3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

26 de abr. de 2014

Mea-culpa 21/4 a 25/4

Piadista esse Bowie

Tudo que eu queria ter postado essa semana, mas não postei:

- Usando e abusando do Daft Punk: Arcade Fire faz de conta que a dupla invadiu o palco do Coachella e Bowie insinua uma versão robótica de "Heroes" só pra fazer graça

- O-A-S-I-S L-G: não se sabe se vem bafão por aí ou se é só trollagem, mas foi o que mais de significativo Liam Gallagher tuitou esta semana

- Clipes novos da semana: "I Shot the Sheriff", na versão de Karen O e N.A.S.A, "Heavy Seas of Love", do Damon Albarn, e "Sheezus", da Lily Allen

- Disco novo da semana: "Indie Cindy", do Pixies

- "My house, my life": Jon Bon Jovi tem projeto de moradia de baixa renda nos Estados Unidos

- Depois de Kinks, Blondie é alvo de cover de Gisele Bündchen

- O Libertines voltou. Pra um show, por enquanto, dia 5 de julho, no Hyde Park

Os 50 tons de Lorde

A versão mais colorida da MAC (esquerda) para os lábios sensação de Lorde

Além de um dos hits incontestáveis de 2013 (e que se arrastou por 2014 até o momento), Lorde agora tem também uma linha de maquiagens da MAC, revelada nesta semana. A parceria com a marca canadense, que também já se juntou a Rihanna, coloca no mercado um delineador e um batom (abaixo), item que gerou mais expectativa quando do anúncio da parceria, tendo em vista como a cor dos lábios da cantora já se tornou um elemento fundamental da sua imagem até aqui.

Batizado de "Pure Heroine", mesmo nome do bem-sucedido álbum de estreia da jovem neo-zelandesa, o batom desenvolvido pela MAC vem em tom ligeiramente acima das cores dark e dramáticas que Lord costuma usar em suas aparições em público. A cor pega carona na tendência de tons uva e vinho para os lábios que já vem de temporadas passadas e é mais puxado para o uva que para os tons quase negros que a moça já chegou a ostentar. Enfim, menos Lorde, mas mais usável.


25 de abr. de 2014

A volta do riot grrrl (ou quase)

Girl, put your 90's records on


Ok, não vamos exagerar tanto. Não é qualquer banda feminina com som pesado ou alternativo surgida nos anos 1990 que pode entrar na categoria de riot grrrl, principalmente se você utilizar critérios mais rígidos, mas não dá pra negar que o movimento que trouxe o feminismo para dentro do rock vinte anos atrás abriu espaço para muitas outras grrrlsss (em alguns casos acompanhadas de boys) e duas delas estão de volta com música nova: Veruca Salt, que definitivamente está de volta, e Courtney Love que, dizem, ensaia um retorno do Hole.

Mesmo com discurso sobre questões feministas bem menos (ou quase nada) contundente que o de bandas como o Bikini Kill, Veruca Salt e Courtney Love/Hole ajudaram a ampliar a lista de bandas que colocavam as moças no centro da ação, ajudando a fortalecer na imagem (e também no som) aquilo que os grupos mais politizados faziam principalmente no discurso - e, aceite ou não, imagem ainda é algo importante nesse mundo para formação de valores e identidade.

Mas falando do que interessa neste post, o Veruca Salt apresenta a nova "Museum of Broken Relationships", lado B do relançamento do single de "Seether" (seu principal sucesso), que chegou às lojas neste mês em projeto especial para o Record Store Day. É um aquecimento para o novo álbum que a banda já confirmou que sai ainda este ano.

Já Courtney Love está de volta com "You Know My Name", primeira metade de um single de novidades que ainda vai revelar a inédita "Weeding Day". É que a cantora oferece até o momento para aquecer sua turnê que começa em maio, no Reino Unido. A controvérsia que Love costuma atrair pode gerar aquela indisposição para ouvir a novidade, mas lembre-se que um dia ela fez "Miss World", "Doll Parts" e "Violet" e dê uma chance a ela.

As duas faixas trazem aquele cheiro delicioso de anos 1990, conservando o DNA de seus respectivos trabalhos que o mundo conheceu duas décadas atrás.



23 de abr. de 2014

A redenção, a cafonice e a mutação em "Marilyn Monroe", novo clipe de Pharrell


Pharrell, aquele moço do chapéu, lançou hoje o clipe de "Marilyn Monroe", single que vem com a missão de manter a sequência de sucessos que o músico e produtor vem enfileirando desde o ano passado. A faixa, presente no álbum "Girl", faz mais jus ao nome do disco que ao seu próprio nome, uma vez que se ouve Pharrell fazer uma ode à garota amada, ser tão perfeito que chega a fazer de Marilyn Monroe (e também de Cleópatra) uma mulher de menos importância. O clipe, por sua vez, é uma ode às garotas - no plural, muitas delas, em clima de editorial de moda e dança de rua, e ainda traz algumas revelações sobre o o gênio pop do momento - algumas mais sérias, outras nem tanto.

1) Redenção

Quem acusou Pharrell de racismo em função da capa de "Girl", que traz o produtor posando ao lado de três mulheres brancas, ganhou uma resposta em "Marilyn Monroe" (a começar pela capa do single, acima). As girls que dividem a cena com Pharrell no clipe são brancas, negras, orientais, de cabelos longos, curtos, crespos e ondulados. Há também vários takes com uma tentativa clara de dar destaque ao modelo de "girl next door", com meninas com cara de gente normal, de óculos, andando, comendo, sendo apenas meninas. Mas é fato também que não estamos livres totalmente de closes vazios em certas partes dos corpos das dançarinas. Mesmo assim,  há um salto gigantesco entre a falta de diversidade da capa de "Girl" e o escândalo de machismo de "Blurred Lines" e o que se assiste neste novo clipe.

2) Cafonice

Mesmo com toda pinta de cara descolado e modernoso, Pharrell é capaz de se submeter à gravação de cenas muito cafonas e constrangedoras. Logo nos primeiros segundos do clipe, você não vai conseguir escapar do sentimento de vergonha alheia. E vai se divertir também.

3) Mutação
 

Temos um novo camaleão na música pop e o nome dele é Chapéu™.  A essa altura já deu para entender que a peça com a assinatura de Vivenne Westwood já virou parte integrante do figurino de Pharrell, mas em "Marilyn Monroe" revelou-se um novo fato sobre o acessório: além de estar permanentemente presa à cabeça de Pharrell, ele muda de cor conforme as condições atmosféricas de temperatura e pressão.

Conclusão: o clipe é, ó: bom demais.


21 de abr. de 2014

Quando o rock encontrou García Márquez

Este senhor ajudou a salvar alguns rocks

Os gramofones que as matronas francesas levaram para Macondo devem ter feito ecoar pelas ruas da cidade as vozes de Alex Turner, Michael Stipe e Thom Yorke dia desses. Talvez o realismo fantástico de Gabriel García Márquez não nos permita ir tão longe assim, mas o fato é que o rock se deparou com Gabo e sua escrita em algum ponto do caminho e transformou o encontro em influências declaradas ou referências pontuais.

Com ar de frescor, a influência mais abertamente expressa da obra do colombiano incide hoje sobre o frontman do Arctic Monkeys, Alex Turner. Não foram poucas as vezes, em entrevistas recentes, que o músico revelou ter se inspirado no universo de García Márquez para compor as músicas do elogiado "AM" (2013), disco que marca uma virada qualitativa na sonoridade e na estética da banda britânica. "No começo, talvez minhas composições fossem mais próximas de algum tipo de realismo e, nesse disco, elas soam mais como realismo mágico", disse à HBO, citando a interferência de suas leituras de Márquez no seu processo de composição.

"Arabella", o mais recente single do disco, é a faixa que deixa escapar mais claramente essa inspiração. "Seus lábios são como a beira da galáxia e seu beijo como a cor de uma constelação", canta Turner sobre os delírios provocados pela sedutora figura feminina retratada na música.



De maneira mais discreta, outro britânico também deixou entrever suas leituras de Gabo. Nos tempos melódicos do álbum "Pablo Honey" (1993), Thom Yorke escreveu para o Radiohead "Banana Co.". O lado B do single de "Pop is Dead" alude à instalação da companhia bananeira em Macondo, onde se passa a saga dos Buendía em "Cem Anos de Solidão". Os versos tratam das mudanças provocadas pela empresa na cidade, da expectativa de prosperidade capitalista à ruína que culmina em uma rebelião trágica dos trabalhadores: "Banana Co, nós realmente precisamos de você, mas está tudo em chamas e nós temos que extinguí-las".



O R.E.M lembrou o escritor colombiano no clipe de seu maior sucesso, "Loosing My Religion" (1991). A referência que mais salta aos olhos é a das pinturas quase fotográficas de Caravaggio, mas há citação visual também do conto "Um Senhor Muito Velho Com Umas Asas Enormes", sobre um anjo que cai no quintal da casa de uma família após uma forte chuva. Um anjo velho, frágil e debilitado, tal qual a criatura descrita pelo autor no conto, também cai direto do firmamento.  Além disso, o próprio Michael Stipe aparece acompanhado de asas enormes em algumas cenas.

19 de abr. de 2014

Mea-culpa 14/4 a 18/4

Fãs brasileiros, via Facebook, dão o recado

Tudo que eu queria ter postado essa semana, mas não postei:

- The AC/DC treta: O fim. Não, pera. A banda não vai acabar, mas o Malcolm está doente e vai se afastar.

- CAT-ALERT: O novo clipe do Parquet Cours, "Sunbathing Animal"

- Arcade Fire e Debbie Harry juntos no Coachella, motherfuckers!

- Duas novas: "The Mechanism", do Disclosure, e "Turn Blue", do Black Keys

- Uma nova-velha: "Black Hole Sun", do Soundgarden, como veio ao mundo, 20 anos depois

- Nick Oliveri, a.k.a o peladão do Rock in Rio, tocou com o QOTSA pela primeira vez em dez anos

- Happy, Pharrell chora de emoção ao ver vídeos de fãs

17 de abr. de 2014

Protestos, tubarões e assaltos: o diário do Guns no Brasil

Guns: quase brasileiros

Termina hoje (17), em Fortaleza, a mega turnê de um mês do já não tão-mais-mega-assim Guns n' Roses. Do dia 20 de março até esta quinta, foram nove shows em cidades do sul, sudeste, centro-oeste e nordeste - houve apenas um breve recuo para os vizinhos Paraguai, Argentina e Bolívia antes dos dois últimos shows.

Em tempos áureos, lá nos idos de 1992, 30 dias seriam suficientes para a banda deixar um rastro de muita arruaça, bebedeira e algumas dezenas de cadeiras jogadas pela janela do hotel, mas, como os tempos são outros, esse tipo de coisa hoje em dia é para profissionais da estirpe de Justin Bieber. Fazendo a linha de gente como a gente, a banda que ainda chamam de Guns (mas que teve Dizzy Reed e Duff McKagan na formação que passou pelo país) teve dias típicos de um brasileiro comum: esbarrou em protestos, encarou um assalto e ostentou o encontro com uma celebridade nas redes sociais. Abaixo, um breve diário gunserístico-tupiniquim destas últimas semanas:  

24 de março - #OGiganteAcordou
Um atraso de duas horas no estreia da turnê, no Rio, no dia 20, e mais outros 25 minutos de espera para os fãs que acompanharam o segundo show da turnê, em BH. Parecia tudo normal na rotina do Guns até que alguns dos integrantes, de bobeira em Brasília, resolveram turistar. O passeio escolhido foi o Museu de Anatomia Humana da UnB (!), o que já valeria aquelas notinhas do EGO. Mas eis que os músicos se deparam, no local, com um protesto de alunos contra o fim das aulas práticas de anatomia e decidem aderir à causa. "#AnatoJá", "+ Técnicos de Anatomia", diziam os cartazes que a banda erguia, no cumprimento de seu não-dever cívico.



27 e 28 de março - Um rolezinho "de Bowie"
Próxima parada: São Paulo. Sempre há muito o que fazer por lá, mas a escolha foi o rolezinho do momento na cidade: a exposição do Bowie no MIS. Não se sabe se a banda (sem Axl) pegou as inevitáveis filas para ter acesso à mostra, mas os sorrisos animados e cheios de vigor da foto que registra a visita indicam que eles não perderam mais de uma hora parados à beira da avenida Europa. No dia seguinte, veio o show. Notando que já estava na hora de fazer uma média com a galera do Brasil, a banda não se contentou em levar uma bandeira do país para o palco e tocou o "Tema da Vitória" para lembrar os 20 anos de morte de Ayrton Senna.



13 de abril - Axl Marrom
Dias agitados estavam por vir. E a presença do baixista Duff McKagan nos shows que ocorreriam em Recife e Fortaleza não era, nem de longe, a razão dessa agitação. A sequência de eventos fantásticos no nordeste começaria com o encontro de Axl e Alcione no Aeroporto Internacional de Recife numa tarde domingo. Nas redes sociais, uma troca de elogios daquelas que a gente vê entre Faustão e os globais no domingão: "Com a incrível Alcione!", disse Axl no Twitter. No Instagram, Alcione devolveu o entusiasmo em dobro: "Hoje eu ganhei meu dia! Encontrei meu ídolo Axl Rose! Abracei, beijei, cheirei, fiz tudo que tinha direito! Sou muito fã do Guns N' Roses e especialmente dele!".



14 de abril - Perdeu, gringo!
"Uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor". Se havia alguma intenção de seguir a filosofia sabiamente propagada por Chico Science, ela foi abortada quando o guitarrista Richard Fortus e sua esposa foram vítimas de um assalto, logo após o almoço, na porta do hotel em que estavam hospedados. Levaram a bolsa da moça, ainda que fãs que aguardavam a banda no local tenham tentado correr atrás dos bandidos, sem sucesso.

15 e 16 de abril - Zumbis e Tubarões
Novamente, um atraso de duas horas diante da plateia recifense parecia indicar que tudo havia voltado ao normal na rotina do Guns, apesar dos agitos (bons e ruins) dos dois dias anteriores. Uma referência a "Praieira", da Nação Zumbi, durante o show (ibagens, quero ibagens), mostrou que a banda se encantou com as belezas locais. A troca da foto do perfil de Axl Rose por uma imagem das inúmeras placas que sinalizam a presença de tubarões nas praias recifenses só deu mais certeza sobre isso. "Eles têm tudo aqui... Tubarões, tubarões, tubarões... Eles são os melhores! Errr .. Quer dizer, os piores! Ha!", tuitou um Axl empolgado.

Axl e sua foto de perfil no Twitter: muito amor por Recife




14 de abr. de 2014

"I Touch Myself" não é mais (só) sobre aquilo

Chrissy Amphlett pede que você, moça, continue se tocando, mas de maneiras diferentes 

Não se limite mais à mensagem inicial de "I Touch Myself", do Divinyls, hino da masturbação feminina que foi sucesso no início dos anos 1990. O sentido dos versos da música foi recontextualizado e o foco mudou do prazer para a saúde - quer dizer, não mudou. Digamos que foi ampliado.

Em uma iniciativa da família de Chrissy Amphlett, autora da música, morta no ano passado vítima de câncer de mama aos 53 anos, a música agora é apresentada como um alerta para a importância do auto-exame nas mamas, em uma campanha batizada com o nome da canção. A mudança atende a um pedido da própria compositora, conforme comunicado oficial. "Quando Chrissy desenvolveu câncer de mama, ela quis que a música se tornasse um hino para espalhar a importância das mulheres se tocarem para detectar a doença precocemente".

Para colocar a campanha em prática, a música foi relançada em uma versão mais sóbria e menos pop na voz de dez cantoras australianas (Chrissy nasceu na Austrália): Little Pattie, Olivia Newton John, Kate Ceberano, Megan Washington, Katie Noonan, Deborah Conway, Suze DeMarchi, Sarah Blasko, Connie Mitchell e Sarah McLeod. O projeto também ganhou um site que leva o nome da música: itouchmyself.org.

Ouça abaixo a versão original e a regravação de "I Touch Myself".




Os achados do Record Store Day

Sábado que vem (19) é dia do índio, aniversário do Roberto Carlos e também o dia da loja de discos - ou Record Store Day, como a data é internacionalmente conhecida. Com lugar cativo no calendário desde 2007, a data celebra no mundo inteiro, inclusive no Brasil, sempre no terceiro sábado de abril, a cultura musical das lojas de disco independentes.

Indiretamente, é uma lenha extra para aquecer o combalido mercado fonográfico. Por essa razão, artistas e gravadoras investem gradativamente mais em lançamentos exclusivos para a data. Neste ano, são mais de 600 novidades, entre material inédito, reedições de raridades e produtos que não se resumem ao formato do disco - apesar de vinis dominarem a lista.

Garimpar tudo isso não é fácil. Além da vastidão de lançamentos, os discos não são distribuídos uniformemente entre as lojas participantes e chegam aos estabelecimentos em edições limitadas, geralmente, entre 300 e 7.500 cópias - muita coisa depois acaba caindo na rede, via eBay, ou, claro, via downloads ilegais.

No Brasil, sete lojas em seis estados, mais o Distrito Federal, participam oficialmente do Record Store Day (veja a lista no fim do texto).  Abaixo, segue um filtro bastante modesto de alguns achados da edição 2014 do evento.

Música nova

Bruce Springsteen vem com "American Beauty", EP com quatro inéditas: "American Beauty", "Mary Mary", "Hurry Up Sundown" e "Hey Blue Eyes", todas da safra dos três últimos álbuns do Boss. O Veruca Salt, que deve retornar em breve com disco novo, vai colocar nas lojas o single de "Seether", um de seus principais hits nos anos 1990, com duas novas músicas no lado B. O Garbage, que também prepara disco novo para este ano, faz o aquecimento com o single "Girls Talk". No lado A, um dueto de Shirley Manson com Brody Dalle, "Girls Talk Shit"; no lado B, "Time Will Destroy Everytinhg", sobra de estúdio ainda inédita do último disco da banda. Paul Weller ("Brand New Toy" e "Landslide") e Mazzy Star ("I'm Less Here" e "Things") também liberam material inédito para a data.


Relançamentos

Na onda das efemérides, ganham relançamento o trintão "Ocean Rain", do Echo and the Bunnymen, e o disco de estreia do Outkast, "Southernplayalisticadillacmuzik", que completa duas décadas agora em 2014, ano que marca o retorno da dupla aos palcos. O Soundgarden foca nos singles de "Superunknown", também lançado há vinte anos. A banda coloca nas lojas um box com os cinco singles do disco, incluindo os lados B originais. Rolling Stones e Joy Division terão EPs reeditados: "Got Live If You Want It" (1965), registro ao vivo de turnê inglesa dos Stones e "An Ideal For Living" (1978), disco de estreia da banda de Ian Curtis.


Picture Disc

Caprichados e com um charme a mais, os picture disc - os vinis com imagens impressas direto no disco - são uma minoria na lista de lançamentos, mas têm se tornado corriqueiros, provavelmente pelo apelo que o formato tem para colecionadores. David Bowie é um dos responsáveis por transformar esse tipo de lançamento em uma tradição no evento, com novidades neste formato desde 2012. Neste ano, o camaleão aumenta a sua lista de picture discs com os singles de "1984" e "Rock n' Roll Suicide". Bastille ("Of The Night"), Korn ("The Paradigm Shift) e até Katy Perry ("Prism") entraram na onda.


Fitas K7 

Apostando na febre retrô, o Record Store Day deste ano tem lançamentos de seis artistas no formato das até então finadas fitas K7. Dentre eles, "Recess", estreia de Skrillex em disco, e "Demolicious", uma compilação do Green Day com 17 demos da trilogia "¡Uno!", "¡Dos!", "¡Tré!" e a inédita "State of Shock".


Camisetas

A ideia do Record Store Day é celebrar a cultura do disco, mas também dar aquela faturada, principalmente agora que o evento tem alcance mundial. Junte isso ao fato de camisetas de bandas terem sido alçadas a itens de moda e, pronto, está aí um bom produto para se comercializar. Neil Young é o recordista do segmento neste ano, com quatro estampas sendo lançadas. O My Chemical Romance lança um modelo espirituoso, batizado de Coffin Rocker, remetendo à breve existência da banda (2001-2013). As gêmeas Tegan e Sara também participam, com estampa criada exclusivamente para a data.


Lojas participantes do Record Store Day no Brasil:
Modern Music Discos - Brasília (DF)
Monstro Discos - Goiânia (GO)
Toca do Disco - Porto Alegre (RS)
Passa Disco - Recife (PE)
Plano B Lapa - Rio de Janeiro (RJ)
Neves Records - Santa Bárbara d'Oeste (SP)
The Records - São Paulo (SP)

12 de abr. de 2014

Mea-culpa - 7/4 a 11/4

Se depender do Pitbull, vai ter Copa, sim. E com música ruim


Tudo que eu queria ter postado essa semana, mas não postei:

- Diz a lenda que não vai ter Copa, mas música da Copa a gente já tem

- Ouça "Heavy Seas of Love", mais uma de Everyday Robots, do Damon Albarn, que sai dia 28

- Veja "Smooth Sailing", clipe novo do QOTSA com nosso macho alfa preferido enfiando o pé na jaca

- Habemus Morrissey tracklist: Moz revelou o nome das 12 músicas de "World Peace Is None Of Your Business", que sai em junho

- Miley Cyrus canta "A Day in the Life" com Wayne Coyne. E é bom

- Nasce mais um super grupo: Anthemasque = Flea + Mars Volta

- É treta: filme sustenta tese de assassinato de Kurt Cobain

- Na modinha dos teasers/trailers, Led Zeppelin lança vídeo para promover relançamento do disco homônimo de estreia

11 de abr. de 2014

Kurt Cobain, as mulheres e o que não te contaram sobre o Nirvana no Hall da Fama do Rock

Kim, Joan, St. Vincent e Lorde: elas são Kurt

Talvez você tenha notado que apenas mulheres - Kim Gordon, Joan Jett, Lorde e St. Vincent - ocuparam os vocais que um dia pertenceram a Kurt Cobain na cerimônia que incluiu o Nirvana no Rock n' Roll of Fame. Elas fizeram o papel do front man do Nirvana enquanto Dave Grohl, Krist Novoselic e Pat Smear ocuparam seus respectivos postos de baterista, baixista e guitarrista durante a execução de alguns dos principais singles do Nirvana durante a cerimônia. Talvez você não tenha notado. Talvez esse detalhe não tivesse um significado em outro contexto. Mas, nas circunstâncias da noite de ontem, tinha.

Kurt era um cara consciente da prevalência de estruturas machistas e patriarcais no mundo em que vivia. E não se sentia confortável com isso. Em seus diários, disse que "sabia que era diferente. Pensava que era gay ou algo do tipo porque eu não conseguia me identificar com os caras de jeito algum. Nenhum deles gostava de arte ou música. Eles só queriam lutar e transar. Foi há muitos tempo, mas isso me deu esse ódio real pelo macho americano médio".

Em ocasiões diversas, demonstrou seu incômodo diante do sexismo. No encarte de "Incesticide", disse que não queria sexistas (e também racistas ou homofóbicos) em meio ao público do Nirvana. "Se algum de vocês odeia homossexuais, pessoas de cor diferente da sua ou mulheres, faça-nos um favor: deixe a gente em paz, porra. Não apareça em nossos shows nem compre nossos discos". Também eu seu diário, concluiu que "todos os 'ismos' se alimentam um do outro, mas no topo da cadeia alimentar ainda está o homem macho, forte, branco e corporativo. (...) Eu ainda acho que, para expandir em todos os outros ismos, o sexismo tem de ser completamente implodido".

Kurt namorou Toby Vail, ativista feminista e integrante do Go Team e do Bikini Kill, duas bandas da cena riot grrl. Escreveu "Rape Me" e "Polly", duas músicas que ele afirmava ser anti-estupro, apesar de nem todo mundo ter interpretado corretamente a primeira e da segunda não ser tão explícita quanto ao tema. Enxergou em Axl Rose um antagonista, talvez porque Rose integrasse a grande concorrente do Nirvana naquele início de anos 1990, talvez por treta típica de bastidores do rock, mas certamente porque identificava no comportamento do vocalista do Guns n' Roses e em sua música traços de sexismo e homofobia.

Por isso, e acho que só por isso, a inclusão do Nirvana no Rock n' Roll Hall of Fame, essa instituição parte careta, parte tiozona, parte chapa branca, tenha escapado das garras da vergonha alheia (apesar do momento piegas de Courtney e Dave Grohl se abraçando e encenando a dupla BFF). O Hall da Fama, com todos os adjetivos da frase anterior, vai na contramão da origem transgressora do rock. E o rock, apesar da natureza transgressora, nunca foi um terreno completamente livre do viés sexista que Kurt tanto rejeitava. Mesmo que de maneira sutil e indireta, Kim, Joan, St. Vincent e Lorde no lugar de Kurt (será de quem foi a ideia?) deram na noite de ontem o recado que Kurt insistiu em dar em seus 27 anos de vida e que nunca esteve tão na ordem do dia. Pena que quase ninguém captou a mensagem.

==========

Na TV norte-americana, a cerimônia de indução do Nirvana ao Hall da Fama - com as apresentações das moças à frente da banda - será exibida no dia 31 de maio, na HBO. Até as imagens oficiais caírem na rede para o mundo inteiro ver, dá para acompanhar boa parte da festa graças aos vídeos amadores dos convidados.






Na madruga boladona com o Coachella

Headliner supremo do Coachella, Outkast faz primeiro show em sete anos

Começa daqui a algumas horas, no deserto de Indio, na Califórnia, o gigantesco Coachella. De hoje (11) até domingo (13), com repeteco exato da programação no próximo fim de semana, o festival coloca pra tocar algumas boas dezenas de artistas naquele formato de pesadelo com o qual a gente vem se acostumando aqui no Brasil: um monte de gente boa tocando nos mesmos horários.

Como vem se tornando tradição, o primeiro fim de semana do evento terá transmissão ao vivo via YouTube, por meio de três canais. Devido ao fuso horário, quem estiver pelas bandas de cá do Equador vai poder acompanhar os shows das 19h30 (horário de Brasília) até, pelo menos, as 3h ou 4h da manhã. E é na madrugada que vão rolar dois dos momentos mais aguardados do Coachella: o primeiro show do Outkast em sete anos e a apresentação do já inclassificável Pharrell, na abertura da turnê de seu recém-lançado "Girl".

Quem ainda estiver de ressaca do Lolla vai poder tomar mais uma dose de algumas atrações que estiveram aqui no último fim de semana: sete delas estão no lineup do evento californiano. Em alguns casos, também será necessário ficar acordado até a madrugada para acompanhar o repeteco dos shows. Alguns dos preferidos deste blog também só vão surgir no palco quando já for madrugada aqui no Brasil.

Confira abaixo uma seleção de shows. Clicando aqui você vê a programação completa.

Highlights

- Madrugada de sexta (11) para sábado (12)
3h Outkast

- Madrugada de sábado (12) para domingo (13)
2h35 Pharrell Williams


Repetecos do Lolla

- Madrugada de sexta (11) para sábado (12)
0h40 Ellie Goulding

- Sábado (12)
22h10 Cage the Elephant
23h55 Lorde

- Madrugada de sábado (12) para domingo (13)
1h Pixies

- Domingo (13)
23h45 Muse

- Madrugada de domingo (13) para segunda (14)
2h20 Arcade Fire
3h10 Disclosure


O que a dona deste blog queria estar em Indio para ver

- Madrugada de sexta (11) para sábado (12)
1h55 Bryan Ferry

- Madrugada de sábado (12) para domingo (13)
1h40 Queens of the Stone Age

- Domingo (13)
21h30 Superchunk

- Madrugada de domingo (13) para segunda (14)
1h25 Beck

8 de abr. de 2014

A depressão pós-Lolla

Sonhei que ainda estava no show do Arcade Fire. "Wake up!"
Acordei no meio da madrugada de segunda-feira achando que estava no show do Arcade Fire, que encerrou o Lollapalooza Brasil no domingo (6). Levou só alguns segundos pra eu perceber que estava na cama. E só mais outros poucos segundos pra sacar que este era o primeiro sintoma daquilo que chamo de depressão pós-show. É aquela sensação de vazio, aquela ressaca afetiva e emocional que costuma atacar depois de uma boa experiência ao vivo.

Após festivais, o quadro tende a ser mais agudo. No caso do Lolla, especificamente, monta-se aquele parque de diversões pra gente grande, com pipoca, picolé, roda gigante, pista de patinação AND bebida, caras gatinhos e uma sequência de shows que você só não acompanha de forma plena porque eles desafiam as leis do tempo (intervalos curtíssimos entre um e outro) e do espaço (distância nível maratona com obstáculos humanos e geográficos entre os palcos espalhados por Interlagos). É como se fosse uma gincana: divirta-se o máximo que puder porque tem hora pra acabar. E quando acaba você sente saudade do que aproveitou e frustração pelo que não deu pra aproveitar. Pimba! É a tal da depressão pös-show dando as caras.

Passa rápido, aviso. Dura até a primeira treta no trabalho, o trânsito ruim ou a conta pra pagar que vão cruzar seu caminho no dia seguinte - pequenos dramas reais do dia a dia. Mas o diagnóstico é quase tão certo quanto os perrengues que você vai arriscar passar pra viver tudo outra vez no ano seguinte.

5 de abr. de 2014

Mea-culpa 31/4 a 4/4

Holograma só usa quem já morreu? Nope

Tudo que eu queria ter postado essa semana, mas não postei

- M.I.A e Janelle Monáe se apresentaram juntas em versão "holograma dos vivos" em uma ação promocional

- Gaby Amarantos e Boss in Drama (feat. Mr. Catra) caíram no funk com "Gaby Ostentação" e "Tropa de Elite", respectivamente

- Com emoção é mais gostoso: Matt Bellamy é atacado por laringite três dias antes de show do Lolla em SP, cancela side show e diz que pode precisar de ajuda dos fãs para cantar no show de sábado (5)

- Alicia Keys e Kendrick Lamar, produzidos por Pharrell, cantam o novo tema de "O Espetacular Homem-Aranha 2", "It's on again"

- John Frusciante lança disco e lança satélite. E uma coisa tem a ver com a outra. Entenda aqui

- Diz o Jack White que vai lançar em junho "Lazaretto", o disco com produção mais rápida da história. Música nova já tem: "High Ball Stepper"

- Lana is back. Ouça "Meet me in the Pale Moonlight"

4 de abr. de 2014

Leave Kurt Cobain alone

Pra quem Kurt apontaria a arma se voltasse à vida hoje?

Quando Kurt Cobain se matou, há vinte anos, estava assolado por uma depressão que lhe tirava o entusiasmo de tudo, inclusive da fama e do reconhecimento que havia conquistado com o Nirvana. Se, duas décadas depois, ele tivesse a oportunidade de ressuscitar e mudar os acontecimentos, talvez chegasse a cogitar pôr fim à banda ou fazer música ruim para cair no ostracismo e esquecimento. Talvez assim eliminasse o tratamento leviano que sua memória e legado vem sofrendo por parte de quem se dispõe a lembrar sua história - comportamento que ganhou mais impulso com a proximidade de seu aniversário de morte, neste sábado (5).

Começou com a polícia de Seattle revelando dezenas de fotos da cena do suicídio de Cobain no último mês de março. Fotos que não traziam nenhuma informação nova. Óculos, seringas, cigarro, notas de dinheiro que não dizem nada senão uma sacada esperta para alimentar o interesse mórbido de muita gente.

Courtney Love, eterna viúva, não ficou de fora e abriu a boca para a imprensa nas vésperas dos vinte anos de morte de Kurt, nesta semana, a fim de anunciar suas ideias para administrar o legado do músico. Disse que pretende fazer um musical sobre a vida do pai de sua filha, Frances. Está apelando para um formato de homenagem que, me parece, se distancia muito do universo no qual o Nirvana, Kurt, e todo o legado grunge orbitou.

Correndo por fora, temos forçações de barra, como o escritor Charles Cross, autor do livro "Here We Are Now: The Legacy of Kurt Cobain and Nirvana", que espertamente descobriu, também às vésperas desse aniversário de morte, uma suposta pista para a origem da letra de "Come As You Are" - estaria ligada, segundo ele, a um anúncio de um hotel de Aberdeen, cidade natal do músico, datado dos anos 1940.

Em meio a tantas lembranças por caminhos forçados, talvez esse pessoal que anda por aí vestindo camiseta do Nirvana, só porque está à venda na vitrine da loja ou no look do dia da blogueira, esteja fazendo, por vias tortas e inconscientes, um serviço mais honesto à memória de Kurt e do Nirvana, ao tranasformarem o nome e o símbolo da banda em ícones perto de serem tão identificáveis quanto a gigantesca boca que simboliza os Rolling Stones. Por não terem ideia do peso dos símbolos que estão evocando, por ignorarem a história, não têm interesses, não manipulam, apenas perpetuam uma imagem.

3 de abr. de 2014

Nando Reis e seus 'rolezinhos' em BH, o disco com Samuel Rosa e a Costa do Marfim na Copa*

São Paulo com Minas, café com leite, Nando com Skank

Se, nos últimos meses, você topou com um ruivo alto e magro nas imediações do bairro Santa Lúcia, onde fica o estúdio Máquina, do Skank, e achou que tinha visto Nando Reis dando um passeio na cidade... você não estava tendo alucinações. O músico reconhece que tem vindo com frequência a Belo Horizonte e a participação nas gravações do 14º disco de inéditas da banda mineira, inclusive, é uma das razões que o têm trazido pra cá. Nos próximos dias, o paulista estará novamente na capital mineira para unir as pontas de uma história que começou aqui.

Nando apresenta sábado (5), no Chevrolet Hall, o show do DVD “Sei Como Foi em BH”, registrado no mesmo palco, em setembro do ano passado. O repertório traz algumas das músicas de seu último disco, “Sei”, e alguns de seus maiores sucessos, todos com arranjos de naipes de metais criados exclusivamente para o show que Nando fez no Rock in Rio, no ano passado, mas que foram apresentados pela primeira vez ao público uma noite antes, em BH – algumas das músicas que Nando mostrou rearranjadas aqui nem chegaram a entrar no set list do festival carioca. “Eu gosto desses marcos que vão trilhando a carreira. BH é uma cidade a que tenho ido como muita frequência e, a cada vez, há mais público. O registro do show aí é único e este não é um show que eu consigo fazer sempre porque a banda fica muito grande, mas será levado praí da forma como ele foi apresentado pela primeira vez. É o retrato de um vínculo”, observa o músico.

Além de um retrato da relação com o público da cidade, o show também é um novo caminho criativo para Nando. O uso de naipes de metais, introduzido por meio da parceria com o trio norte-americano The Freakyboys Horns, que o compositor conheceu durante as gravações de “Sei” em Seattle, era um desejo antigo seu e deve influenciar os próximos trabalhos.

“Eu sempre gostei de metais, mas havia uma dificuldade de encontrar um tipo de arranjo que se encaixasse com os Infernais (banda que acompanha Nando), e eu consegui isso lá em Seattle. Não vou dizer que vou trabalhar agora com essa sonoridade, mas toda experiência musical é absorvida, mesmo que indiretamente. Fatalmente, vou ter arranjos de metais nos próximos discos”,
antecipa.

Samuel Rosa
Nando pretende lançar um álbum em 2015, mas muito antes disso o público terá acesso a material novo do compositor. Previsto para chegar às lojas nos próximos meses, o novo disco do Skank, ainda sem título, vai respeitar a tradição iniciada há 18 anos e trará composições do paulista com Samuel Rosa – desde “O Samba Poconé” (1996), com “É uma Partida de Futebol” –, todos os discos do Skank têm pelo menos uma música assinada pela dupla.

Tendo atingido a maioridade, a parceria Rosa/Reis também alcançou, desta vez, o seu recorde em termos quantitativos. Foram nove músicas escritas pelos dois para o novo trabalho dos mineiros.
“Desta vez, a gente fez tudo com muito mais tempo. Houve mais idas e vindas, ele mandava as melodias, eu fazia os esboços das letras, ele comentava”, conta. Quantas músicas desta safra serão de fato incluídas no disco é uma decisão da banda, mas há chances de, pela primeira vez, os vocais de Nando aparecerem em um disco do Skank. “A gente fez uma coisa que nunca tinha sido feita antes. Eu passei dois dias junto com a banda, em BH, fazendo ajuste das melodias e até gravei algumas coisas cantando. Só não sei se isso vai entrar no disco”.

O que não entrar no novo trabalho pode ficar na fila para ser incluído no desejado disco da dupla que, segundo Nando, ele e Samuel já estiveram perto de gravar, “mas questões da vida me impediram”. As novas composições, por sinal, são um aperitivo para esse disco ainda por fazer, na opinião do paulista. “A maneira de trabalhar com ele (Samuel) nesse disco é muito próxima daquilo que imagino ser um disco nosso”, sugere.

O disco com Samuel entra na fila de projetos de Nando, que inclui ainda um livro com cartas e desenhos feitos por ele para a amiga Cássia Eller (1962-2001). Este último, por enquanto, está em suspenso. “Nenhuma editora se interessou. É um retrato da pobreza do mercado editorial”, critica o músico, que ainda não vislumbra lançar o projeto por vias independentes, caminho que encontrou para sua própria carreira. “Tem tanta coisa pra cuidar, falta dinheiro pra fazer tudo que eu desejo”.

Futebol
Enquanto isso, o torcedor Nando, são-paulino declarado e autor do hino-exaltação “É uma Partida de Futebol”, se prepara para a Copa do Mundo no Brasil. Vai ver Grécia e Costa do Marfim jogarem no Castelão, em Fortaleza, no dia 24 de junho. “Eu queria ir a um jogo de um time africano, principalmente Gana, mas foi o que deu pra comprar”, diz o músico, que deixa entrever um sentimento dúbio em relação ao Mundial. “Como cidadão, me sinto ultrajado. É mais um grande desperdício que o Brasil faz, com antigos vícios de lentidão, de corrupção, de irresponsabilidade”, reclama

Nando Reis
Chevrolet Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, 4003-5588). Dia 5 (sábado), às 22h. R$ 80 (inteira, pista/arquibancada, 1º lote)

*Texto meu publicado na edição de 29/03 do jornal Pampulha

2 de abr. de 2014

O pop na copa: Haim, Diplo e Stromae

Se precisar de cheerleader, a seleção dos Estados Unidos já sabe com quem contar

Copa do Mundo é legal, assuma. E uma das coisas que faz a competição ser legal é o envolvimento direto ou indireto do pessoalzinho do pop - não estou falando necessariamente das músicas chapa-branca da Fifa. Com a proximidade do mundial, começam a aflorar em número maior os encontros entre música e futebol. Exemplo 1: as moças do Haim e o Diplo são alguns dos modelos do uniforme que a seleção norte-americana vai usar no Brasil. Filha de um jogador de futebol, Alana Haim postou em seu perfil no twitter a foto em que posa ao lado das duas irmãs e entregou: "estava sentindo falta do meu primeiro amor... #GOUSA".



Já o belga Stromae - aquele de "Alors On Danse" - ataca na sua própria área, a música, para impulsionar a campanha de seu país natal. É dele o tema oficial dos diabos vermelhos para a Copa no Brasil. "Ta Fête" é aquela mistura já conhecida de hip hop com dance music que fez o moço famoso, mas o mais legal da história é o vídeo de divulgação da música. Antes de apresentar a canção, com um certo humor disfarçado, Stromae brinca de tentar convencer jogadores e técnico belga sobre como sua música é legal para incentivar o time.



1 de abr. de 2014

As mentiras da música neste 1º de abril

Não sei o quanto ainda funciona este papo de dia de mentira, pois, pessoalmente, já saio da cama todo 1º de abril duvidando de tudo que leio e ouço. Já fui logo achando, por exemplo, que era armação a morte do Frankie Knuckles e participação do Pharrell no The Voice norte-americano como um dos técnicos do programa. Mas era tudo verdade. Mesmo assim, houve quem insistisse na tradição da data e invetasse uma mentirinha - ou uma mentirona. Portanto, fique atento se você acreditou em alguma das coisas abaixo:

Kanye West vai lançar um novo disco, "The Rising", com participações de Afrika Bambaataa e Blue Ivy

Não. Quer dizer, mais ou menos. Horas antes do calendário marcar o fatídico dia da mentira, Kanye informou que alteraria datas de sua turnê australiana prevista para maio a fim de dedicar-se mais ao seu novo álbum, que deve ser lançado este ano, mas só. Não há ainda nome, nem capa, nem lista de faixas (muito menos convidados do tipo a filha de um ano e meio de Beyoncé e Jay-Z), nem pré-venda na Amazon, como noticiou o site The 405. Como a notícia ainda está no ar, fica a dúvida se o site caiu na pegadinha de um terceiro ou está esperando alguém acreditar na história.

Longy é o mais recente headliner confirmado para o Glastonbury

"Oi? Que hype do britpop é esse que eu sequer ouvir falar?", alguém deve ter pensado. Um e-mail que aparentava ser da assessoria de imprensa do festival inglês informava que o tal Longy (que existe na internet por meio de uma página no Facebook desde janeiro deste ano e EP à venda, e se apresenta virtualmente como Who Is Longy, o que alimenta essa vibe mentirinha) seria uma das atrações principais do evento, que acontece em junho. Segundo o Telegraph, que mesmo tendo sacado a mentira não resistiu e noticiou a história, o e-mail dizia: "Decidimos que nossa programação de sábado à noite seria liderada por qualquer talento emergente que julgássemos ter mais potencial. Longy é um talento incrível e sua natureza anônima de fato se adequa àquilo que queremos atingir. Estamos certos de que ele fará um show que vai estar no mesmo nível de quaisquer um dos nossos outros headliners. Vocês estão em boas mãos". O material também dizia que a notícia só poderia ser divulgada após as 13h de hoje (esperto quem fez isso). Mais tarde, a organização do festival se pronunciou via Twitter dizendo no melhor inglês: "We had nothing to do with it".

O Coldplay lançou um EP digital chamado "Consciously Coupling", baseado na separação de Chirs Martin e Gwyneth Paltrow

A gente sabe que o próximo disco do Codlpay corre o risco de ter uma carga forte de dor de cotovelo, tipo o "13", do Blur, que o Damon fez quando se separou da Justine Frischmann, mas aí já é demais. Tanto que o site Match já soltou a história com jeito de mentira mesmo. Não, pera. Na verdade, tá rolando uma dúvida se a separação não seria a grande mentira disso tudo, já que o casal continua fazendo tudo junto, apesar de ter tornado público o fim do casamento.

Drake e Rihanna atacando de estilistas juntos

RiRi já colaborou com a River Island e está para lançar sua grife própria, bem como Drake também já colaborou com a britânica Browns com uma linha de camisetas e moletons exclusivas. Mas a parceria entre os dois para uma coleção de roupas masculinas para o e-commerce Nasty Gal, especializado em roupas e acessórios femininos foi só uma brincadeirinha do Style Blazer.

Lil Wayne vai se aposentar
A mentirinha criada pelo próprio artista morreu assim que nasceu. Com uma habilidade de tiozão para pregar peça em seus seguidores do Twitter, em um mesmo tweet ele inventou a história e entregou que a história era falsa. Não sabe brincar de 1º de abril.


Tecnologia do Blogger.