9 de mar. de 2014

Tchau, iPod. Olá, PonoPlayer. É isso que o Neil Young quer

Em formato de embalagem de Toblerone, o  player de música digital (que não é MP3) do Neil Young vai ser apresentado na terça e estará à venda a partir de quinta

Neil Young vai contar pra gente nesta terça (11), em palestra no South by Southwest, qual é a real do seu Pono, novo formato de arquivos de áudio, reprodutor (PonoPlayer) e serviço de música digital (PonoMusic) que promete música em alta resolução no qual ele vem trabalhando há aproximadamente dois anos. Tudo isso pra ver se convence a moçada a comprar o PonoPlayer, a parte física do sistema, que vai estar à venda a partir de quinta (15) no Kickstarter a preço promocional - embora o valor do desconto não tenha sido informado, é oficial que o aparelho chegará ao mercado custando US$ 400.

Um purista do som, Neil Young quer salvar os ouvidos das novas gerações do que ele considera ser uma baixa qualidade do áudio oferecido nos serviços de música digital como iTunes e Spotify. Em entrevista feita quando o projeto ainda se encontrava em fase preliminar, Young disse que arquivos de MP3 chegam a ter apenas 5% dos dados contidos em uma gravação original. E o que ele quer (e está prometendo) é recuperar essa qualidade perdida.

Young recrutou a Ayre, empresa especializada em tecnologia de áudio, para desenvolver um formato de áudio que permitisse aos ouvintes ter acesso às gravações com qualidade de estúdio e a maior fidelidade de áudio possível. Estima-se que os arquivos terão uma taxa de bits de 320 kbps (kilobit por segundo). Este é o valor máximo suportado atualmente pelo MP3, mas, em média, estes arquivos vêm com uma taxa de 128 kbps. A taxa de bits indica a quantidade de dados guardada por unidade de tempo.

Na prática, o Pono vai funcionar assim: o PonoPlayer vai vir com memória de 128 GB, o suficiente para armazenar entre 1 mil e 2 mil álbuns, segundo o fabricante (daí a estimativa de cada arquivo ter uma taxa de bits de 320 kbps). Em formato de embalagem de Toblerone, o aparelho tem tela touch screen, suporta cartão de memória e vai custar US$ 400 (nos Estados Unidos, o iPod Classic, com 160 GB, custa US$ 260). A PonoMusic é a loja online onde será possível fazer o download de músicas e discos do catálogo de gravadoras grandes e independentes por valores ainda não informados. Fones de ouvido customizados para o PonoPlayer também estarão à venda na loja. Um aplicativo para desktop vai fazer a ponte entre os dois anteriores, permitindo o download e a sincronização de música não só do Pono, mas também de "outros serviços de música de alta resolução", segundo o comunicado oficial sobre o lançamento do produto.

Muito poético, Neil Young disse que ouvir o Pono é como "ver os primeiros sinais da luz do dia logo depois de sair de uma sala de cinema em um dia ensolarado". Eu, que só vou ao cinema no fim da tarde ou à noite (quando vou, porque às vezes vejo os filmes do meu computador), e que passei a infância ouvindo vinil e fitas K7, comecei a adolescência ouvindo CD e sigo firme no MP3 desde a era Napster, aprendi a não me apegar a formatos. Quero mesmo o som entrando pelos meus ouvidos da maneira mais fácil e imediata possível. E acho que meus ouvidos, nesse meio tempo, desaprenderam a diferenciar contrastes em ondas sonoras, bits ou que o for - a não ser que sejam diferenças muito óbvias. Suspeito que tem toda uma geração pós-Napster mais radical ainda nesse sentido. Ou seja, Neil Young tem um grande desafio pela frente. Mas, como é um senhor muito do distinto, merece pelo menos nossa atenção.

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