar.
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