26 de set. de 2011

Roberto em BH - Impressões

- "O Roberto está assanhado, né?"

- "Ah, agora ele está mais light, não fica mais com aquela coisa de Maria Rita."

Ouvi este pequeno diálogo entre duas mulheres na saída do show de Roberto Carlos no último sábado, no Mineirinho. Provavelmente, elas se referiam a determinados momentos do show. O primeiro deles quando, antes de cantar "Proposta", o rei comentou sobre a necessidade que sentiu em certo ponto de sua carreira de escrever músicas sobre sexo. Disso nasceu a música em questão. Ele ainda estendeu o assunto, repetindo o que havia dito em uma coletiva de impressa que concedeu o ano passado quando: as três melhores coisas da vida são sexo, sexo com amor e sorvete. A "Proposta" seguiram-se "Côncavo e Convexo" e "Cavalgada", recheadas de metáforas sexuais.

Talvez, ainda, as duas mulheres estivessem se referindo aos momentos em que o cantor fez gestos insinuantes, estrategicamente captados em plano detalhe pelos dois telões, como em "Cama e Mesa": no verso "me esfregar na sua boca", o rei reproduziu o que cantava esfregando as mãos nos lábios; o mesmo aconteceu quando chegou ao verso "o sabonete que te alisa", deslizando as mãos pelo corpo. A mulherada, atiçada, respondeu com gritos.

A surpresa das duas fãs do início do texto põe por terra os argumentos de quem se recusa a ir a um show de Roberto argumentando, com certa indiferença e deboche, que o show nada mais é que aquele velho especial de Natal que assistimos de graça todos os anos (há muitos anos) no conforte de nossas casas. É fato que, assim como o especial de fim de ano da Globo, os shows de Roberto sempre começam com "Emoções" (com o imprescindível suspiro antes de começar a cantar a música) e terminam com "Jesus Cristo" (completada pela distribuição de rosas brancas e vermelhas). Mas o que acontece entre cada uma dessas músicas pode sofrer variações em relação ao que se vê na TV, como aconteceu no show de sábado. Não há a rigidez do tempo cronometrado ou do roteiro esquematizado normalmente exigida para um programa de TV, principalmente um programa tradicional produzido por uma emissora que precisa se submeter a fórmulas já consolidadas para não pôr em risco seu dito padrão de qualidade.

Sendo assim, além das insinuações que enlouqueceram as senhorinhas - e um rapaz sentado ao meu lado, que gritou "Lindo! Tira a roupa!!!!!!" - Roberto se permitiu gastar longos minutos com a apresentação de cada um dos membros de sua banda. A cada nome mencionado, uma história curiosa ou uma brincadeira bem-humorada.

Acima de tudo, há sempre o incomparável poder da execução ao vivo, que atesta a vivacidade de músicas definitivas do repertório popular brasileiro como "Detalhes", "O Portão" e "Como é grande o meu amor por você".

O único porém dessa apresentação mais solta ficou por conta do sistema de som (um problema não muito novo para o Mineirinho), que obrigou o show a ser interrompido na segunda música. Depois de microfonias em "Emoções" e uma bateria que se sobressaía ao restante dos instrumentos (e da voz de Roberto) em "Eu te amo, te amo, te amo", o rei disse algo inaudível à plateia e se retirou, juntamente com os músicos, do palco. Certamente, tentava explicar os problemas com o som.

Quando retornou, com "Além do Horizonte", sua voz oscilou de um tom abafado a um grave estourado enquanto o microfone era equalizado. Mais microfonias e chiados se seguiram até que, lá pela metade do show, o som finalmente foi acertado. A experiência dos músicos e, principalmente, a plateia mais que fiel impediram que os problemas fizessem a apresentação desandar, mas é espantoso ver um artista do porte de Roberto enfrentar esse tipo de contratempo.

Ah, houve um segundo porém. Roberto não cantou "As Curvas da Estrada de Santos". Poxa, Rei. Você ainda me deve essa. Fica pro próximo show.


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