Metallica oficializou hoje a liberação de seu catálogo para streaming gratuito no Spotify |
Houve uma época em que a indústria partia pra briga para tentar - inutilmente - frear o compartilhamento gratuito e em larga escala de música na internet (hoje, mais comedida, a indústria tenta aprender a lidar com o monstro). Naquela época, tão longe, tão perto, na virada do milênio, o símbolo máximo dessa briga era personificado em um ringue ocupado pela seguinte dupla: de um lado, Shawn Fanning, o Mark Zuckerberg do ano 2000, o criador do Napster, primeiro sistema a facilitar mundialmente o download de mp3. Do outro lado, Lars Ulrich, baterista do metálica, rock star milionário graças às engrenagens tradicionais da indústria do disco.
Os dois quebraram muito o pau (detalho abaixo) por conta daquela novidade que viraria regra nos anos que se seguiriam. Mas hoje, em Nova York, civilizadamente, Ulrich participou de uma conferência ao lado de Sean Parker (parceiro de Fanning na criação do Napster) para oficializar a liberação integral do catálogo do Metallica para o Spotify, serviço de streaming de músicas (ainda não disponível no Brasil). Parker é hoje um dos investidores do Spotify. Em outras palavras: Ulrich se sentou ao lado de um dos criadores do Napster, 12 anos depois, para dizer que está deixando a música de sua banda de graça pra todo mundo ouvir. Há coisas contra as quais não se pode lutar, deve ter pensado Ulrich.
Para quem não se lembra, à época do surgimento do Napster, Ulrich moveu uma série de processos contra centenas de milhares de usuários que haviam baixado músicas do Metallica e contra universidades norte-americanas por não bloquearem o uso do Napster em seus campi. O ápice e o momento mais pop dessa briga aconteceu no VMA de 2000, quando a MTV resolveu botar lenha na fogueira e permitir que ambos os lados se atacassem diante das câmeras.
Ulrich protagonizou um vídeo no qual satirizava o argumento do compartilhamento defendido por quem baixava as músicas. Curioso notar como naquela época a palavra "share" não tinha nem um décimo da importância e da presença em nossa vida como tem hoje. Já Fanning apareceu junto ao VJ pão da MTV dos States daquele período, Carson Daly, usando uma camisa do Metallica, para apresentar o show da Britney Spears - sei que não tem nada a ver com o post, mas é bom lembrar que o show dela foi tão bafo quanto a treta Ulrich/Napster. Britney apareceu toda coberta de terninho cantando "(I can't get no) Satsifcation" pra depois arrancar tudo e cantar "Ooops I Did It Again" com uma roupa propositalmente transparente. Bafo digno de Trending Topic, se existisse Twittter naquela época. Cheio de história aquele ano 2000.
0 comentários:
Postar um comentário