Norte-americanos e ingleses estão "ultrajados" e "furiosos" (para usar alguns termos empregados pelos sites de notícias gringos) com os preços cobrados pelos ingressos dos quatro shows anunciados para comemorar seus 50 anos de carreira. Estão caríssimos, eles reclamam. Agora, pensa só: gringos chiando por causa de ingresso caro. O que será então de nós, tupiniquins, se os Stones resolverem vir com essa turnê pra cá, onde ingressos de shows internacionais já são absurdamente mais caros que lá fora? Talvez paguemos no mínimo R$270 pelo setor mais barato.
Como Ronnie Wood já andou dizendo por aí que a banda não descarta alongar a turnê, vamos tentar imaginar quanto esses ingressos poderiam custar aqui no Brasil. As referências são os valores cobrados nos Estados Unidos para esta turnê e os valores pagos aqui no país na turnê Bridges to Babylon, em 1998 (a última turnê paga dos Stones no Brasil, visto que o show de A Bigger Band, em 2006, foi gratuito, na praia de Copacabana). Os valores daquele ano foram corrigidos pela inflação do período.
Em 1998, quem foi ver os Rolling Stones no Anhembi, em São Paulo, ainda ganhou "de brinde" o Bob Dylan (sim, veja aqui. Eu, infelizmente, só vi na época pela transmissão da Globo). Para tanto, desembolsou o que seria equivalente hoje a R$159,07 pelo ingresso mais barato e R$293,67 pelo mais caro. Mas, como é nossa sina pagar mais caro que os norte-americanos para ver exatamente a mesma coisa, esses preços eram, respectivamente, 44% e 73% maiores que os preços cobrados nos Estados Unidos na mesma turnê (os valores de lá também foram corrigidos).
E se essa porcentagem extra for transposta para os ingressos de uma possível turnê no Brasil tendo como base os preços cobrados hoje nos Estados Unidos pela turnê de 50 anos? O ingresso mais barato para os dois shows em Nova Jersey custa US$95 (ou R$192,44). Se ele aumentar 44% aqui, como ocorreu com a Bridges, o preço irá para R$277,11. Já o mais caro custa US$750 (ou R$1519,28) nos Estados Unidos. Se tivermos que pagar 73% a mais no Brasil, o valor final vai para R$2.628,35.
A conta pode seguir outro caminho também e considerar a variação de preços, nos Estados Unidos, entre os ingressos da Bridges e a atual turnê. Os possíveis valores finais para o Brasil, no entanto, ficam bem próximos da primeira conta. O ingresso mais barato tem um preço hoje 75% maior nos Estados Unidos que em 1998. Seguindo a mesma variação, no Brasil, isso ficaria em R$278,37. Já o ingresso mais caro é absurdos 798% maior hoje que 14 anos atrás. No Brasil, isso daria um preço final de R$2.637,15.
Resumindo: os ingressos poderiam ficar entre R$270 e R$2.600 (insano, este valor seria para um tal de "tongue-pit", bem na beirada do palco, sem ter a necessidade de acampar horas ou dias para ter acesso à primeira fila). Esses valores foram calculados somente de forma comparativa com os preços que pagamos aqui no passado e os preços cobrados hoje lá fora. Outros fatores podem fazer essas cifras se esticarem ou se contraírem feito elástico. A famigerada meia-entrada é uma delas, que sempre joga os preços pro alto. O número de ingressos postos à venda também. Nos Estados Unidos, os Stones tocam em arenas. Por aqui, o destino mais provável, hoje, seria um estádio, o que quase triplicaria o público e, em tese, permitiria baixar um pouco mais o preço.
O certo é que não vai ser barato. E os Stones provam que nem sempre dá pra ter o que a gente quer.