4 de jun. de 2014

Franz Ferdinand e o indie ostentação

Eles são bons de palco, são chiques, mas estão ficando caros

Se o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand foi o estopim para a Primeira Guerra Mundial, o preço dos ingressos para ver aqui no Brasil outro Franz Ferdinand, aquela banda mezzo-escocesa/mezzo-brasileira, poderia servir de estopim para uma micro Terceira Guerra Mundial.

A banda se apresenta no Vivo Rio, no dia 2 de outubro, com entradas que variam entre R$ 360 e R$ 600, valores muito acima dos cobrados nas 4564589 passagens anteriores dos escoceses pelo Brasil. A propósito, tanta frequência assim (com vindas duas vezes em 2006, além de turnês em 2009, 2010, 2012 e 2013) basicamente sempre nos mesmos lugares (RJ e SP) poderia resultar em preços mais sensatos, já que o quarteto não é tão mais novidade assim (mas não deixa de ser uma das minhas bandas preferidas da safra pós-Strokes para todo o sempre, amém).

Na estreia da banda por aqui, em 2006, com shows primeiro na abertura do show do U2 no Morumbi, no finado Motomix, ambos em São Paulo, e na noite dita histórica no Circo Voador, no Rio, a média de preços dos ingressos ficou em R$ 196. Em 2009, o show concorridíssimo na The Week, em São Paulo, custou R$ 260 para cada um dos apenas 500 fãs que tiveram acesso aos ingressos. Em 2010, a média de preços na turnê tripla (que incluiu RJ, SP e POA) ficou em R$ 176. Em 2012, vimos o Franz de graça, com direito a tumulto da PM, no Parque da Independência, em São Paulo. No ano passado, entre o Lollapalooza e um show no Recife, a média foi de R$ 275 (no Lolla, pagava-se R$ 350 para ver o Franz e mais uma boa dezena de bandas). Até que chegamos a uma média de R$ 446 para os shows do Rio, neste ano. Todos os valores consideram os preços de entrada inteira.

Uma inflação que teima em não ser controlada, uma crise no meio do caminho e um câmbio que nunca mais ficou abaixo dos R$ 2 justificam até certo ponto o aumento dos preços, mas é difícil conseguir justificativas para os R$ 360 reais cobrados por um lugar na frisa que dá visão parcial do palco do Vivo Rio. O mesmo valor também é cobrado para a pista. A maioria acaba pagando menos, pois se beneficia (honestamente ou não) da meia entrada, mas subir os valores da inteira é uma forma esperta e há muito tempo usada para tornar a meia entrada mais rentável.

Ah, e o nonsense dos preços cobrados neste show do Rio chega ao ponto de um tal camarote B custar R$ 20 a mais que a frisa com visão parcial. A frisa, que não te dá visão completa do palco, custa R$ 360 (mesmo valor da pista, inclusive) e o camarote, R$ 380. Mas como um lugar com visão parcial pode custar praticamente o mesmo que um camarote? Há também um camarote no estilo VIP do VIP por R$ 600. Já podem inaugurar o gênero indie ostentação.


Veja abaixo os valores de inteira para todos feitos pelo Franz Ferdinand no Brasil até agora.

Franz em 2006 (média R$ 196)
Na abertura do U2
R$ 160 (arquibancada)
R$ 200 (pista)
R$ 230 (cadeira superior)

No Circo Voador
R$ 100 no Circo Voador

No Motomix 
R$ 120

Franz em 2009
No The Week
R$ 260

Franz em 2010 (média R$ 176)
R$ 80 e R$ 120 em Porto Alegre
R$ 140 em São Paulo
R$ 180, R$ 240 e R$ 300 no Rio

Franz em 2012
De graça, no Parque da Independência

Franz em 2013 (média R$ 275)
No Recife
R$ 200 no Recife

No Lolla
R$ 350, o dia, ou R$ 495 o passaporte para os três dias

Franz em 2014 (média R$ 446)
R$ 360 pela pista, balcão ou frisa com visão parcial (!!), R$ 380 para camrote B e R$ 600 para camarote A, no Rio

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