16 de out. de 2013

Black Sabbath honra legado*

Foto: Denilton Dias/O Tempo

Ver o Black Sabbath ao vivo , com sua formação clássica e original, é como ir a Paris e ver a Torre Eiffel. Você passou a sua vida inteira ciente da grandiosidade daquilo tudo, mas o impacto de ver aquele símbolo diante de seus olhos faz parecer que você está descobrindo a grandiosidade naquele exato momento, tornando o símbolo ainda mais poderoso.

A reunião dos membros originais já bastaria para causar este impacto, mas outros fatores deram ainda mais força à noite desta última terça (15) na esplanada do Mineirão. Ter a banda tocando no quintal de casa foi a primeira delas - apesar do show de Belo Horizonte ter sido confirmado tardiamente, três meses depois do anúncio da turnê nacional, o que levou muitos fãs mineiros ao Rio e a São Paulo. Ver nomes de peso da música mundial na cidade é uma realidade ainda recente, o que não deixa ser empolgante.

A segunda foi a excelente performance da banda, uma constante na turnê sul-americana. Em uma época em que tantas bandas armam reuniões, tornando o gesto por vezes duvidoso, é notável perceber que os sessentões do Sabbath, sejam quais forem as suas razões para a reunião, são capazes de fazer um show à altura do legado da banda. Ozzy, cuja dicção chega a ser um pouco confusa enquanto fala, em função das sequelas do uso de drogas, muda completamente quando abre a boca para cantar. Sua voz foi quase nada prejudicada pelo tempo. Além disso, é um show man dedicado, que incita a plateia a fazer barulho, bater palmas e pular - e que também diz seguidas vezes "God bless you" ("Deus os abençoe"), apesar do título de príncipe das trevas.

O guitarrista Tony Iommi, que passa por um tratamento contra um linfoma (câncer no sistema linfático), continua sem nenhum tipo de afetação e de pose no palco, o que valoriza ainda mais sua performance. Geezer Butler também teve seu momento de destaque com um solo emendado em "N.I.B"

E mesmo se a banda não estivesse 100%, ainda restariam os clássicos para sustentar o show. "War Pigs", primeira da noite, e "Black Sabbath" tiveram resposta enérgica do público. "Iron Man" já conseguiria sozinha enlouquecer os fãs, mas foi potencializada por um longo solo do baterista Tommy Cufletos - substituto de Bill Ward, o único membro original que não participa da turnê de reunião. Outro clássico de Ozzy e cia., "Paranoid" encerrou o show. No público, uma fã chorava emocionada. A cena, perdida em meio à multidão de 20 mil pessoas e inimaginável em um público de heavy metal, é uma prova de que o show que encerrou a turnê do Sabbath no Brasil passou longe de ser um show qualquer.  

Falhas
O ponto negativo da noite ficou por conta das longas filas para os banheiros e a falta de higienização dos mesmos, assim como a falta de bebidas. Em determinado momento, alguns bares já não tinham mais cerveja, refrigerante e água disponíveis.  

*Texto meu publicado no site do jornal Pampulha em 16/10/2013

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