3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

28 de dez. de 2012

Perguntas para 2013 - festivais no Brasil


O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música (aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

O Lolla BR virou um bicho papão?

5)O Lollapalooza vai engolir os outros festivais brasileiros?
Este ano o SWU foi cancelado e o Planeta Terra não vendeu tanto quanto em edições anteriores. Para 2013, não sabemos ainda o destino do primeiro e o segundo chegou a ser vítima de boato que profetizava seu fim - prontamente desmentido pela organização. Partidários da teoria da conspiração dizem que é tudo culpa do Lollapalooza, que faz a rapa das boas atrações logo no início do ano e não deixa tantas opções assim para quem vem depois na fila de festivais - Leo Ganem, CEO da produtora responsável pelo Lolla aqui deu força à teoria ao postar no Twitter:  "Já enterramos o SWU, agora vai o Planeta Terra". São cerca de 60 shows no festival de Perry Pharrel. Só se mostra inabalável diante da concorrência o Rock in Rio, cuja marca é sólida e suficientemente atrativa aos olhos do público, e chega a ser maior que qualquer atração que ele possa anunciar (vide a venda bem-sucedida de ingressos, esgotada em poucos minutos, mesmo com uns 10% dos nomes confirmados). A briga pode ainda ficar melhor com a chegada do Coachella ao país em 2014. O festival californiano tem pinta de gigantismo, assim como o Lolla. Mas isso é assunto para o fim do ano que vem.

27 de dez. de 2012

Perguntas para 2013 - política de grandes shows

O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

Encalhe de ingressos de Madonna e Gaga deixa lições

4)O encalhe de ingressos histórico de Madonna e Lady Gaga vai provocar alguma mudança na política de shows gringos no Brasil?
Elas são grandes, elas são divas. Mas as duas loiras do pop venderam (muito) menos que o esperado em suas turnês pelo Brasil e o fracasso de vendas virou notícia até fora do país. As tentativas de explicação foram muitas: ingressos caros, proximidade de datas de ambas as turnês, hiperconcentração de shows no eixo Rio-São Paulo, dimensionamento errôneo de público, repeteco de atração no caso de Madonna (que já tinha se apresentado no Rio e em São Paulo em outras duas turnês). O motivo real ninguém sabe ou, pelo menos, ninguém disse. Mas algumas hipóteses podem ser convertidas em lições e postas em prática a partir do próximo ano: praticar preços menos absurdos, com o suporte de uma nova lei da meia-entrada, levar shows para outras capitais (muitas das quais terão estádios novos em folha e bem estruturado para o caso de apresentações deste porte) e buscar espaços de médio porte, à semelhança de muitas arenas nos Estados Unidos. Vamos ver se a mina de ouro que virou o Brasil para shows internacionais vai encontrar novas maneiras de ser explorada.

Perguntas para 2013 - preço dos ingressos


O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

Mudança na lei da meia entrada pode (pode?) diminuir valor dos ingressos

3)Vamos pagar mais barato para ver shows?
É praxe reclamar do quanto pagamos mais caro que em outros países para ver as mesmas atrações e é consenso que a culpa é do uso indiscriminado e ilegal do benefício da meia-entrada - gente que forja documentos para se beneficiar do direito garantido por lei. A fórmula é simples: a possibilidade de pagar metade do preço atrai gente que tem e que finge ter o direito, o que aumenta a quantidade de ingressos vendidos a preço em tese menor e obriga os produtores a jogarem os valores da inteira pra cima, de modo a garantir custeio e lucros do evento. No fim das contas, tudo fica caro e uma meia aqui às vezes é mais que o valor integral de um ingresso em países vizinhos. Isso pode mudar já em 2013, quando o Congresso votar o projeto que estipula mudanças para o benefício. Em linhas gerais, a nova lei vai limitar em 40% a quantidade de ingressos de meia (o que permitiria aos produtores um controle sobre o total de entradas vendidas a preço menor e, com isso, uma previsão de lucros menos flutuante) e conceder o direito de expedição do documento apenas a entidades estudantis, com material produzido pela casa da moeda (de modo a evitar falsificações e conceder o direito a estudantes, digamos, no sentido mais tradicional do termo). Gente grande do mercado de shows, como os responsáveis pelo Lollapalooza, já garantiram que essas mudanças são suficientes para diminuir o preço dos ingressos. A ver. Enquanto isso, ninguém fala sobre a absurda cobrança da taxa de conveniência...

26 de dez. de 2012

Perguntas para 2013 - saudosismo


O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

O Planet Hemp aumentou a lista de bandas que se reuniram; quem vai fazer o mesmo em 2013?

2)Reuniões de bandas, turnês comemorativas de décadas de carreira e de discos icônicos. O saudosismo vai continuar ampliando seu espaço na música?
Planet Hemp, Pulp, Black Sabbath e Stone Roses voltaram a tocar este ano depois de deixarem de existir. Blitz, Titãs, Barão Vermelho e Rolling Stones fizeram shows e turnês badalados alusivos a uma efeméride de suas carreiras ou de algum disco significativo. Até Rouge e É o Tchan entraram na onda e esboçaram um retorno. E ainda tem os hologramas, assunto do post anterior, que trazem de volta o passado em outros termos. O fato é que o rock já é um sujeito velho, quase na terceira idade, e somando isso à nossa tendência de revisitar o passado com mais benevolência e deslumbramento que o presente, o que um dia foi clássico está ficando mais clássico ainda (porque é mais passado do que já foi um dia) e, portanto, mais suscetível à nossa veneração. Pronto. Estamos a um passo de entrar num círculo vicioso que pode transformar a experiência musical num eterno retorno enquanto o presente passa diante dos nossos olhos - e só iremos perceber o quanto esse presente é legal o dia que ele for passado e lá estaremos nós perpetuando o saudosismo no futuro. Vixe. História e memória são fundamentais para dar forma ao que somos hoje e o que seremos um dia, mas talvez seja a hora de usar um pouco o freio quando o assunto é música.

PS: Simon Reynolds, crítico inglês, já alertou para isso em seu último livro, "Retromania - Pop Culture's Addiction to It's Own Past", leitura que me obrigo a fazer em 2013.

Perguntas para 2013 - hologramas

O mundo não acabou, 2012 também não (quase), mas este blog só quer saber de 2013. Por isso, ao contrário dos anos anteriores, uma tentativa de retrospectiva (que fiz de alguma forma no Data Música aqui e aqui) vai dar lugar a algumas perguntas que podem encontrar respostas no ano que em breve começará. São cinco, que entrarão no ar ao longo da semana. Voilá:

Cazuza vai ser o primeiro holograma de 2013 em solo brasileiro

1)Os hologramas vão se firmar como possibilidade para o mercado de shows?
Foi um furdunço quando Tupac "reapareceu" em forma de holograma no show de Snoop Dogg durante o Coachella, em abril deste ano. O uso da tecnologia para levar aos palcos o rapper assassinado em 1996 foi saudada como uma revolução na indústria de shows. Foi surpreendente de fato, e a engenhoca abriu possibilidade$$ para o mercado. Muito se especulou desde então sobre quem seria o holograma da vez, mas ainda não vimos nenhum grande astro retornar aos palcos sob a forma de projeção. Michael Jackson e Elvis ficaram na promessa - por enquanto. Por aqui no Brasil, a história está mais concreta. Já sabemos que Cazuza será o primeiro holograma com selo tupiniquim. No dia 4 de abril, praticamente um ano após a "ressurreição" de Tupac, terá início uma turnê em celebração aos 50 anos do compositor, na qual a imagem dele estará presente em boa parte do show, que terá também alguns de seus parceiros musicais. No segundo semestre, será a vez de Renato Russo, em um espetáculo com a participação da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. Vai ser o início do teste que vai mostrar se o bafafá do caso Tupac foi só surpresa ou o início de uma tendência.

20 de dez. de 2012

O ano do pop em números

O Guinness soltou alguns recordes* do mundo da música pop de 2012 e este blog transformou tudo em gráfico. Enjoy it.



*Dados de maio/12

17 de dez. de 2012

O ano de Psy


Nada de ~sertanejo universitário~ ou onomatopeias do tipo tchu, tcha, ai ai ai ou oi oi oi. Pelo menos na internet, o foco do brasileiro foi no hit meteórico "Gangnam Style". A música do sul-coreano Psy foi a mais buscada pelos brasileiros em 2012, segundo o Zeitgeist, relatório do Google que revela anualmente as tendências de pesquisas no site - uma espécie de retrospectiva das buscas na internet. Em todo o mundo, "Gangnam Style" foi o segundo termo mais pesquisado no ano (atrás apenas de Whitney Houston).

Foram necessários apenas quinze dias, em setembro, para que a música atingisse o pico de buscas pelos brasileiros e, consequentemente, o maior volume de pesquisas musicais no país em 2012.

Muito antes de sonharmos com a emergência do eletrônico cafona de Psy, porém, Adele reinava soberana nos ouvidos tupiniquins com "Someone Like You", lá para meados de abril, até começar a ser atropelada por hits nacionais: "Camaro Amarelo" (Munhoz & Mariano), "Vida de Empreguete" (da novela Cheias de Charme) e "Te Vivo" (Luan Santana). Nenhuma música, no entanto, em seu período de auge, no comparativo com "Gangnam Style", conseguiu atingir mais que a metade do volume de buscas obtido pelo sul-coreano.

Seguindo o ciclo de vida natural de muitos hits, todos já apresentam uma trajetória de queda, mas a música de Psy ainda mantém volumes razoáveis de busca ainda neste mês de dezembro.

O gráfico que fiz no Google Trends ilustra essas observações.


Nem outros dois megahits do ano (que, curiosamente, não aparecem na lista do Google, apesar dos altos volumes de buscas) tiveram forças para superar "Gangnam Style" nas pesquisas online. "Ai, se eu te pego", de Michel Teló (um dos dez artistas mais buscados no mundo segundo o Zeitgeist) vinha embalado pelo sucesso recente em 2011 e abriu janeiro com ritmo elevado de buscas, mas não maior que aquele que Psy obteria nove meses depois. "Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha", de João Lucas e Marcelo, começou a ganhar força depois daquele fatídico dia em fevereiro quando Neymar decidiu comemorar um gol fazendo a coreografia da música. O pico veio no mês seguinte, mas foi menos da metade de "Gagnam Style". O interesse pelos dois hits nacionais agora, em dezembro, é baixo nas buscas da internet conforme mostra a curva do gráfico.


No mundo, a supremacia de Psy é ainda mais contrastante. Em comparação com dois outros hits chiclete do ano, "Call Me Maybe", de Carly Rae Jepsen, e "What Makes You Beautiful", do One Direction, a curva que indica os volumes de buscas do sucesso sul-coreano é incrivelmente ascendente. Psy deve muito à Mongólia, país que mais pesquisou por sua música. A propósito, dos dez países que mais buscaram pelo nome da música, a maioria é asiática. Um hit mundial impulsionado por seus iguais, continentalmente.


10 de dez. de 2012

Rock in Rio é rock sim, senhor


O Rock in Rio anunciou neste mês mais uma atração para sua edição em 2013: Avenged Sevenfold. É o sétimo nome confirmado até agora para a quinta edição do festival no país e, assim como os demais artistas já garantidos na programação do ano que vem, é mais um nome do rock (num sentido mais amplo do termo) na lista: também se apresentam em 2013 Metallica, Iron Maiden, Muse, Sepultura, Bruce Springsteen e Alice in Chains.

Isso só representa um quinto dos shows previstos para o Palco Mundo - o principal, mas se o próximo Rock in Rio seguir a tendência dos anos anteriores, vai ter muito mais rock aí. O gênero de Chuck Berry e Elvis é predominante em toda a história do festival no Brasil. Sim. Em cada uma das quatro edições, e também no apanhado geral, 50% das atrações ou algo muito próximo disso eram de rock (veja gráficos abaixo), ao contrário do que faz crer o achincalhe nostálgico comum de parte do público contra as programações mais recentes - o rock estaria só no nome, diferentemente do que era naquele mítico Rock in Rio de 1985, dizem.

É certo que a presença de Britney, Rihanna e afins (razão das reclamações) impede que o festival seja hegemonicamente roqueiro, mas não é suficiente para fazer do estilo uma minoria. No máximo, gera uma ilusão de que o rock não tem espaço no evento. Ele tem o maior de todos, mas divide com outros gêneros a programação desde o primeiro ano.

É notável, inclusive, a regularidade com que os gêneros são representados proporcionalmente em cada edição. Metade fica com o rock, metade fica com pop, pop rock, artistas brasileiros e outras "minorias". É, no mínimo, coerente do ponto de vista artístico e comercial, respectivamente, porque condiz com a propaganda sugerida pelo nome e não exclui outros públicos. Sendo isso bom ou ruim, os ingressos evaporam até sem ter atração confirmada. Prova de que, no fim das contas, talvez esse papo de gênero seja até blábláblá demais. A força da marca supera o mimimi.

Veja aqui a lista de atrações por ano.


6 de dez. de 2012

A internet venceu

Metallica oficializou hoje a liberação de seu  catálogo para streaming gratuito no Spotify

Houve uma época em que a indústria partia pra briga para tentar - inutilmente - frear o compartilhamento gratuito e em larga escala de música na internet (hoje, mais comedida, a indústria tenta aprender a lidar com o monstro). Naquela época, tão longe, tão perto, na virada do milênio, o símbolo máximo dessa briga era personificado em um ringue ocupado pela seguinte dupla: de um lado, Shawn Fanning, o Mark Zuckerberg do ano 2000, o criador do Napster, primeiro sistema a facilitar mundialmente o download de mp3. Do outro lado, Lars Ulrich, baterista do metálica, rock star milionário graças às engrenagens tradicionais da indústria do disco.

Os dois quebraram muito o pau (detalho abaixo) por conta daquela novidade que viraria regra nos anos que se seguiriam. Mas hoje, em Nova York, civilizadamente, Ulrich participou de uma conferência ao lado de Sean Parker (parceiro de Fanning na criação do Napster) para oficializar a liberação integral do catálogo do Metallica para o Spotify, serviço de streaming de músicas (ainda não disponível no Brasil). Parker é hoje um dos investidores do Spotify. Em outras palavras: Ulrich se sentou ao lado de um dos criadores do Napster, 12 anos depois, para dizer que está deixando a música de sua banda de graça pra todo mundo ouvir. Há coisas contra as quais não se pode lutar, deve ter pensado Ulrich.

Para quem não se lembra, à época do surgimento do Napster, Ulrich moveu uma série de processos contra centenas de milhares de usuários que haviam baixado músicas do Metallica e contra universidades norte-americanas por não bloquearem o uso do Napster em seus campi. O ápice e o momento mais pop dessa briga aconteceu no VMA de 2000, quando a MTV resolveu botar lenha na fogueira e permitir que ambos os lados se atacassem diante das câmeras.

Ulrich protagonizou um vídeo no qual satirizava o argumento do compartilhamento defendido por quem baixava as músicas. Curioso notar como naquela época a palavra "share" não tinha nem um décimo da importância e da presença em nossa vida como tem hoje. Já Fanning apareceu junto ao VJ pão da MTV dos States daquele período, Carson Daly, usando uma camisa do Metallica, para apresentar o show da Britney Spears - sei que não tem nada a ver com o post, mas é bom lembrar que o show dela foi tão bafo quanto a treta Ulrich/Napster. Britney apareceu toda coberta de terninho cantando "(I can't get no) Satsifcation" pra depois arrancar tudo e cantar "Ooops I Did It Again" com uma roupa propositalmente transparente. Bafo digno de Trending Topic, se existisse Twittter naquela época. Cheio de história aquele ano 2000.




28 de nov. de 2012

Mais popular que Jesus




Roberto Carlos vendeu um milhão de cópias do compacto "Esse Cara Sou Eu", anunciou sua gravadora, Sony Music. Desde 2001, com seu Acústico MTV, Roberto não atingia esta marca, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). Com este novo milhão, Roberto ultrapassa, considerando as vendagens neste início de século, um dos maiores vendedores de discos no período, Padre Marcelo Rossi.

Até então, de 2000 pra cá, ambos tinham vendas que batiam na casa dos quatro milhões - 3,8 milões mais precisamente, conforme cálculos a partir dos arquivos da ABPD. Mas "Esse Cara Sou Eu" colocou o rei no trono novamente (vale lembrar que em toda sua carreira Roberto é imbatível, com seus 100 milhões de discos vendidos, marca que provavelmente jamais será alcançada dadas as mudanças ocorridas na indústria).

Nos últimos 12 anos, Padre Marcelo até lançou mais discos (dez, contra oito de Roberto), mas o rei obteve vendas mais expressivas de cada um de seus álbuns. Passou das 500 mil cópias e do 1 milhão três vezes, enquanto padre Marcelo bateu a casa do milhão duas. Os demais trabalhos do padre cantor ficaram todos abaixo dos 300 mil.


*Inclui apenas as vendas que atingiram quantidade certificada pela ABPD
**Em 2000, Roberto Carlos vendeu 1 milhão de cópias de "Amor Sem Limite" e 500 mil cópias de "30 Grandes Sucessos"
***Em 2009, Padre Marcelo Rossi vendeu 1 milhão de cópias de "Minha Benção", 300 mil cópias de "Paz Sim, Violência Não" e 50 mil cópias de "Momento de Fé Para Uma Vida Melhor"


Em tempos de vacas magras da indústria fonográfica, falar de 1 milhão de discos vendidos é relevante, até para um rei. Nos anos 1970 e 1980, era praxe os discos de Roberto já saírem da fábrica com essa tiragem, certa que era a altíssima procura nas lojas. Mais gente chegava fácil nesse número também. Recentemente, sabemos, o cenário mudou. Caiu para a metade a quantidade de artistas que chegaram ou ultrapassaram este total nas duas últimas décadas: de 22 nos anos 1990 para 11 nos anos 2000. No gráfico abaixo, dá para ver como o caldo tem ficado cada vez mais ralo. Milhão hoje, é para poucos: coisa de rei e de Jesus.




26 de nov. de 2012

Cansei de ser rock star

Foto semi-profética de 2006, quando o Coldplay ironizou sobre seu suposto fim e foi mal interpretada pela imprensa

Não tá fácil pra ninguém, nem pros astros da música. Num momento em que reformas, turnês de reunião e comemorações de efemérides de gente fora da ativa estão na moda, há quem vá na contramão. De agosto até agora, cinco bandas/artistas anunciaram que vão tirar férias do estrelato, alguns deles por tempo indeterminado. A última a avisar sobre a pausa foi o Coldplay, na última sexta (23). Já que gente não pode ter esse luxo de se auto-decretar em férias, vamos ao menos recapitular quem são os dissidentes do showbiz.

Quem: Coldplay
Férias: pelo menos três anos
Motivo: não esclarecido. Ao menos, dá para inferir que o cancelamento súbito dos shows no Brasil não tem a ver com questões locais, como foi sondado por aí (risco de baixa venda de ingressos, o surgimento de uma oferta melhor $$$, falta de interesse em uma tour latina). O problema é com eles. Mas ainda há mistério nessa história toda

Quem: Foo Fighters
Férias: tempo indeterminado
Motivo: Dave Grohl quer se dedicar ao lançamento de documentário e álbum sobre o estúdio Sound City. O músico também vai assumir a bateria do Queens of The Stone Age, que começa a gravar novo disco no início do ano que vem. Notícia boa para os brasileiros, pois isto pode trazer Grohl novamente ao Brasil: o QOTSA toca no Lolla, em março.

Quem: Incubus
Férias: tempo indeterminado
Motivo: a banda precisa descansar da turnê que se arrasta por um ano e meio e não considera a possibilidade de fazer um novo disco apenas por pressão

Quem: Florence Welch
Férias: um ano
Motivo: Florence alega que precisa cuidar de incômodos que vem sentindo nas cordas vocais e está liberada pela gravadora para descansar pelo tempo que quiser

Quem: Scisor Sisters
Férias: tempo indeterminado
Motivo: não foi esclarecido, mas a banda assegurou que não vai ficar muito tempo longe dos palcos

23 de nov. de 2012

Stones ao vivo



Neste domingo (25), os Stones fazem em Londres o primeiro dos quatro shows anunciados até agora para a turnê 50 and Counting. Na segunda certamente já teremos milhões de vídeos tremidos e com som abafado no YouTube registrando a apresentação, mas dentro de poucos dias poderemos assistir a banda com mais dignidade: no dia 15 de dezembro, o Multishow exibe, ao vivo, direto de New Jersey, a apresentação dos Stones para os norte-americanos.

No meu recém-nascido blog, falo um pouco das pistas para o setlist desta mini-tour.

22 de nov. de 2012

As pistas para o setlist de 50 and Counting



Os Rolling Stones fazem neste domingo (25), em Londres, o primeiro show da turnê 50 and Counting. É certo que eles vão despejar décadas de hits sobre o público e já dá para sondar quais os possíveis sucessos eleitos para irem ao palco. O show de domingo é a estreia da turnê, mas não a estreia da banda ao vivo em 2012. Os Stones fizeram três apresentações surpresa em Paris em outubro e em novembro. Unindo os três curtos repertórios de cada uma delas (foram dez músicas em média, metade do que eles tocaram nas duas últimas turnês) e comparando-os com as estatísticas dos setlists da banda na história, dá para ter algumas pistas do que pode ser parte desse novo set.

Das 22 músicas tocadas nos três shows na França, quatro foram covers. Das 18 próprias da banda, 11 estão entre as 20 mais tocadas em turnês, sendo oito delas parte do grupo das dez mais tocadas (do top 10, só não entraram nos shows de aquecimento "Satisfaction" e "Sympathy For The Devil"). Será que Mick e cia vão contrariar as próprias estatísticas?

Desse grupo de 18 músicas tocadas nos clubinhos de Paris ainda temos as recém-lançadas "Doom And Gloom" e "One More Shot", que certamente não ficarão de fora. Como a banda está prometendo três horas de show, tem espaço pra entrar muito mais coisa, mesmo que essas 18 já tenham garantido lugar no show. O gráfico mostra as músicas tocadas em Paris, agrupadas conforme a posição no ranking das mais executadas ao vivo pela banda. O número em parênteses corresponde à posição específica de cada música no ranking.



Bonus Track? Nos ensaios de outubro, conforme registrou este usuário do YouTube, a banda tocou "I Wanna Be Your Man", presente da dupla Lennon-McCartney para Mick-Richards nos anos 1960. Não é das mais recorrentes nos shows, mas ficou uma interrogação com este ensaio.

Na TV O show do dia 15 de dezembro, em New Jersey, será exibido no Brasil, ao vivo, pelo Multishow, a partir da meia-noite.

21 de nov. de 2012

Psy e a (futura?) nova ordem mundial dos hits nº1



Ninguém pode dizer o quanto Psy e seu Gangnam Style vão durar no mundo da música. Mas os manda-chuvas da indústria fonográfica apostam que ele é o início de uma nova história no segmento: a invasão de artistas fora do eixo EUA-Inglaterra no topo das paradas mundiais, como aconteceu recentemente com o rapper farofa sul-coreano, que atingiu o número da Billboard (a parada mensura o mercado americano, mas ainda é de lá que muita coisa ecoa pro resto do mundo).

Relatório publicado neste mês pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI na sigla em inglês) sobre investimento em música por parte das gravadoras aponta que o setor considera ampliar os investimentos na carreira internacional de artistas de continentes que não frequentam as paradas mundiais. O principal exemplo mencionado é o K-Pop, o pop vindo do mesmo país de Psy, mas há uma menção genérica a mercados "emergentes", palavrinha mágica que imediatamente coloca o Brasil em cena. Não por acaso, Paula Fernandes é a única artista brasileira mencionada no relatório, justamente para exemplificar as ações promocionais voltadas para apresentar a cantora ao público fora do país. Paula andou por aí se apresentado ao lado do colombiano Juanes (em ação focada no público hispânico) e da norte-americana Taylor Swift (para o público de língua inglesa), conforme lembra o documento.

Se a estratégia da indústria vingar, poderá ser o começo do fim de décadas de domínio de artistas dos EUA no topo das paradas. Como reflexo da própria história da segunda metade do século XX, de 1955 até 2008, 76% dos 683 artistas que atingiram o número um da Billboard (que ditou e ainda dita muita coisa do que se ouve pelo mundo - mas não só nos dias de hoje, é bom reforçar) eram norte-americanos. As contas são feitas com base na compilação "Top Pop Singles", do historiador Joel Whitburn, que considera os artistas que atingiram o primeiro lugar no período mencionado (Psy foi incluído na lista por mim). Nesta tabela dá pra ver a lista de artistas por país e a quantidade de artistas por país.

A tão falada invasão britânica parece não ter sido tão ameaçadora assim e abocanhou apenas 12% do topo.  Os outros 12% são divididos entre artistas de outros 28 países (passe o mouse sobre o gráfico para identificar as fatias correspondentes a cada país).


A distribuição geográfica dos hits nº1, no mapa abaixo, mostra que desses 28 países restantes, a maioria se concentra na Europa (passe o mouse sobre os círculos para saber o país e a quantidade de números 1 que produziu). Canadá e Austrália, países de língua inglesa (apesar da porção canadense que fala francês), têm alguma repercussão. A América do Sul tem em Shakira a única representante a dominar o primeiro lugar da Billboard, feito que ocorreu após mudança na sua carreira, quando começou a cantar em inglês. Por sinal, isto indica que há uma outra barreira a ser quebrada, para além da geográfica: a linguística. Mas isso é outra história.





  

20 de nov. de 2012

Beatles, Luiz Gonzaga e o rooftop



Último registro dos Beatles ao vivo, o show surpresa no teto do prédio da Apple, em 1969, também chamado de rooftop concert, é um dos vários momentos icônicos da história da banda, justamente por estes adjetivos que citei: foi o último, foi surpresa. Como praticamente tudo que eles fizeram, serviu de inspiração pra mais gente, como o U2, que em 1987 fez o mesmo na gravação do clipe de "Where The Streets Have No Name". Talvez não tenha sido pioneira.


Há quem defenda que Roberto Carlos o fez antes, na gravação do clipe "Quando", mas nunca concordei com a teoria (apesar de ser fã de King Robert). Gravado no terraço do edifício Copam, em SP, em 1967, o vídeo não retrata o show tampouco nenhuma outra exibição para o público. Do alto dos 35 andares do prédio, ninguém na rua jamais veria a ação, mesmo que fosse esta a intenção.

Mas Gonzagão, se estivesse aí, poderia reivindicar a autoria da ideia. Como registrado no filme "Gonzagão - De Pai pra Filho", lá pelos anos 1940, Gonzagão tocou na fachada do Cine Pax, no Rio, ao saber que havia uma multidão na rua que não conseguira comprar ingresso para o show que ele faria dentro do cinema. Vale lembrar que a história dos Beatles já se cruzou outras vezes com a de Gonzagão. Há quem diga que "The Inner Light" lembra muito "Asa Branca". Acho que o elo aí é a sonoridade semelhante daquela que remete ao sertão e as influências orientais de George, mas não deixa de ser curioso.

12 de nov. de 2012

Reconstruindo os Beatles*




O submarino amarelo foi reconstruído. Saem as placas em amarelo e laranja vibrantes, como pede a linguagem pop. Entram marimbas, pans e flautas, que em tons aquarelados redesenham a icônica imagem, uma das muitas associadas aos Beatles. A ilustração da capa do novo disco do Uakti, batizado simplesmente “Beatles”, revela o tratamento que o repertório dos fab four ganhou ao ser transportado para a peculiar linguagem instrumental do grupo mineiro: mais leveza, sem perder as estruturas essenciais. O público acompanha ao vivo este resultado de sexta (16) a domingo (18) no Palácio das Artes.

“A gente buscou uma relação mais fiel com temas e harmonias, foi até uma exigência que os próprios autores colocaram. Tem toda uma regulamentação para gravar Beatles. Mas tem muita coisa de improviso e de adaptação para os nossos instrumentos e isso possibilita timbres inusitados e ideias de arranjos que se diferenciam do original, mas sem perder o vínculo com a concepção das músicas”, resume Artur Andrés, ao falar do trabalho de criação dos arranjos, feito por Marco Antônio Guimarães.

O repertório, também escolhido por Marco, soma 16 músicas, todas pós-1966, quando os Beatles iniciaram a chamada fase de estúdio: abandonaram a barulheira das fãs nos shows para se dedicarem exclusivamente à gravação dos discos, o que resultou na grande guinada musical da banda. “Surgiram temas belíssimos e orquestrais, que inclusive era uma coisa nova para a época. O Marco Antônio optou por temas que tocaram ele mais”, completa Artur. Dentre estes temas, “A Day In The Life”, “Across The Universe”, “Golden Slumbers” e “Something”.
No show de estreia do trabalho, o trio vai ter companhia no palco. Para que seja reproduzido o que foi feito em estúdio, também vão participar das apresentações as esposas de Paulo (Josefina Cerqueira) e Artur (Regina Amaral) e os filhos de Josefina (Ian Cerqueira, guitarra) e de Artur (Alexandre Andrés, flauta).

Volume dois
Há mais material além do que foi registrado em estúdio, no entanto. Marco arranjou cerca de 25 músicas, num grupo que inclui também “Norwegian Wood”, “Because”, “Within you without you” e “Blue Jay Way”. Parte deste excedente vai entrar no repertório do show e, futuramente, as músicas não gravadas podem originar um segundo disco. “O ideal seria a gente ter gravado 14 músicas porque os direitos autorais encarecem muito o custo final do álbum. Colocamos forçosamente mais duas, mas nada impede de se gravar um segundo disco se a gente sentir que seria interessante expandir para outros temas”, diz Artur.

Nada impede também que a metade dos Beatles ainda viva, Paul e Ringo, tome conhecimento do trabalho. “A gente tem amigos em comum que podem ajudar. O Philip Glass (compositor norte-americano com quem o Uakti já gravou) já falou que, sendo amigo do Paul, pode passar pra ele. Talvez ele venha pra Belo Horizonte também e a gente consiga colocar na mão dele”.


Viagem inclassificável pela obra dos fab four
A obra dos Beatles já ganhou, no Brasil, uma longa série de releitura em choro. Sensação do Carnaval carioca, o Bloco do Sargento Pimenta transporta as músicas do quarteto para ritmo do Carnaval de rua, ditado pela percussão. A Orquestra Ouro Preto, assim como já fizeram algumas outras pelo mundo, traduz as canções para linguagem erudita. Lá fora, já virou objeto para uma banda de heavy metal, que une Beatles ao Metallica.

Em meio a esse apanhado de homenagens que perpetuam a já eternizada a produção do quarteto de Liverpool, “Beatles”, do Uakti, se diferencia por não levar a obra da banda para um universo musical demarcado. As melodias de alguns dos clássicos escolhidos para o repertório permanecem facilmente identificáveis, mas as regrava-ções transitam por climas variados.
É o caso de “Get Back”, originalmente rock puro que em seus cinco minutos no terreno do Uakti passeia por sons de flautas e de um berimbau de sete cordas para então retornar ao seu habitat natural com a entrada de uma guitarra para o solo final.

O violão melancólico e preguiçoso de “A Day In The Life” se transforma em sons doces com a marimba de vidro. “With A Little Help From My Friends” começa com uma introdução em tons mais graves para depois ganhar um ar festivo.

Assim como assinalou Artur Andrés, há espaço também para o improviso e para arranjos mais elásticos em relação aos originais, e isso se faz mais evidente em “Come Together” e “She's Leaving Home”. A viagem é múltipla e inclassificável.


Uakti
No show ‘Beatles’
Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7400). Dias 16 (sexta) e 17 (sábado), às 21h, e 18 (domingo), às 19h. R$ 60 (inteira)

*Texto publicado na edição de 10/11/12 do Jornal Pampulha

8 de nov. de 2012

Caso Lady Gaga/Madonna - Precisamos de arenas?

Por favor, nada de rixas entre as duas neste momento; o assunto agora é sério

Foi um dos assuntos da semana: o encalhe dos ingressos pros três shows que Lady Gaga fará no Brasil, em SP, no RJ e em POA, a partir de amanhã (9). Segundo informações do jornal O Globo, no Rio, foram vendidos apenas 15% do total de 86 mil ingressos postos à venda. Em São Paulo, aproximadamente metade dos 66 mil foram comprados. Madonna, que também fará três shows no país no mês que vem, exatamente nas mesmas cidades que Gaga, também está passando pelo mesmo perrengue no Rio. Apesar de a produtora que traz os shows para o Brasil, a Time for Fun, ter anunciado meses atrás que já haviam sido vendidos cerca de 100 mil ingressos para os três shows, no Rio esse total não passaria de 15 mil.

Promoções do tipo "pague um e leve dois" e o sorteio de 500 pares de ingresso para servidores da prefeitura do Rio ajudaram a dar força às informações.

Ninguém cravou a razão para as baixas vendas, mas algumas hipóteses foram levantadas: a proximidade com os shows de Madonna (é certo que há uma parte do público que se digladia no nível Fla x Flu, mas há uma outra parcela que se interessa por ambas), o preço alto dos ingressos (no mínimo R$90 e no máximo R$750, com várias faixas de preço intermediárias), somado à famigerada e já maldita taxa de conveniência e o superdimensionamento do público. Ou tudo isso junto. E se for este último o problema?

É interessante notar que não há relatos vindos de fora reportando dificuldade de venda de ingressos para os shows de ambas as cantoras em suas turnês pela Europa e EUA. É interessante notar também que os shows majoritariamente acontecem em arenas, todas com uma capacidade média de público de 20 mil pessoas. Para citar algumas das principais: o Madison Square Garden, Staples Center, MGM Arena (Nova York, Los Angeles e Las Vegas, respectivamente, nos Estados Unidos) e a O2 Arena (em Londres). É importante lembrar também que tem outros artistas gringos que tocam lá fora nas mesmas condições, em arenas, mas chegam aqui e conseguem levar muita gente para o estádio.

Não seria o caso, então, de ir com menos $ede ao pote e não sair agendando show a rodo? Ou então não seria o caso de começar a pensar que espaços semelhantes a arenas gringas começam a ser necessários no Brasil agora que o país está consolidado como destino de shows internacionais e estes eventos deixam de ter cara de novidade/oportunidade-única-na-existência-do-universo?

Em São Paulo, o Anhembi tem capacidade próxima dos 20 mil - resta saber se o espaço se adequa a todo tipo de show, inclusive estes com mega-produção. Fora isso, sobra o santuário que Padre Marcelo acaba de abrir por lá, mas não acho que seria o caso de misturar o sagrado com o profano. RISOS RISOS. No Rio, há o Maracanãzinho mas, além de estar em obras até o ano que vem, não consegue chegar aos 20 mil.

Pesa contra o Brasil a dificuldade de multifuncionalidade de espaços do estilo das arenas gringas, caso eles viessem a ser criados. Lá, elas são usadas para jogos de basquete e hóquei, com garantia certa de público ao longo do ano. E aqui? Como seriam ocupadas para além dos shows? Voltamos então ao Anhembi. Mas e as cidades que não dispõem de nada semelhante? Muitas dúvidas e uma certeza (ou coincidência?): até na hora de influir nos rumos do sistema de realização de shows de grande porte no Brasil, Madonna e Gaga estão no mesmo páreo.

6 de nov. de 2012

Quando a música faz manchetes políticas

Gente da música se manifestando a favor ou contra este ou aquele candidato nas eleições presidenciais nos Estados Unidos é coisa corriqueira. O post anterior mostrou isso ao agrupar os artistas pró-Obama e pró-Romney de acordo com o gênero musical. Algumas dessas manifestações não ficaram livres de polêmica ou mal-entendido e acabaram parando nas manchetes. Resolvi relembrar algumas delas, enquanto o bizarro sistema de votação dos States não nos informa quem vai trabalhar na Sala Oval.

#Sóquenão 1
Durante show em Washington, Madonna fez um discurso empolgado sobre Obama, destacando o fato de os Estados Unidos terem um muçulmano no poder. Sendo Obama cristão - apesar da turma da teoria da conspiração achar que ele é, sim, muçulmano, a frase gerou confusão e Madonna divulgou logo depois uma nota alegando que estava sendo irônica.


#Sóquenão 2
Em uma mixtape em conjunto com Lil Wayne, a rapper Nicki Minaj cantou versos nos quais afirmava ser eleitora de Romney. Diante das críticas que recebeu, foi no Twitter explicar que era sarcasmo, e ainda mandou um salve pro Obama.

Conspiração
Hank Williams Jr. afirmou em entrevista que Obama é muçulmano. Como se isso fosse uma coisa ruim. E ainda caprichou na dose ao afirmar que o atual presidente odeia o país. Dias antes, Dave Mustaine, do Megadeth, rendeu alguns cliques aos sites de notícias ao argumentar que Obama estaria por trás do massacre no cinema do Colorado durante uma sessão de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", em julho, quando 12 pessoas morreram e 58 ficaram feridas.  

Mal-entendido
Universitários republicanos usaram como trilha sonora de um vídeo de apoio a Romney a música "Fake Empire", do The National, banda que endossa Obama desde sua campanha em 2008. Alertados pelo próprio vocalista, Matt Berninger, via YouTube, os estudantes retiraram o vídeo do ar. 

Alfinetando
Provavelmente parte do 1% que concentra os maiores rendimentos dos EUA - o que deve evitar o voto de parte dos outros 99%, Mitt Romney recebeu um recadinho de Jaz-Z, que mudou a letra de "99 Problems" durante um dos eventos da campanha de Obama, candidato que apoia. De "I've got 99 problems but a bitch ain't one" o verso passou a ser "I've got 99 problems but Mitt ain't one".


Obama X Romney: o hip hop, o r&b e o pop votam em Obama. O country vai de Romney. O rock se divide


Britânico, Paul McCartney divulgou nesta segunda (5) em seu canal no YouTube um vídeo no qual encoraja seus fãs americanos a comparecerem às urnas hoje (6) e votarem em Obama. Aproveita para reforçar que os músicos de sua banda, norte-americanos, fizeram a mesma escolha (nos Estados Unidos é possível votar antes do dia das eleições - é o que eles chamam de early voting). Se um músico membro do império britânico está se intrometendo nas eleições presidenciais norte-americanas, é de se esperar que os músicos-eleitores estadunidenses façam o mesmo. E fizeram.

Ao longo da campanha, em maior ou menor grau, artistas demonstraram apoio ou a Obama ou a Romney publicamente. Mais que envolvimento na decisão dos rumos do país, as listas (no fim do post) que dividem os músicos em pró-democratas ou pró-republicanos sugerem alguns padrões relacionados ao gênero musical. Conforme já resume o título do post, o hip hop, o r&b e o pop votam em Obama. O Country vai de Romney massivamente. O rock se divide (gráficos abaixo).

Aproximadamente um terço (33%) dos artistas que declararam voto em Obama são de hip hop e r&b. A segunda maior fatia, muito próxima da primeira, é do pop: 31%. Do lado republicano, mais da metade dos artistas que votarão hoje em Romney são do country (55%). O rock, por sua vez, tem fatias menos desiguais nos dois lados: cerca de um quinto dos que vão votar em Obama (19%) e aproximadamente um quarto dos artistas que escolherão Romney (27%).

Dentre os artistas eleitores de Obama, há um peso de nomes dos gêneros de origem negra (note bem: os gêneros são de origem negra, mas não necessariamente os artistas). Além de o hip hop e o r&b, juntos, serem responsáveis pela maior fatia de apoios segundo o estilo musical, artistas de blues, jazz e soul também aparecem na lista. Se somados os músicos de todos esse gêneros, eles representam 42% do total. Dentre os que apoiam Romney, o único gênero de origem negra que tem representante na lista além do hip hop e do r&b é o jazz.

Outro detalhe do grupo de músicos que apoiam Obama é a diversidade e um equilíbrio maior em relação ao gênero musical. Há representantes de mais estilos (blues, soul e folk só aparecem na lista dos apoiadores do candidato democrata) e não há um gênero hegemônico como no caso dos pró-Romney, onde mais da metade são do country. A maior presença de gente do gênero country também faz a lista de suporte do republicano ser mais "obscura" para quem não vive nos Estados Unidos. Como este é um estilo com repercussão basicamente lá, fica difícil, aqui, reconhecer quem é a maioria dos nomes que aparecem na lista, ao contrário da turma obamista. Aos olhos dos estrangeiros, ela parece ser mais popular por concentrar, em fatias próximas, artistas do pop, do rock e do r&b, gêneros que a indústria musical norte-americana há tempos conseguiu fazer penetrar mundo afora.

Simon Frith, sociólogo britânico especializado em música pop e suas implicações culturais, é um cara que defende que o gênero musical é a grande bússola da indústria da música - desde as decisões das gravadoras, passando pela performance dos músicos e o comportamento dos fãs. A julgar pelos gráficos, o gênero também pode operar como bússola para o voto de alguns.



Pró-Obama
50 Cent
Marc Anthony
Fiona Apple
Billie Joe Armstrong
Burt Bacharach
Jeff Beck
Natasha Bedingfield
Tony Bennett
Mary J. Blige
Jon Bon Jovi
Jimmy Buffett
David Byrne
Colbie Caillat
Mariah Carey
Cher
Eric Church
Kelly Clarkson
Common
Chris Cornell
Sheryl Crow
Ice Cube
Miley Cyrus
Neil Diamond
Jack Dishel
Snoop Dogg
El Debarge
Gloria Estefan
Ben Folds
Peter Frampton
Aretha Franklin
Michael Franti
Lady Gaga
Philip Glass
Al Green
Cee Lo Green
Josh Groban
Buddy Guy
Merle Haggard
Anthony Hamilton
Herbie Hancock
Jennifer Hudson
Mick Jagger
Elton John
Jack Johnson
Quincy Jones
Toby Keith
R. Kelly
Alicia Keys
B.B. King
Carole King
Beyoncé Knowles
Dave Koz
Kris Kristofferson
Jay-Z
Adam Lambert
Cyndi Lauper
John Legend
Jared Leto
Adam Levine
Jennifer Lopez
LeToya Luckett
Ludacris
Joel Madden
Madonna
Barry Manilow
Chris Martin
Ricky Martin
Dave Matthews
Bette Midler
Nicki Minaj
Moby
Janelle Monáe
Jason Mraz
Nas
Ne-Yo
Randy Newman
Thao Nguyen
Aubrey O'Day
Joell Ortiz
Johnny Otto
Katy Perry
Pink
Pitbull
Pras
Busta Rhymes
Flo Rida
Axl Rose
Kelly Rowland
Rza
Johnny Rzeznik
Jessica Sanchez
Paul Simon
Trey Songz
Regina Spektor
Bruce Springsteen
Yvonne Staples
Barbra Streisand
James Taylor
Toni Tennille
T.I.
Treach
Justin Timberlake
Usher
Pete Wentz
Kanye West
will.i.am
Stevie Wonder


Pró-Romney
Trace Adkins
Rodney Atkins
Jack Blades
Neal E. Boyd
Zac Brown
Robert Burck
Charlie Daniels
Sara Evans
David Foster
Lee Greenwood
Andy Griggs
Taylor Hicks
Vanilla Ice
Bruce Johnston
Big Kenny
Mike Love
Meat Loaf
Jo Dee Messina
Ronnie Milsap
Sam Moore
Dave Mustaine
Wayne Newton
Ted Nugent
Jamie O'Neal
Donny Osmond
Marie Osmond
John Ondrasik
Randy Owen
Collin Raye
John Rich
Kid Rock
T.G. Sheppard
Shyne
Gene Simmons
Ricky Skaggs
Scott Stapp
Cowboy Troy
Lane Turner
Hank Williams, Jr.
Gretchen Wilson



30 de out. de 2012

E se a turnê de 50 anos dos Stones vier pro Brasil?


Norte-americanos e ingleses estão "ultrajados" e "furiosos" (para usar alguns termos empregados pelos sites de notícias gringos) com os preços cobrados pelos ingressos dos quatro shows anunciados para comemorar seus 50 anos de carreira. Estão caríssimos, eles reclamam. Agora, pensa só: gringos chiando por causa de ingresso caro. O que será então de nós, tupiniquins, se os Stones resolverem vir com essa turnê pra cá, onde ingressos de shows internacionais já são absurdamente mais caros que lá fora? Talvez paguemos no mínimo R$270 pelo setor mais barato.

Como Ronnie Wood já andou dizendo por aí que a banda não descarta alongar a turnê, vamos tentar imaginar quanto esses ingressos poderiam custar aqui no Brasil. As referências são os valores cobrados nos Estados Unidos para esta turnê e os valores pagos aqui no país na turnê Bridges to Babylon, em 1998 (a última turnê paga dos Stones no Brasil, visto que o show de A Bigger Band, em 2006, foi gratuito, na praia de Copacabana). Os valores daquele ano foram corrigidos pela inflação do período.

Em 1998, quem foi ver os Rolling Stones no Anhembi, em São Paulo, ainda ganhou "de brinde" o Bob Dylan (sim, veja aqui. Eu, infelizmente, só vi na época pela transmissão da Globo). Para tanto, desembolsou o que seria equivalente hoje a R$159,07 pelo ingresso mais barato e  R$293,67 pelo mais caro. Mas, como é nossa sina pagar mais caro que os norte-americanos para ver exatamente a mesma coisa, esses preços eram, respectivamente, 44% e 73% maiores que os preços cobrados nos Estados Unidos na mesma turnê (os valores de lá também foram corrigidos).

E se essa porcentagem extra for transposta para os ingressos de uma possível turnê no Brasil tendo como base os preços cobrados hoje nos Estados Unidos pela turnê de 50 anos? O ingresso mais barato para os dois shows em Nova Jersey custa US$95 (ou R$192,44). Se ele aumentar 44% aqui, como ocorreu com a Bridges, o preço irá para R$277,11. Já o mais caro custa US$750 (ou R$1519,28) nos Estados Unidos. Se tivermos que pagar 73% a mais no Brasil, o valor final vai para R$2.628,35.

A conta pode seguir outro caminho também e considerar a variação de preços, nos Estados Unidos, entre os ingressos da Bridges e a atual turnê. Os possíveis valores finais para o Brasil, no entanto, ficam bem próximos da primeira conta. O ingresso mais barato tem um preço hoje 75% maior nos Estados Unidos que em 1998. Seguindo a mesma variação, no Brasil, isso ficaria em R$278,37. Já o ingresso mais caro é absurdos 798% maior hoje que 14 anos atrás. No Brasil, isso daria um preço final de R$2.637,15.

Resumindo: os ingressos poderiam ficar entre R$270 e R$2.600 (insano, este valor seria para um tal de "tongue-pit", bem na beirada do palco, sem ter a necessidade de acampar horas ou dias para ter acesso à primeira fila). Esses valores foram calculados somente de forma comparativa com os preços que pagamos aqui no passado e os preços cobrados hoje lá fora. Outros fatores podem fazer essas cifras se esticarem ou se contraírem feito elástico. A famigerada meia-entrada é uma delas, que sempre joga os preços pro alto. O número de ingressos postos à venda também. Nos Estados Unidos, os Stones tocam em arenas. Por aqui, o destino mais provável, hoje, seria um estádio, o que quase triplicaria o público e, em tese, permitiria baixar um pouco mais o preço.

O certo é que não vai ser barato. E os Stones provam que nem sempre dá pra ter o que a gente quer.


   

25 de out. de 2012

O velho rock 'n' roll

Sean Penn com jeitão de Robert Smith
Uns meses atrás comentei aqui um artigo do Guardian que qualificava o rock como música do envelhecimento. Parece que a indústria do cinema está na mesma sintonia e já são dois os filmes recentes que colocam como personagens centrais um rock star aposentado/decadente/depressivo. Depois de Sean Penn estrelar "Aqui É Meu Lugar" como um roqueiro recluso que sai da Irlanda para retomar a relação com o pai nos EUA, foi anunciado esta semana que Al Pacino também fará papel semelhante. Em "Imagine", ele será um rock star aposentado que passará por uma reviravolta na carreira ao descobrir uma carta que John Lennon, seu ídolo, escreveu para ele quando ainda tinha 19 anos. Será que nasce um novo filão no cinema?

17 de out. de 2012

Nos 50 anos, Stones vão de Beatles

A notícia poderia ser "Vaza áudio de ensaio dos Rolling Stones para nova turnê", mas prefiro dar uma alfinetada na pseudo rixa Beatles x Stones (só acredito nela como uma brincadeira boba, mas gostosa) e dizer que "Stones comemoram 50 anos com nova versão para música dos Beatles". Explico: alguém conseguiu gravar um trecho do ensaio que Mick e cia. fizeram na semana passada na Inglaterra para os quatro shows (dois na Inglaterra e dois nos EUA) que a banda anunciou que fará em novembro para celebrar suas cinco décadas. Nele ouve-se uma versão diferente de "I Wanna Be Your Man", composição que John e Paul deram de presente para a então novata banda de Londres. Este foi o segundo single da banda e o primeiro a entrar nas paradas.

16 de out. de 2012

Ingresso pro Lolla - Tá caro ou tá barato?


A realização de shows gringos no Brasil tem sempre um momento esperado no script: aquele em que os fãs reclamamos do alto preço dos ingressos, turbinados pela profusão de entradas de estudante vendidas e a maldita taxa incompreensivelmente chamada de "conveniência". Comparados com os preços praticados fora do país (outra parte recorrente desse script), os valores que pagamos aqui ficam ainda mais caros.

Com o Lollapalooza Brasil, que só acontece no feriado da Páscoa no ano que vem (29, 30 e 31 de março), não foi diferente. Há gente reclamando do valor cobrado pelo passaporte de três dias de festival (R$900 - todos os valores citados aqui referem-se à inteira). Há gente reclamando pelo valor cobrado para cada um dos três dias (R$330 agora, R$360 a partir de janeiro de 2013). Mas caro e barato podem ser adjetivos aplicáveis a estes valores conforme o seu foco no festival.

Vamos comparar nossa situação com a dos gringos. Na edição norte-americana do Lolla deste ano, em Chicago, os passaportes variaram entre US$75 e US$230 (R$150 e R$460). Os ingressos individuais custaram US$95 (R$190). Os Chilenos, que também terão um Lolla no ano que vem, um fim de semana após o nosso, vão pagar entre 45 mil e 75 mil pesos pelo passaporte de dois dias (entre R$193 e R$322). A média por dia sai consideravelmente menor que aqui no Brasil. Ainda não há preços separados para cada um dos dias.

Mas vamos isolar a nossa realidade pelo menos por este momento, uma vez que ela não mudará enquanto não houver mudança na lei que regulamenta a meia-entrada ou na fiscalização exercida sobre esse benefício. O que você pretende com o Lolla? Ver todas as bandas (ou, pelo menos, a maioria delas, tendo em vista que os horários de algumas atrações coincidem) ou só o headliner (o chamariz para a maior parte das 70 mil pessoas que passarão pelo Jockey Clube)? Dependendo da resposta, a ida ao festival pode sair uma pechincha ou mais cara que um show comum. Vejam as contas feitas para cada situação:

Quanto mais, melhor - para quem quer ver o máximo de bandas que puder
Número de bandas por dia de festival: 20
Valor médio por banda:
Comprando o Lollapass: R$15 por banda (R$18 incluindo a taxa de conveniência)
Comprando o ingresso de dias separados: R$16,50 por banda (R$19,80 incluindo a taxa de conveniência)

Só o headliner me interessa
Quero ver só o Pearl Jam
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez no Morumbi no ano passado você pagou: entre R$190 e R$380
Diferença de R$140 considerando os ingressos mais baratos

Quero ver só o Killers
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez na Chácara do Jockey em 2009 você pagou: entre R$200 e R$350
Diferença de R$130 considerando os ingressos mais baratos

Como o Black Keys ainda não tocou no Brasil, não dá para fazer essa comparação com a dupla dos EUA.

Agora é com vocês. Decidam o que querem que entre pelos seus ouvidos e o que saia dos seus bolsos e vejam se a equação compensa.

Ingresso pro Lolla - Tá caro ou tá barato?



A realização de shows gringos no Brasil tem sempre um momento esperado no script: aquele em que os fãs reclamamos do alto preço dos ingressos, turbinados pela profusão de entradas de estudante vendidas e a maldita taxa incompreensivelmente chamada de "conveniência". Comparados com os preços praticados fora do país (outra parte recorrente desse script), os valores que pagamos aqui ficam ainda mais caros.

Com o Lollapalooza Brasil, que só acontece no feriado da Páscoa no ano que vem (29, 30 e 31 de março), não foi diferente. Há gente reclamando do valor cobrado pelo passaporte de três dias de festival (R$900 - todos os valores citados aqui referem-se à inteira). Há gente reclamando pelo valor cobrado para cada um dos três dias (R$330 agora, R$360 a partir de janeiro de 2013). Mas caro e barato podem ser adjetivos aplicáveis a estes valores conforme o seu foco no festival.

Vamos comparar nossa situação com a dos gringos. Na edição norte-americana do Lolla deste ano, em Chicago, os passaportes variaram entre US$75 e US$230 (R$150 e R$460). Os ingressos individuais custaram US$95 (R$190). Os Chilenos, que também terão um Lolla no ano que vem, um fim de semana após o nosso, vão pagar entre 45 mil e 75 mil pesos pelo passaporte de dois dias (entre R$193 e R$322). A média por dia sai consideravelmente menor que aqui no Brasil. Ainda não há preços separados para cada um dos dias.

Mas vamos isolar a nossa realidade pelo menos por este momento, uma vez que ela não mudará enquanto não houver mudança na lei que regulamenta a meia-entrada ou na fiscalização exercida sobre esse benefício. O que você pretende com o Lolla? Ver todas as bandas (ou, pelo menos, a maioria delas, tendo em vista que os horários de algumas atrações coincidem) ou só o headliner (o chamariz para a maior parte das 70 mil pessoas que passarão pelo Jockey Clube)? Dependendo da resposta, a ida ao festival pode sair uma pechincha ou mais cara que um show comum. Vejam as contas feitas para cada situação:

Quanto mais, melhor - para quem quer ver o máximo de bandas que puder
Número de bandas por dia de festival: 20
Valor médio por banda:
Comprando o Lollapass: R$15 por banda (R$18 incluindo a taxa de conveniência)
Comprando o ingresso de dias separados: R$16,50 por banda (R$19,80 incluindo a taxa de conveniência)

Só o headliner me interessa
Quero ver só o Pearl Jam
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez no Morumbi no ano passado você pagou: entre R$190 e R$380
Diferença de R$140 considerando os ingressos mais baratos

Quero ver só o Killers
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez na Chácara do Jockey em 2009 você pagou: entre R$200 e R$350
Diferença de R$130 considerando os ingressos mais baratos

Como o Black Keys ainda não tocou no Brasil, não dá para fazer essa comparação com a dupla dos EUA.

Agora é com vocês. Decidam o que querem que entre pelos seus ouvidos e o que saia dos seus bolsos e vejam se a equação compensa.

15 de out. de 2012

Cinco dias para o Gossip no Brasil - Agora vai. Agora vai?

Agora vai. Vai?
Segunda-feira, 15 de outubro. Estamos a cinco dias do Festival Planeta Terra, que acontece no próximo sábado (20) em São Paulo. A essa altura, cogitar sobre o possível setlist do Suede ou se será possível admirar de perto a belezura dos irmãos Followill torna-se uma tarefa até pequena diante de uma dúvida mais consistente: será que desta vez, finalmente, o Gossip não vai dar pra trás de última hora e cumprirá com o combinado?

Para quem não se recorda, a banda de Beth Ditto, uma das atrações desta edição do Planeta Terra, cancelou por duas vezes shows marcados no país, às vésperas das apresentações. Em 2008 (num mesmo mês de outubro, diga-se), os ingleses cancelaram as apresentações no Tim Festival (Rio e São Paulo) duas semanas antes das datas confirmadas. Em 2010, o cancelamento aconteceu apenas uma semana antes do primeiro dos quatro shows que estavam marcados aqui, em março daquele ano (Porto Alegre, BH, São Paulo e Rio).

Entramos agora na contagem regressiva. Faltam apenas cinco dias. Como diria aquela voz em off de um quadro do Fantástico: estamos de olho.

3 de out. de 2012

O erudito que é pop (7)

Essa deve estar pau a pau com o hit dos berços "Dorme, neném, que a Cuca vem pegar". A "canção de ninar" do alemão Bramhs (Brahms's Lullaby), composta na segunda metade do século XIX, já deve ter embalado seu sono em algum momento da sua infância.


1 de out. de 2012

Como dois e dois são...



Hoje o Guardian informou que há rumores segundo os quais Morrissey e cia. teriam assinado contrato para quatro shows, dentro eles um no Glastonbury do ano que vem. Também nesta segunda, o Pitchfork destacou uma declaração de Moz na qual ele revela que o Coachella prometeu uma edição 100% vegetariana caso ele aceitasse se reunir com Johnny Marr e se apresentar como The Smiths. A revelação não foi seguida de uma negativa sobre a reunião com o ex-parceiro, coisa que Moz já fez antes.

Some as informações. Faça as contas. Tão certo quanto dois e dois são... quatro ou cinco? Acho que começa hoje uma novela interessantíssima. Aguardemos os próximos capítulos.

26 de set. de 2012

A juventude é uma banda numa propaganda de ketchup

Era para ser um registro para neo-hippies-indies-cults. Virou um dos virais mais amados/odiados de 2011. Caiu no esquecimento como acontece com estes fenômenos de internet. Mas a Hellmanns não se esqueceu do pessoal da Banda Mais Bonita da Cidade e de sua "Oração" e usou o sucesso internético como trilha de sua campanha de 50 anos. Aproveitou e deu uma kibada escancarada no esquema plano sequência do clipe, um dos elementos que garantiu a grande repercussão do original.


25 de set. de 2012

Filosofando sobre Lana



Lana Del Rey, aquela moça que começou como um burburinho na internet e foi parar na trilha da novela das nove, anunciou hoje que vai relançar o seu primeiro e único disco, "Born To Die", lançado em janeiro deste ano, em versão deluxe - a "Paradise Edition". A caixa vem com toda aquela quinquilharia que tem feito desse novo produto salva-vidas da indústria do disco algo irresistível: faixas inéditas, versão em vinil, encarte de fotografias e DVD.

Agora, veja bem: estas caixas turbinadas vêm sendo um recurso comum para relançar obras completas de medalhões com certo tempo de estrada ou que já nem estão mais em atividade. Normalmente servem para comemorar uma efeméride ou para resgatar discos que já saíram de catálogo ou que não têm ainda versões remasterizadas. E aí vem a Lana, cuja existência pública deve estar completando um ano, e cujo único registro fonográfico saiu há nove meses, e se envereda por esse tipo de estratégia.

Pode não significar nada, pode ser uma "subversão" da linha comercial seguida até agora. Mas é muito curioso que um recurso lançado para celebrar artistas com carreira consolidada e, principalmente extintas, seja usado tão precocemente por uma cantora exatos nove meses após sua estreia em disco batizada de "Nascida para Morrer", em um relançamento que é a "Edição do Paraíso". Nada contra uma carreira curta, com feitos normalmente atingidos em bastante tempo condensados em um curtíssimo período, como é o caso de Lana. Mas não consigo ignorar estes simbolismos.    

20 de set. de 2012

A música do dia

Estou escrevendo uma reportagem sobre o show que Fafá de Belém fará aqui em BH na próxima terça em homenagem ao Antônio Maria, compositor pernambucano falecido em 1964 e que deixou para nosso cancioneiro muitos sambas-canção. Pesquisando (e ouvindo) a obra dele, descobri esta gravação de Nat King Cole de uma de suas mais conhecidas composições, "Ninguém Me Ama". Nat King Cole cantando em português. Para tudo. É muito lindo.


18 de set. de 2012

BHeatles

Liverpool é aqui. Pelo menos o será em novembro, a julgar pelo que está previsto na agenda de BH. Será neste mês que provavelmente o Uakti apresentará ao vivo seu novo trabalho, que consiste em adaptações de músicas dos Beatles para a sua peculiar linguagem instrumental.

E, lá no finalzinho do mês, no dia 29, começará a primeira BH Beatle Week, que segue até o dia 1/12 (é praticamente uma BH Beatle Weekend, né? rsrs). Presenças já confirmadas: Tony Bramwell (amigo de infância de George Harrison, braço direito de Brian Epstein e autor do livro de memórias "Magical Mystery Tours - Minha vida com os Beatles"), Lizzie Bravo (cuja voz está presente na gravação de "Across The Universe" e que prepara o lançamento do também livro de memórias "From Rio To Abbey Road") e a Orquestra Ouro Preto (que tem obras dos fab four em seu repertório).  

14 de set. de 2012

As duas caras de "My Way"



Uma das estreias da semana nos cinemas é "My Way", cinebiografia do cantor e compositor francês Claude François, autor de "Comme d'habitude", que ficou mundialmente conhecida pelo mesmo nome do filme por meio da gravação de Frank Sinatra. O filme mostra a trajetória de Claude rumo ao sucesso nos anos 1960: garoto treinado pela família para ser músico clássico, encontrou seu lugar na canção popular depois de vencer obstáculos, mas teve que enfrentar a rejeição do pai pelo caminho seguido.

Mas o assunto aqui é outro. É a tal música, que acaba sendo duas. Entre a gravação original em francês e a versão em inglês, há uma distância tão grande quanto a extensão do Atlântico que separa a França dos Estados Unidos. O responsável por esse afastamento foi Paul Anka, que escreveu os versos em inglês da música lançada em 1967.

Enquanto a original ("Como de costume"), expõe o sofrimento de um homem diante do desprezo da esposa e da rotina fria que partilham em casa, "My Way" mostra um homem que, diante da proximidade do fim da vida, faz um balanço sincero sobre seus atos. Sendo o amor um tema absurdamente recorrente na canção popular, é preciso uma dose acima da média de inspiração e talento para não ser só mais um na multidão. Já as reflexões feitas por um homem maduro, inclusive aquelas sobre seus fracassos, proferidas por um todo-poderoso ídolo/intérprete, exige que, no mínimo, se preste atenção. E, como se não bastasse ser "a voz" cantando, Sinatra faz a gente acreditar em cada palavra que está sendo dita.


13 de set. de 2012

Hail hail George Martin

Muito injustamente, o nome de George Martin não é tão vangloriado quanto deveria pelo senso comum, fora do mundinho beatlemaníaco ou especializado em músico. Por isso mesmo, é bom lembrar que foi lançado esta semana nos EUA o documentário "Produced by George Martin", que conta a história do homem que ajudou a fazer a mágica acontecer dentro dos estúdios de Abbey Road. O blu-ray já está à venda na Amazon. Aguardamos a chegada do material ao Brasil.


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