30 de mai. de 2015

Enfim, um reality musical bom de verdade, brasileiro de verdade

PRE-PA-RA que é hora do show das poderosas

Um abraço apertado cheio de gratidão em quem teve a ideia de colocar no ar um programa como Lucky Ladies Brasil, o reality show que estreou na Fox Life na última segunda (25). Tendo Tati Quebra Barraco como chefona-poderosa-mentora-mor, o programa reúne MC Carol, Mary Silvestre, Karol Ka, MC Sabrina e Mulher Filé em uma cobertura super ostentação com vista para a praia de Copacabana. Sob orientação de Tati e do produtor musical Rafael Ramos, as moças vão ser preparadas para se apresentarem em um mega show ao lado de sua mentora ao final do programa.

Em uma tacada só, ficamos livres:

1) dos formatos engessados dos programas caça-talentos que pipocam na TV aberta
2) dos candidatos a ~ídolos~ que confundem gritaria com técnica vocal, cheios de trejeitos copiados do pop americano e muito carentes de personalidade, espontaneidade e presença de palco
3) dos jurados inexpressivos, e que só despertam algum tipo de reação no público quando são muito irritantes (pense na Milk da Bahia)

Em troca, Lucky Ladies nos deu:

1) um reality com uma cara bem própria. A Fox Life em sua versão hispânica tem seu Lucky Ladies também, mas ele mostra a vida das esposas de roqueiros famosos do México, claramente uma proposta bem diferente. E é claro que um programa que coloca figuras de personalidade voltadas para um objetivo comum, como é o caso do reality brasileiro, é muito mais propositivo e tem muito mais apelo
2) participantes que transbordam personalidade, mulheres com muita história pra contar, fortes, empoderadas e diferentes entre si no comportamento, na aparência e na carreira construída no funk até aqui
3) uma mentora igualmente de personalidade transbordante, forte, empoderada que vai falar o que for necessário sem meias-palavras

De bônus, o programa ainda vai atacar em outras duas frentes: mostrar as histórias de vida das cantoras, como boas personagens que são e ainda vai colocar o funk em discussão. Ficou claro já no primeiro episódio que há uma tensão muito grande no que diz respeito à autenticidade e legitimidade de uma funkeira (ex-miss, com origem longe das comunidades, Mary Silvestre quer provar que também tem o direito de fazer funk) e sobre como deve se pautar seu trabalho (Mulher Filé explora muito o próprio corpo. Tati Quebra Barraco já adiantou que ela precisa cantar mais e dançar menos. MC Sabrina se incomoda com o fato de essa postura perpetuar a ideia de que brasileira é só bunda).

Ou seja, vai mostrar que tem pessoas muito interessantes fazendo funk e levando a coisa toda a sério, como a indústria da música exige de qualquer outro artista que quer se projetar. Pra você que ainda faz cara de nojinho pro funk, essa é uma boa deixa pra mudar.

Lucky Ladies vai ao ar na Fox Life às segundas-feiras, às 22h30.

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