"Histórias paralelas: 50 anos de música brasileira" (Casa da Palavra), de Hugo Sukman, conta a história da música feita no país por meio de vários caminhos que se desenvolveram paralelamente, fugindo da história única que costuma reduzir a "verdadeira" música nacional aos herdeiros da bossa nova e dos medalhões que surgiram nos festivais dos anos 1960. O livro não ignora esse fundamental capítulo da história da música brasileira (que na obra engloba o samba, a MPB e a Tropicália), mas acrescenta mais outros a essa trajetória: a Jovem Guarda e o brega, a música nordestina, o instrumental e a música das cidades.
Já "Simonal - Quem Não Tem Swing Morre com a Boca Cheia de Formiga" (Editora Record), fruto da dissertação de mestrado do historiador Gustavo Alonso, procura demonstrar como as pesquisas em torno da música brasileira das últimas décadas optou por glorificar e colocar sob os holofotes apenas a fatia artística comprometida com a música dita de protesto e de resistência, o que, consequentemente, condenou ao esquecimento nomes igualmente importantes para a música nacional. Para tanto, usa como exemplo o caso de Simonal, que a despeito do estrondoso sucesso na década de 1960, caiu no ostracismo a partir do momento em que foi condenado por supostamente colaborar com o Dops - a condenação é questionada até hoje.
Os dois livros, que já estão na minha fila de espera, me lembraram de outra obra lançada há mais tempo e que segue na mesma direção de resgatar artistas marginalizados pela "história oficial": "Eu não sou cachorro, não" (Record), do historiador Paulo César de Araújo, que mostra como cantores populares da música brega/romântica foram tão perseguidos pela censura como Chico, Caetano e Gil. Três livros, três peças de um quebra-cabeça chamado música brasileira.
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