3 de mai. de 2012

A lírica dos Beatles*

Seja pela atemporalidade ou pela garantia quase certa de aceitação do público, o repertório dos Beatles se mostra fonte fértil para a linguagem do musical. Se já foram exploradas a plasticidade das imagens sugeridas pelas canções no filme “Across the Universe” e personagens de algumas canções, como Eleanor Rigby e o Sargento Pimenta, ganham vida no espetáculo “Love”, do Cirque du Soleil, é a lírica dos fab four que está no centro das atenções em “Beatles Num Céu de Diamantes”.

O musical, vencedor do prêmio Shell de 2009 pelo melhor arranjo vocal e instrumental, estará em cartaz na cidade nos dias 5 (sábado) e 6 (domingo), no Palácio das Artes, dando início a uma turnê nacional quatro anos após sua estreia, no Rio.

“É um espetáculo muito rico vocalmente. Não é cover. A gente faz uma releitura de músicas dos Beatles. Claro que as pessoas vão reconhecer todas as músicas, mas vão reconhecer com outra riqueza vocal. Ele dá prioridade para outras vozes cantarem Beatles: são tons diferentes de voz, tem mulheres cantando”, antecipa Gottsha, uma das atrizes-cantoras do elenco que soma dez pessoas no palco.

Todo o esforço é direcionado para que as vozes fiquem em evidência. Os recursos cênicos são mínimos: apenas objetos simples, como guarda-chuvas, malas, giz e bolhas de sabão são utilizados. As cerca de 50 músicas dos ingleses selecionadas para o espetáculo são alinhavadas sem lançar mão de diálogos ou personagens. O roteiro tem leve inspiração em “Alice no País das Maravilhas”, do também inglês Lewis Carroll – uma das influências de John Lennon, inclusive na composição de canções dos Beatles como “I'm The Walrus” e “Lucy in The Sky With Diamonds”, à qual o nome do musical faz referência.

O encontro de Alice com os Beatles gera um fio condutor que trata do tempo e do amadurecimento, mas de maneira sutil, ressalta Gottsha. “É uma coisa lúdica. Tudo é muito interpretativo. As pessoas ficam mais ligadas nas músicas do que nessa história que está implícita”, observa.

Aos mais interessados no repertório que no roteiro, a boa notícia é que do yeah yeah yeah (“She Loves You”, “A Hard Day's Night”) à guinada criativa (“A Day in the Life”, “I'm The Walrus”), todas as fases da banda são contempladas.

Beatles Num Céu de Diamantes
Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1537, centro, 3236-7400). Dia 5 (sábado), às 21h, e 6 (domingo), às 19h. Ingressos entre R$ 70 e R$ 90.

*Reportagem publicada na edição de 28/4 do Jornal Pampulha

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