10 de fev. de 2014

Músicas de protesto: elas ainda são feitas e tem duas novas na parada

Beijinho no ombro pra homofobia do Putin passar longe

Música de protesto tem um jeitão de rótulo anacrônico, perdido em algum lugar dos anos 1960 e 1970, mesmo que causas para protestar nunca tenham faltado no mundo. Rótulos datados à parte, 2014 já ganhou duas músicas que, mesmo que não sejam tão imediatamente classificadas ou concebidas como tal, tomam posições em demandas da ordem do dia que esse bando de gente perdida chamada humanidade inexplicavelmente ainda não conseguiu realizar plenamente: os direitos das mulheres e os direitos dos homossexuais.

"Russian Kiss", um batidão eletrônico da cantora norueguesa Annie, mira nas leis anti-gay do governo Putin (é proibido a casais homossexuais a demonstração de afeto em público e a qualquer pessoa falar positivamente da homossexualidade em público), que ganharam mais repercussão devido aos holofotes jogados sobre a Rússia em função da realização dos jogos de inverno no país, na cidade de Sochi.

O título da música carrega certo grau de ironia e provocação, mas os versos são bem diretos: "Don't give up, maybe then they can understand / It is right that you fight for your love demands" ("Não desista, talvez assim eles possam entender que é correto você lutar pelas suas exigências de amor"). O refrão tem tom de grito de guerra: "Shake a fist for the Russian kiss!" ("Erga os punhos pelo beijo russo").




"Go Forth, Feminist Warriors", por sua vez, junta quase duas dezenas de vozes num rap para tratar das diferentes lutas enfrentadas pelas mulheres em tom divertido e ao mesmo tempo estimulante, segundo uma das compositoras, Katy Davidson. O nome pro trás do projeto Key Losers dividiu a autoria da música com sua parceria constante de composição, Marianna Ritchey.

A música foi composta a pedido da revista online Rookie, dedicada ao público feminino e coordenada pela blogueira prodígio Tavi Gevinson (que participa dos vocais). O desejo da equipe da revista era conceber uma espécie de "We Are The World" feminista.

O time reunido é bem menos estrelado que aquele recrutado por Michael Jackson nos anos 1980, mas talvez isso não seja tão importante. Participam da gravação: Katie Crutchfield, MNDR, Kate Nash, Kimya Dawson, Suzy X., Tavi Gevinson, Katy Davidson, Marianna Ritchey, Geneviève Castrée, Thao Nguyen, Storey Littleton, Tegan and Sara, Dee Dee Penny (Dum Dum Girls), Ted Leo, Aimee Mann, Psalm One e Carrie Brownstein.

Entre os versos, "They mansplain every night and day/ But they can't mansplain our freedom away". "Mansplain" é um verbo fruto do neologismo e que, por isso, ainda não tem tradução direta para o português, mas pode ser entendido como a imposição da visão masculina para explicar uma determinada questão. Talvez algo como "eles impõem sua visão de mundo noite e dia, mas não vão impor a minha liberdade".



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