17 de jun. de 2014

O pop explica a primeira rodada da Copa

A Copa é pop, a Copa é hit

A Copa começou com gol contra e pênalti duvidoso, continuou com muitas viradas, alguns poucos empates e surpresas e uma média de gols maior que a de edições anteriores. Tem gringo falando que é a Copa das Copas, tem meme pra mais de metro e não se fala de outra coisa. É um hit mundial a Copa do Fuleco. E se a Copa é pop e a música é uma linguagem universal, juntar as duas coisas pode te ajudar a entender nestes primeiros jogos. É mais ou menos assim que se configura a parada de sucessos do futebol ao fim da primeira rodada:

A Espanha, atual campeã do mundo, é aquela banda que passa pela crise do segundo disco. Fez um baita sucesso no primeiro trabalho, mas na busca pelo bi corre o risco de virar um cover de si mesma por causa da falta de renovação. O primeiro sintoma foi o 5 a 1 aplicado pela Holanda, que é como aquela banda indie super competente, mas que inexplicavelmente nunca atingiu o estrelato. Pode ser que o sucesso mundial finalmente venha agora, mas historicamente é aquela banda que não cruza a fronteira do mainstream mesmo tendo estabelecido referências usadas por muita gente. É um Velvet Underground.

Portugal é o Bon Jovi da Copa. Tem aquele cara bom de hit e bonitão ali na frente e só. Sem alguém como Richie Sambora para armar o ataque fica pior ainda. Cristiano Ronaldo, coitado, responde por um time inteiro, assim como Jon Bon Jovi é praticamente uma metonímia para sua banda, o Bon Jovi.

Os Estados Unidos surgem como aquela banda amadora que passou anos tocando em churrasco e agora resolveu contratar um empresário sério para dar um rumo mais profissional para a carreira. Como o chefe é do ramo (Jürgen Klinsmann, campeão mundial pela Alemanha em 1990) e os caras finalmente estão levando a sério o negócio (gente, os americanos estão se empolgando com uma Copa do Mundo), pode ser que tenhamos pela frente uma novidade interessante.

Chile, Bósnia, Croácia e Bélgica são como aquele pessoal da ~world music~: não seguem a linha do pop mainstream, a crítica especializada costuma apostar, mas eventualmente não se converte em sucesso estrondoso. A Costa Rica é séria candidata a one hit wonder por conta dos 3 a 1 sobre os bicampeões do Uruguai, mas se ganhar mais uma vira o hype da Copa.

Por fim, tem a turma do classic rock. Os feitos do passado vão parecer sempre mais brilhantes que o presente, mas existe um legado que sempre traz junto consigo certa expectativa. O Uruguai é aquela banda das antigas que resolveu ressuscitar a carreira depois de décadas, você achou que viria coisa boa, mas foi surpreendido por um single muito meia boca na estreia. Inglaterra e França são aquelas bandas que fizeram um disco histórico pra nunca mais e desde então vivem altos e baixos. A Inglaterra começou esta Copa com mais um baixo e a Itália, um alto.

A Argentina, tal qual o U2, liderada por uma figura messiânica e com cara de bom moço, arrastando uma multidão de fiéis na mesma proporção que a multidão de haters, fez sua parte e mostrou que continua grande. A Alemanha, linda, ostenta a dignidade inabalável de um Bruce Springsteen. Goleia Portugal por 4 a 0 com a mesma facilidade com que o Boss faz um show de três horas.

O Brasil é o Stones da coisa toda. O mundo sabe que não se pode simplesmente ignorar os gigantes da história ainda que "Exile on Main St" e "Let it Bleed", assim como as seleções de 1970 e 1982, sejam sempre melhores que qualquer coisa que se faça agora. Faltou show e sobrou polêmica na primeira apresentação, mas polêmica também faz parte do rock. Oh, wait! Será que é conveniente comparar a seleção com a banda do maior pé frio da história das Copas?

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