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29 de abr. de 2013

Paul de perto*

Se George Harrison ficou conhecido como o beatle quieto, Ringo Starr como o brincalhão e John Lennon como o integrante dotado de rebeldia, sobrou para Paul McCartney os estereótipos de bom moço, carismático e educado. É a imagem que ele sugere no palco, em entrevistas e em biografias, desde a época dos Beatles até hoje, mas é também a impressão deixada pelo próprio em fãs que tiveram a oportunidade de se aproximar do músico, que no próximo sábado (4), estreia sua nova turnê, “Out There”, no Mineirão, com ingressos esgotados.

“Uma pessoa muito simpática, muito agradável, um cara sensível, engraçado e muito educado”, lista a carioca Lizzie Bravo ao adjetivar Paul. A lista de elogios é um resgate das anotações que fazia sobre ele em seu diário, na adolescência, entre 1967 e 1969. Neste período, entre os 15 e os 18 anos, Lizzie morou em Londres, onde trabalhou, estudou, acompanhou diariamente os Beatles na condição de fã, e também teve a honra de participar de uma gravação da banda – ela fez os backing vocals de “Across the Universe”.

Sua rotina na capital inglesa era ir para a escola (faltava muito) e o trabalho durante o dia e rumar para a porta dos estúdios de Abbey Road no fim da tarde, quando os quatro rapazes costumavam dar início às sessões de gravação. Topava com todos, que sempre se mostravam simpáticos, naturais e brincalhões, segundo Lizzie. Com Paul, especificamente, ela sentia-se mais à vontade para conversar, pois, diante de John, seu beatle preferido, gaguejava. Paul, por sua vez, retribuía as abordagens da garota com solicitude. “Ele foi extremamente atencioso comigo durante todo o tempo que morei na Inglaterra”.

Amostras dessa atenção incluíam atos simples: certa vez, Paul notou que Lizzie havia cortado os cabelos; em outra, folheou os cadernos da escola para checar se a menina estava estudando para valer; em outra ocasião, lhe emprestou um gravador. “Comentei que tinha recebido uma fita K7 de amigos brasileiros, mas não tinha conseguido ouvir ainda porque era difícil achar gravador naquela época. Ele então falou: ‘vai lá em casa que eu te empresto’. Ele me levou pra dentro da casa dele, me explicou como funcionava o gravador e fiquei com o aparelho emprestado uns dias. Ele era bastante acessível”, recorda. Isso foi em 1969, quando os Beatles já tinham feito história e construído um império.

Não raro, Lizzie e outras fãs acompanhavam Paul, tarde da noite, no trajeto do estúdio para casa, a mesma que ele mora até hoje, na Cavendish Avenue. Os poucos minutos que separam o local de gravação da residência eram feitos a pé, com um detalhe. “No verão, de vez em quando ele ia descalço”, diz.

A boa impressão que Paul deixou em Lizzie nos anos de Londres não foi quebrada quando os dois se reencontraram, 21 anos depois, em 1990, nos Estados Unidos, em uma coletiva de imprensa para jornalistas brasileiros, na qual Paul falaria sobre sua primeira turnê no Brasil. Ela foi credenciada como fotógrafa e teve uma surpresa no final. “Ele se levantou e apertou a mão de todo mundo que estava lá. Quando chegou minha vez, perguntou: ‘por que será que me lembro de você?’. Falei: por que cantei no mesmo microfone que você”, relata.

Moleton e cabelo atrapalhado
Repetindo cenas do passado protagonizadas por Lizzie, a arquiteta Marina Garcia usou o último dia de sua estada em Londres, no ano passado, para “fazer ronda” nas proximidades da casa de Paul na esperança de encontrá-lo. Depois de algumas voltas no quarteirão sem muito sucesso, o operário que trabalhava em uma obra na casa vizinha à do astro comentou com a fã que ele havia ido à academia, localizada num clube de críquete na rua contígua à que mora, junto com a esposa, Nancy. Dica de ouro.
Dez minutos depois, Marina avistou Paul dobrando a esquina. “Ele estava com roupa de academia, de moleton, com o cabelo atrapalhado”, descreve a arquiteta, que ressalta a gentileza do casal diante de sua abordagem. “Ele é essa pessoa meio inacreditável, que mora na mesma casa desde os anos 1960, perto de Abbey Road, onde tem muitos turistas e fãs, e estava indo para a academia a pé, sozinho, sem nenhum segurança”.

Paul apenas se recusou a dar um autógrafo. “Gentilmente, ele disse que não. Mostrou que ali era a rua da casa dele e brincou: ‘let’s shake hands, right?’”. Essa é uma postura corriqueira do beatle: oferece a fãs que o abordam na rua aperto de mão no lugar de autógrafos ou fotos. Em uma cena do documentário “The Love We Make”, sobre show beneficente que o músico organizou no pós-11 de setembro em Nova York, ele está dentro de um carro quando um homem lhe pede autógrafo pela janela. Ele reluta em dar sua assinatura alegando que há quem peça autógrafo com fins comerciais, como leiloar na internet.

Encontro particular
Mas isso não quer dizer que ele nunca presenteie os fãs. Virou moda em seus shows fãs pedirem autógrafos no corpo para transformá-lo em tatuagem e o ídolo atende alguns (a maioria meninas), chamando-os no palco para concluir o pedido. O publicitário Adriano Nunes tem uma dedicatória de Paul também, mas a conseguiu após um encontro particular com o beatle.

No show de Florianópolis, em abril do ano passado, ele comprou o ingresso que dá direito a assistir à passagem de som e aproveitou para levar um cartaz pedindo que Paul autografasse seu trabalho de conclusão de curso da faculdade, sobre a carreira do ídolo. Após o músico deixar o palco, Adriano foi chamado por um segurança: o Sir queria vê-lo.

Já no backstage, o publicitário foi surpreendido por um Paul que chegou sorridente e de braços abertos para abraçá-lo. “É uma atitude que eu não esperava de uma pessoa que está tão acostumada com assédio”, diz. Travado que o fã estava, coube a Paul puxar a conversa. O músico pediu detalhes sobre o trabalho, folheou as páginas, leu trechos em português e elogiou. Foram apenas cinco minutos, mas bastaram para que Adriano sanasse uma dúvida que tinha: seria Paul simpático como aparenta ser em público? “Ele é humilde, muito tranquilo. Deixa a pessoa à vontade e no mesmo nível dele. Fala olhando nos olhos, abraço e aperto de mão firmes, dá pra ver que não é falsidade”.

Mais 
O diário que Lizzie Bravo escreveu sobre sua convivência com os Beatles em Londres vai virar livro. O lançamento de “Do Rio a Abbey Road” deve ocorrer na BH Beatle Week, no fim do ano

VOCÊ SABIA?

Nome
Paul se chamaria James McCartney IV, em homenagem ao pai, ao avô e ao bisavô, todos batizados com o mesmo nome. Para facilitar a distinção entre os quatro, sua mãe, Mary, decidiu chamar o filho de James Paul McCartney

Música
Paul se iniciou na música tocando trompete, um presente do pai, Jim McCartney, para seu aniversário de 14 anos. Logo ele trocaria o instrumento por um violão. Ele queria algo que o permitisse cantar e tocar ao mesmo tempo

Animais
Desde 1966, Paul mantém na Escócia uma fazenda. Vegetariano e ativista dos direitos dos animais, o astro cria ovelhas na propriedade

Dinheiro
Em meados da década de 1960, Paul tinha o hábito de guardar os milhões que ganhava em sacos de dinheiro num cofre de sua casa. O compartimento não ficava trancado e continha centenas de pacotes

Arte
Paul é pintor e já criou mais de uma centena de telas, as quais incluem retratos e imagens abstratas

Vídeo game
Paul tem o hábito de jogar Beatles Rock Band com os netos. Ele sempre perde, mas corta o barato dos netos ao lembrar que o jogo só existe por causa dele

*Reportagem publicada na edição de 26/4/13 do jornal Pampulha

Paul no Brasil em números

Paul McCartney vai estrear sua nova turnê em BH, no próximo dia 4 - depois desta que vos fala, em parceria com seus amigos, gritar insistentemente "Paul, vem falar uai" - e o portal do jornal O TEMPO preparou hotsite com conteúdo multimídia sobre a vinda do Sir a terras mineiras. Eu, de lá do meu cantinho da redação do Pampulha, colaborei com parte do conteúdo, e um deles diz respeito a um mega apanhando sobre as visitas que Paul fez ao Brasil desde sua estreia tupiniquim, em 1990.

Foi um trabalho de algumas contas, horas fuçando em arquivos de jornais e no site do próprio Paul para garimpar todos os dados, que foram apresentados graficamente de maneira bem descolada pela Aline Medeiros. Acesse este link para a versão interativa do material. Enjoy!



25 de abr. de 2013

Beyoncé + H&M



É um editorial de moda? É um clipe? É um comercial? É um teaser de um novo álbum? Bom, é um pouco disso tudo o vídeo da H&M para promover a coleção de verão estrelada por Beyoncé. A trilha é a música "Standing on the Sun", provável nova faixa de seu novo disco, "Mrs. Carter", que ainda não viu a luz do dia.

Não por acaso, o nome do vídeo no YouTube é "Beyoncé as Mrs. Carter in H&M", sugerindo um casamento claro entre a cantora e a marca para a promoção de seu novo trabalho.

Com a propalada crise do setor fonográfico, é interessante notar os caminhos que artistas e mercado estão encontrando para promover, criar expectativa e tornar mais atrativo um disco. Soltam teaser, lançam game, fazem vídeo de bastidor, fazem até "trailer" de disco. Beyoncé decidiu vender roupa, coerente com seu status de mulherão e com o poder da imagem para atrair.

22 de abr. de 2013

Beyoncé Fashion Week

Beyoncé estreou neste mês sua nova turnê, a Mrs. Carter Show World Tour, a mesma que virá ao Brasil em 11 de setembro, aqui em BH, no Mineirão, e dois dias depois, 13, na noite de abertura do Rock in Rio. No show, a esposa de Jay-Z apresenta as músicas de "Mrs. Carter", seu mais recente álbum, os inevitáveis hits da carreira e um desfile de modelitos criados especialmente para esta turnê por mais de uma dúzia de grifes: Givenchy, Emilio Pucci, Alon Livne, David Koma, Ralph & Russo, Vrettos Vrettakos, The Blonds.

Certamente, a esta altura você já deve ter ouvido falar de dois deles ao menos, os de Ralph & Russo e The Blonds, que ~escandalizaram~ pelo design trompe l'oeil. Em ambos os modelitos, cristais estrategicamente posicionados sobre a região dos mamilos colocam em evidência esta parte do corpo. O buchicho em torno do figurino nos remete ao passado, mais precisamente a 1990, quando Madonna provocou bafafá com o já histórico sutiã em forma de cone desenhado por Jean Paul Gaultier. Vamos aguardar os próximos 23 anos para saber se os bodies de Ralph & Russo e The Blonds vão integrar a calçada-da-fama-dos-figurinos-históricos-do-pop.

Da esquerda para a direita: figurinos de Ralph & Russo, Jean Paul Gaultier e The Blonds

Para além das ~polêmicas~, o guarda-roupa da nova turnê tem muitos bodies, alguns vestidos, um macacão coladésimo e bafo e uma sequência de figurinos Emilio Pucci.

Todos os figurinos para Emilio Pucci

Da esquerda para a direita:  Bey veste Alon Livne, David Koma, Ralph & Russo e Givenchy




14 de abr. de 2013

Daft Punk + Saint Laurent



Justin Timberlake, em sua nova turnê, vai subir ao palco vestindo Tom Ford. Paul McCartney resolve tudo em família e veste os ternos que sua filha Stella desenha exclusivamente para o próprio. Já o Daft Punk, na turnê que começará em maio, para divulgar o ainda misterioso "Random Access Memories", vai de Saint Laurent - que, nessa brincadeira com a música, passou da água para o vinho, ou do grunge para a eletrônica.

Hedi Slimane criou uma versão cravejada de paetês do Le Smoking para a dupla  Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter usar em sua nova maratona de shows. A revelação do figurino ocorreu neste fim de semana, em vídeo exibido durante o festival Coachella, na California, no qual o Daft Punk aparece ao lado de dois colaboradores do novo álbum, o produtor Pharrell Williams e o guitarrista Nile Rodgers, todos devidamente paramentados com a exclusividade. No teaser, é possível ter uma amostra do primeiro single deste novo trabalho, "Get Lucky": uma música com pegada disco bem light. O brilho dos paetês do Le Smoking reforça ainda mais essa atmosfera, remetendo aos típicos globos das discotecas setentistas. A Saint Laurent também divulgou imagens do ensaio (acima).





Só para lembrar, o namoro do Daft Punk com a Saint Laurent vem desde o lançamento da primavera-verão 2013, quando a dupla compôs uma trilha sonora exclusiva para o desfile, em outubro do ano passado. os 15 minutos de música consistem em remixes da obra do bluesman norte-americanno Junior Kimbrough (1930-1998).


3 de abr. de 2013

Saint Laurent + grunge (outra vez)

Depois de levar a estética grunge à risca para a passarela, a Saint Laurent selecionou estrelas ligadas direta ou indiretamente ao gênero para estrelar a campanha outono/inverno 2013/14. Courtney Love, a viúva do grunge, e Ariel Pink, clone visual de Kurt Cobain, estão lá. Entraram de gaiato Kim Gordon, que já fazia música com seu Sonic Youth quando o grunge sequer era um embrião, e Marilyn Manson, que entrou na cena musical quando o bonde dos camisas flaneladas já estava em movimento.




Sérgio K. + Banda Uó

Para divulgar seu inverno 2013, Sergio K convocou o fotógrafo a banda Uó, um cover de Michael e outro de Gaga, anões e o fotógrafo Terry Richardson. O resultado é o vídeo abaixo, dirigido por Richardson, estrelado pelos anões e pelos covers e musicado pelo trio Uó, com a faixa "We Don't Fucking Care".




Em tempo, a nova coleção tem espírito musical, com camisetas que estampam os já citados Michael e Gaga, além da dupla stoniana Mick e Keith.

2 de abr. de 2013

LollaBR + Boy magia

Uma pausa nas modelos esqueléticas, nas trilhas sonoras e nas parcerias do tipo banda + estilista para falar de garotos. E de homens também. Aproveitando a ressaca do Lolla que não insiste em passar, vamos falar dos moços bonitos que subiram no palco do festival no último fim de semana e chamaram a atenção pela beleza, pelo visual e pela música também, vá lá.

Abrimos com o metrossexualismo de Brandon Flowers. A movimentação frenética do vocalista do Killers durante o show é inversamente proporcional ao cabelo cuidadosamente fixado com gel. O visual roqueiro de boutique mostra que o moço tem bom gosto para se vestir. E, apesar da cara de menino e da silhueta mignon, quando ele resolve tirar a jaqueta vemos que ele tem de presente braços discretamente definidos. Um charme a mais.



Ricky Wilson, do Kaiser Chiefs, com seu jeito indie arrumadinho de ser, chamou atenção pela jaqueta que eu gostaria de ter e pelos quilos a menos. Mas deixamos claro que amamos Ricky nas duas versões, bold e itálico.



Por fim, menção honrosa ao macho alfa da guitarra, ao deus da virilidade, Josh Homme. Como bom macho jurubeba que é, o que menos importa para ele e para nós é o que está vestindo, mas sua simples presença na praça obriga uma menção. Quem estava lá viu que a mulherada não economizou nos gritos de "gostoso" e na histeria. Ainda estamos todas sob efeito de Josh.


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