3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

28 de dez. de 2012

Perguntas para 2013 - festivais no Brasil


O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música (aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

O Lolla BR virou um bicho papão?

5)O Lollapalooza vai engolir os outros festivais brasileiros?
Este ano o SWU foi cancelado e o Planeta Terra não vendeu tanto quanto em edições anteriores. Para 2013, não sabemos ainda o destino do primeiro e o segundo chegou a ser vítima de boato que profetizava seu fim - prontamente desmentido pela organização. Partidários da teoria da conspiração dizem que é tudo culpa do Lollapalooza, que faz a rapa das boas atrações logo no início do ano e não deixa tantas opções assim para quem vem depois na fila de festivais - Leo Ganem, CEO da produtora responsável pelo Lolla aqui deu força à teoria ao postar no Twitter:  "Já enterramos o SWU, agora vai o Planeta Terra". São cerca de 60 shows no festival de Perry Pharrel. Só se mostra inabalável diante da concorrência o Rock in Rio, cuja marca é sólida e suficientemente atrativa aos olhos do público, e chega a ser maior que qualquer atração que ele possa anunciar (vide a venda bem-sucedida de ingressos, esgotada em poucos minutos, mesmo com uns 10% dos nomes confirmados). A briga pode ainda ficar melhor com a chegada do Coachella ao país em 2014. O festival californiano tem pinta de gigantismo, assim como o Lolla. Mas isso é assunto para o fim do ano que vem.

27 de dez. de 2012

Perguntas para 2013 - política de grandes shows

O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

Encalhe de ingressos de Madonna e Gaga deixa lições

4)O encalhe de ingressos histórico de Madonna e Lady Gaga vai provocar alguma mudança na política de shows gringos no Brasil?
Elas são grandes, elas são divas. Mas as duas loiras do pop venderam (muito) menos que o esperado em suas turnês pelo Brasil e o fracasso de vendas virou notícia até fora do país. As tentativas de explicação foram muitas: ingressos caros, proximidade de datas de ambas as turnês, hiperconcentração de shows no eixo Rio-São Paulo, dimensionamento errôneo de público, repeteco de atração no caso de Madonna (que já tinha se apresentado no Rio e em São Paulo em outras duas turnês). O motivo real ninguém sabe ou, pelo menos, ninguém disse. Mas algumas hipóteses podem ser convertidas em lições e postas em prática a partir do próximo ano: praticar preços menos absurdos, com o suporte de uma nova lei da meia-entrada, levar shows para outras capitais (muitas das quais terão estádios novos em folha e bem estruturado para o caso de apresentações deste porte) e buscar espaços de médio porte, à semelhança de muitas arenas nos Estados Unidos. Vamos ver se a mina de ouro que virou o Brasil para shows internacionais vai encontrar novas maneiras de ser explorada.

Perguntas para 2013 - preço dos ingressos


O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

Mudança na lei da meia entrada pode (pode?) diminuir valor dos ingressos

3)Vamos pagar mais barato para ver shows?
É praxe reclamar do quanto pagamos mais caro que em outros países para ver as mesmas atrações e é consenso que a culpa é do uso indiscriminado e ilegal do benefício da meia-entrada - gente que forja documentos para se beneficiar do direito garantido por lei. A fórmula é simples: a possibilidade de pagar metade do preço atrai gente que tem e que finge ter o direito, o que aumenta a quantidade de ingressos vendidos a preço em tese menor e obriga os produtores a jogarem os valores da inteira pra cima, de modo a garantir custeio e lucros do evento. No fim das contas, tudo fica caro e uma meia aqui às vezes é mais que o valor integral de um ingresso em países vizinhos. Isso pode mudar já em 2013, quando o Congresso votar o projeto que estipula mudanças para o benefício. Em linhas gerais, a nova lei vai limitar em 40% a quantidade de ingressos de meia (o que permitiria aos produtores um controle sobre o total de entradas vendidas a preço menor e, com isso, uma previsão de lucros menos flutuante) e conceder o direito de expedição do documento apenas a entidades estudantis, com material produzido pela casa da moeda (de modo a evitar falsificações e conceder o direito a estudantes, digamos, no sentido mais tradicional do termo). Gente grande do mercado de shows, como os responsáveis pelo Lollapalooza, já garantiram que essas mudanças são suficientes para diminuir o preço dos ingressos. A ver. Enquanto isso, ninguém fala sobre a absurda cobrança da taxa de conveniência...

26 de dez. de 2012

Perguntas para 2013 - saudosismo


O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

O Planet Hemp aumentou a lista de bandas que se reuniram; quem vai fazer o mesmo em 2013?

2)Reuniões de bandas, turnês comemorativas de décadas de carreira e de discos icônicos. O saudosismo vai continuar ampliando seu espaço na música?
Planet Hemp, Pulp, Black Sabbath e Stone Roses voltaram a tocar este ano depois de deixarem de existir. Blitz, Titãs, Barão Vermelho e Rolling Stones fizeram shows e turnês badalados alusivos a uma efeméride de suas carreiras ou de algum disco significativo. Até Rouge e É o Tchan entraram na onda e esboçaram um retorno. E ainda tem os hologramas, assunto do post anterior, que trazem de volta o passado em outros termos. O fato é que o rock já é um sujeito velho, quase na terceira idade, e somando isso à nossa tendência de revisitar o passado com mais benevolência e deslumbramento que o presente, o que um dia foi clássico está ficando mais clássico ainda (porque é mais passado do que já foi um dia) e, portanto, mais suscetível à nossa veneração. Pronto. Estamos a um passo de entrar num círculo vicioso que pode transformar a experiência musical num eterno retorno enquanto o presente passa diante dos nossos olhos - e só iremos perceber o quanto esse presente é legal o dia que ele for passado e lá estaremos nós perpetuando o saudosismo no futuro. Vixe. História e memória são fundamentais para dar forma ao que somos hoje e o que seremos um dia, mas talvez seja a hora de usar um pouco o freio quando o assunto é música.

PS: Simon Reynolds, crítico inglês, já alertou para isso em seu último livro, "Retromania - Pop Culture's Addiction to It's Own Past", leitura que me obrigo a fazer em 2013.

Perguntas para 2013 - hologramas

O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

Cazuza vai ser o primeiro holograma de 2013 em solo brasileiro

1)Os hologramas vão se firmar como possibilidade para o mercado de shows?
Foi um furdunço quando Tupac "reapareceu" em forma de holograma no show de Snoop Dogg durante o Coachella, em abril deste ano. O uso da tecnologia para levar aos palcos o rapper assassinado em 1996 foi saudada como uma revolução na indústria de shows. Foi surpreendente de fato, e a engenhoca abriu possibilidade$$ para o mercado. Muito se especulou desde então sobre quem seria o holograma da vez, mas ainda não vimos nenhum grande astro retornar aos palcos sob a forma de projeção. Michael Jackson e Elvis ficaram na promessa - por enquanto. Por aqui no Brasil, a história está mais concreta. Já sabemos que Cazuza será o primeiro holograma com selo tupiniquim. No dia 4 de abril, praticamente um ano após a "ressurreição" de Tupac, terá início uma turnê em celebração aos 50 anos do compositor, na qual a imagem dele estará presente em boa parte do show, que terá também alguns de seus parceiros musicais. No segundo semestre, será a vez de Renato Russo, em um espetáculo com a participação da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. Vai ser o início do teste que vai mostrar se o bafafá do caso Tupac foi só surpresa ou o início de uma tendência.

20 de dez. de 2012

O ano do pop em números

O Guinness soltou alguns recordes* do mundo da música pop de 2012 e este blog transformou tudo em gráfico. Enjoy it.



*Dados de maio/12

17 de dez. de 2012

O ano de Psy


Nada de ~sertanejo universitário~ ou onomatopeias do tipo tchu, tcha, ai ai ai ou oi oi oi. Pelo menos na internet, o foco do brasileiro foi no hit meteórico "Gangnam Style". A música do sul-coreano Psy foi a mais buscada pelos brasileiros em 2012, segundo o Zeitgeist, relatório do Google que revela anualmente as tendências de pesquisas no site - uma espécie de retrospectiva das buscas na internet. Em todo o mundo, "Gangnam Style" foi o segundo termo mais pesquisado no ano (atrás apenas de Whitney Houston).

Foram necessários apenas quinze dias, em setembro, para que a música atingisse o pico de buscas pelos brasileiros e, consequentemente, o maior volume de pesquisas musicais no país em 2012.

Muito antes de sonharmos com a emergência do eletrônico cafona de Psy, porém, Adele reinava soberana nos ouvidos tupiniquins com "Someone Like You", lá para meados de abril, até começar a ser atropelada por hits nacionais: "Camaro Amarelo" (Munhoz & Mariano), "Vida de Empreguete" (da novela Cheias de Charme) e "Te Vivo" (Luan Santana). Nenhuma música, no entanto, em seu período de auge, no comparativo com "Gangnam Style", conseguiu atingir mais que a metade do volume de buscas obtido pelo sul-coreano.

Seguindo o ciclo de vida natural de muitos hits, todos já apresentam uma trajetória de queda, mas a música de Psy ainda mantém volumes razoáveis de busca ainda neste mês de dezembro.

O gráfico que fiz no Google Trends ilustra essas observações.


Nem outros dois megahits do ano (que, curiosamente, não aparecem na lista do Google, apesar dos altos volumes de buscas) tiveram forças para superar "Gangnam Style" nas pesquisas online. "Ai, se eu te pego", de Michel Teló (um dos dez artistas mais buscados no mundo segundo o Zeitgeist) vinha embalado pelo sucesso recente em 2011 e abriu janeiro com ritmo elevado de buscas, mas não maior que aquele que Psy obteria nove meses depois. "Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha", de João Lucas e Marcelo, começou a ganhar força depois daquele fatídico dia em fevereiro quando Neymar decidiu comemorar um gol fazendo a coreografia da música. O pico veio no mês seguinte, mas foi menos da metade de "Gagnam Style". O interesse pelos dois hits nacionais agora, em dezembro, é baixo nas buscas da internet conforme mostra a curva do gráfico.


No mundo, a supremacia de Psy é ainda mais contrastante. Em comparação com dois outros hits chiclete do ano, "Call Me Maybe", de Carly Rae Jepsen, e "What Makes You Beautiful", do One Direction, a curva que indica os volumes de buscas do sucesso sul-coreano é incrivelmente ascendente. Psy deve muito à Mongólia, país que mais pesquisou por sua música. A propósito, dos dez países que mais buscaram pelo nome da música, a maioria é asiática. Um hit mundial impulsionado por seus iguais, continentalmente.


10 de dez. de 2012

Rock in Rio é rock sim, senhor


O Rock in Rio anunciou neste mês mais uma atração para sua edição em 2013: Avenged Sevenfold. É o sétimo nome confirmado até agora para a quinta edição do festival no país e, assim como os demais artistas já garantidos na programação do ano que vem, é mais um nome do rock (num sentido mais amplo do termo) na lista: também se apresentam em 2013 Metallica, Iron Maiden, Muse, Sepultura, Bruce Springsteen e Alice in Chains.

Isso só representa um quinto dos shows previstos para o Palco Mundo - o principal, mas se o próximo Rock in Rio seguir a tendência dos anos anteriores, vai ter muito mais rock aí. O gênero de Chuck Berry e Elvis é predominante em toda a história do festival no Brasil. Sim. Em cada uma das quatro edições, e também no apanhado geral, 50% das atrações ou algo muito próximo disso eram de rock (veja gráficos abaixo), ao contrário do que faz crer o achincalhe nostálgico comum de parte do público contra as programações mais recentes - o rock estaria só no nome, diferentemente do que era naquele mítico Rock in Rio de 1985, dizem.

É certo que a presença de Britney, Rihanna e afins (razão das reclamações) impede que o festival seja hegemonicamente roqueiro, mas não é suficiente para fazer do estilo uma minoria. No máximo, gera uma ilusão de que o rock não tem espaço no evento. Ele tem o maior de todos, mas divide com outros gêneros a programação desde o primeiro ano.

É notável, inclusive, a regularidade com que os gêneros são representados proporcionalmente em cada edição. Metade fica com o rock, metade fica com pop, pop rock, artistas brasileiros e outras "minorias". É, no mínimo, coerente do ponto de vista artístico e comercial, respectivamente, porque condiz com a propaganda sugerida pelo nome e não exclui outros públicos. Sendo isso bom ou ruim, os ingressos evaporam até sem ter atração confirmada. Prova de que, no fim das contas, talvez esse papo de gênero seja até blábláblá demais. A força da marca supera o mimimi.

Veja aqui a lista de atrações por ano.


6 de dez. de 2012

A internet venceu

Metallica oficializou hoje a liberação de seu  catálogo para streaming gratuito no Spotify

Houve uma época em que a indústria partia pra briga para tentar - inutilmente - frear o compartilhamento gratuito e em larga escala de música na internet (hoje, mais comedida, a indústria tenta aprender a lidar com o monstro). Naquela época, tão longe, tão perto, na virada do milênio, o símbolo máximo dessa briga era personificado em um ringue ocupado pela seguinte dupla: de um lado, Shawn Fanning, o Mark Zuckerberg do ano 2000, o criador do Napster, primeiro sistema a facilitar mundialmente o download de mp3. Do outro lado, Lars Ulrich, baterista do metálica, rock star milionário graças às engrenagens tradicionais da indústria do disco.

Os dois quebraram muito o pau (detalho abaixo) por conta daquela novidade que viraria regra nos anos que se seguiriam. Mas hoje, em Nova York, civilizadamente, Ulrich participou de uma conferência ao lado de Sean Parker (parceiro de Fanning na criação do Napster) para oficializar a liberação integral do catálogo do Metallica para o Spotify, serviço de streaming de músicas (ainda não disponível no Brasil). Parker é hoje um dos investidores do Spotify. Em outras palavras: Ulrich se sentou ao lado de um dos criadores do Napster, 12 anos depois, para dizer que está deixando a música de sua banda de graça pra todo mundo ouvir. Há coisas contra as quais não se pode lutar, deve ter pensado Ulrich.

Para quem não se lembra, à época do surgimento do Napster, Ulrich moveu uma série de processos contra centenas de milhares de usuários que haviam baixado músicas do Metallica e contra universidades norte-americanas por não bloquearem o uso do Napster em seus campi. O ápice e o momento mais pop dessa briga aconteceu no VMA de 2000, quando a MTV resolveu botar lenha na fogueira e permitir que ambos os lados se atacassem diante das câmeras.

Ulrich protagonizou um vídeo no qual satirizava o argumento do compartilhamento defendido por quem baixava as músicas. Curioso notar como naquela época a palavra "share" não tinha nem um décimo da importância e da presença em nossa vida como tem hoje. Já Fanning apareceu junto ao VJ pão da MTV dos States daquele período, Carson Daly, usando uma camisa do Metallica, para apresentar o show da Britney Spears - sei que não tem nada a ver com o post, mas é bom lembrar que o show dela foi tão bafo quanto a treta Ulrich/Napster. Britney apareceu toda coberta de terninho cantando "(I can't get no) Satsifcation" pra depois arrancar tudo e cantar "Ooops I Did It Again" com uma roupa propositalmente transparente. Bafo digno de Trending Topic, se existisse Twittter naquela época. Cheio de história aquele ano 2000.




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