É prática comum nas grandes publicações dos Estados Unidos, e em certo grau nas redações britânicas, a tentativa de resumir em apenas uma frase a vida e obra de personalidades nos obituários. É a chamada "cláusula quem", introduzida no New York Times pelo jornalista Robert McG Thomas Jr.
Quem me chamou atenção para isso há algum tempo foi o jornalista Mauricio Stycer, por ocasião da morte de Farrah Fawcett, e desde então fico atenta aos textos gringos dos jornalões - e "revistões" - que noticiam a morte de gente importante. Por mais árdua que seja a tarefa - condensar a complexidade de uma vida em poucas palavras com clareza - gosto de ver como as definições se complementam, se convergem ou divergem.
A morte de Lou Reed ontem - o cara que me fez entender lá pelos 16 anos que música "estranha" pode ser algo muito bom e, com isso, abriu um buraco na minha cabeça dando espaço para novos sons - me fez prestar mais atenção ainda na prática. Abaixo, uma coletânea de "cláusulas quem" sobre ele, que vão da definição mais objetiva, com jeitão de dicionário, até a mais poética, deixando à mostra o fã que se esconde por trás de quem fez o texto.
Do New York Times:
Lou Reed, o cantor, compositor e guitarrista, cujo trabalho com o Velvet Underground em 1960 teve uma grande influência sobre gerações de músicos de rock, e que continuou a ser uma poderosa senão polarizante força para o resto de sua vida, morreu no domingo em sua casa em Amagansett, NY, em Long Island. Ele tinha 71 anos.
Do The Guardian:
Lou Reed, vocalista do Velvet Underground, cronista veterano do lado mais selvagem, desagradável e desesperado da vida, e um dos compositores mais influentes e distintivos de sua geração, morreu aos 71 anos de idade.
Da Rolling Stone:
Lou Reed, compositor maciçamente influente e guitarrista que ajudou a moldar quase cinquenta anos de rock, morreu hoje on Long Island.
Da NME:
Lou Reed, que morreu aos 71 anos, foi o eixo central por trás do Velvet Underground e um ícone da música com uma carreira de quase 50 anos.