20 de abr. de 2015

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

Moço, você é feminista

Era o segundo dia de Lollapalooza Brasil, domingo, 29 de março. No meio da tarde, quando começava a garoar no Autódromo de Interlagos e o Interpol subia ao palco à luz do dia, num contraste incômodo com a natureza dark light de sua música, recebi a notícia de que teria cinco minutos de entrevista com o DJ Steve Aoki. Seria às 20h20, 25 minutos antes de seu show.

Me preparei para a entrevista e fui ver o que ainda restava do show do Interpol. Bolei cinco perguntas, ainda que a recomendação tenha sido que eu fizesse apenas três. Algumas eram curinga, para render assunto no caso dele ser um cara de poucas palavras. Tinha as obrigatórias - sobre a segunda parte de "Neon Future", álbum que será lançado no próximo 12 de maio. E tinha uma que eu faria a qualquer custo, e tinha pensado em engatar logo depois que ele comentasse algo sobre o novo trabalho.

Pesquisando, descobri que Steve tem uma graduação em estudos de gênero. Isso é lindo. Fiz disciplinas eletivas sobre o assunto no curso de Antropologia da UFMG, e uma das queixas do meu professor e dos autores que a gente lia era justamente em relação ao baixo envolvimento dos homens na discussão acadêmica sobre o tema (e quem dera se o problema fosse só dentro da academia). É mais lindo ainda porque estamos num momento bem peculiar no qual o feminismo entrou para o vocabulário da música pop, o que eu acho ótimo. Só que, reforçando a observação anterior, temos presenciado, em sua maioria, as mulheres apenas se posicionando sobre a questão: a rainha-diva-mãe-maior Beyoncé, a fofucha da Taylor Swift, as lelekas Rihanna e Miley e, por aqui no Brasil, Pitty com toda sua elegante eloquência. Steve é um membro muito bem vindo no clube, para mostrar que essa não é só uma questão de interesse para as Luluzinhas.

Às 20h, vinte minutos antes do horário marcado, fui avisada de que a entrevista havia sido cancelada. Steve estava finalizando uma sessão de fotos para a Vogue. Logo em seguida faria um show disputadíssimo no Palco Perry, com direito à segurança impedindo o público de entrar na tenda sob risco de super lotação.

Não fiz a pergunta que tanto queria para Steve: o que levou a escolher essa campo de estudos. Mas perguntei pro Google e descobri que ele se auto-declara feminista e não entende porque ainda há caras que acham estranho um homem dizer isso. Já temos um novo ponto de partida pra conversa quando rolar uma nova oportunidade de entrevista.

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